Minha vida gay 4 - Pais

Meus pais são um caso não tão a parte. Como todos os pais eles querem uma filha que atenda aos padrões deles. Que seja uma réplica de uma caixinha de música onde uma doce bailarina faz o mesmo giro constantemente.

O fato deles não me aceitarem não chateia tanto. O que machuca é a falta de respeito com a minha decisão. Pode parecer grosseiro, mas pense comigo - Ninguém nasce para ser o que outros escolheram pra gente. Cada um é dono da sua própria vida.

Sendo assim, não adianta muito fazerem de conta que eu não existo. Não me convidarem pros almoços de domingo e festas de aniversário.

Já é chato ter que fazer de conta que a pessoa que você ama é apenas sua amiga. Afinal, a sociedade fica chocada com isso. Mas, não fica chocada com a criança que está largada na rua passando fome enquanto comem como "cavalos" num almoço de domingo.

É tanta merda espalhada! As pessoas tem a necessidade de apontar um determinado grupo. Historicamente sempre foi assim. Quanta hipocrisia não é?

Se discorda feche essa página voltando a sua vidinha de pequenos e grandes achismos ou continue lendo com esse esse meio sorriso irônico de quem considera ter a verdade absoluta dentro dessa cabecinha com fios grisalhos servindo de apoio apenas para sua caspa. Tanto faz.

Ninguém tem o direito de dizer ao outro como e a quem amar.

Sei que são meus pais. Não deixei de amá-los, mas não sei se realmente me amam. O amor não segrega.

O amor é suficiente em si mesmo. Não precisa de motivos para deixar de existir. Apenas está lá para que possamos nos esconder nele. Num abraço, num beijo, um toque no rosto, um sorriso...Tudo o que não tenho mais.

Como disse em algum texto por aí - Existe felicidade na ignorância. Então, prefiro achar que eles possam me amar do jeitinho torto deles. Que tudo isso é uma fase e que um dia perceberão que continuo a mesma pessoa. Minha opção sexual não é uma doença que precise de quarentena.

Por enquanto serei essa "ignoranta"!.

Ignorarei.