História sem cores capítulo Treze.

Lentamente os primeiros raios do sol romperam a escuridão da madrugada, um novo dia nascia, era sábado. No sítio as manhãs eram mais bonitas, os inúmeros pássaros que havia ali cantarolavam na copa das árvores, enquanto o sol erguia - se no céu, acima do horizonte, nuvens com tons avermelhados,  e os matizes faiscantes com tons esses tons avermelhados era refletido no lago, Carlos como de costume despertou bem cedinho, com uma pequena enxada nas mãos, limpava o canteiros de flores que havia próximo a um dos lagos. Chapéu de palha na cabeça, camisa xadrez já bem surrada,  e um calção vermelho escuro pra lá de velho, esse era o típico visual de Carlos, tipo de homem do mato.

    Na cozinha Cláudia passava o café, as meninas ainda dormiam, Berenice tinha acabado de levantar, com olhos inchados sentou-se próximo da tia, Berenice deu-lhe um beijo no rosto, olhar sonolento.

__ Bom dia meu amor __ Disse a tia abraçando-a pela cintura__ O que aconteceu para você acordar assim tão cedo, caiu da cama é, as meninas só acordam as onze horas minha filha, aquelas ali hibernam, parecem filhotes de urso.

__Dormi muito bem tia, muito bem, fazia tempo que eu não dormia tão bem assim.

__ É, eu bem que percebi, dava para ouvi os roncos lá do quarto, parecia competição de vocês.

Dizia a sua tia, enquanto terminava de arrumar a mesa do café, pão, margarina, mortadela, mussarela e torradas, esse seria o café daquele sábado.

__ Mais tia, me responda uma coisa, se quiser é claro, é que eu estive pensando sobre isso,  quando a senhora se tornou crente, e porque?

Perguntou a Sobrinha um pouco temerosa.

__ Respondo sim meu amor__ Disse a tia enquanto colocava em sua xícara um pouco de café, Berenice fez a mesma coisa, colocou em outra xícara um pouco de café, uma estava de frente com a outra __ É o seguinte, sempre fomos criados dentro do catolicismo, desde crianças, aprendemos o que os nossos pais ensinaram, e fizeram mito bem em nós ensinar um bom caminho, eu me tornei evangélica, não por influência de outra pessoas como a maioria pensa, não por estar a beira de um abismo, e no último segundo fui por eles ajudada; no meu caso, eu mudei por minha própria opção e vontade, eu Cláudia, enxerguei nos evangélicos algo que eu queria para minha alma e não estava encontrando no catolicismo. Entenda uma coisa, eu sou a mesma, tenho as mesmas amizades, só não faço mais algumas coisa que antes eu fazia, como por exemplo: Beber e fumar,  do resto eu sou a mesma.

__ Eu perguntei tia, por que a senhora tá diferente, não no sentido da estranheza, mas o teu semblante e o do tio transmitem alegria, paz no espírito, principalmente isso, paz no espírito. Estou precisando disso sabia tia.

__ Jesus tem poder para mudar nossas vidas, e nos dar paz.

__ É,  eu preciso disso, com urgência.

__ E o seu casamento meu amor, como ficou, ou melhor, como vai ficar.

__ Olha tia, eu conversei com o João e achamos por bem cancelarmos tudo por enquanto, depois que passar toda essa turbulência veremos o que vamos fazer.

__ Tudo bem meu amor, enquanto isso, cuidaremos de vocês dois.

Respondeu a tia acariciando os cabelos da sobrinha.

__ Eu não tenho palavras para te agradecer tia, não mesmo, só Deus poderá recompensar.

__ Deus é bom meu amor, ele tem coisas boas para todos nós, acredite nisso, Deus tem algo grande para fazer na sua vida e na vida do João, algo glorioso, um presente eu diria.

__ Um presente de Deus, seja o que for tia, eu aceito, de Deus eu aceito de olhos fechados.

  A sua tia sorriu, ambas continuaram a comer e conversar, enquanto Carlos continuava a mexer nos canteiros de flores, as meninas ainda dormiam.

  Mineiro continuava dormindo, mas não era um sono tranquilo, ele havia acordado várias vezes durante à madrugada, com fortes dores nas pernas, a lembrança da sua mãe martelava na sua mente, e saber que nunca mais a veria novamente, isso o aterrorizava muito. Mineiro chorou várias veze durante toda a madrugada, ele ainda se sentia culpado pela morte da mãe, novas lembranças vieram a sua mente, lembranças de quando ele saiu de Minas para são Paulo.

LEMBRANÇAS.

Rodoviária, Minas Gerais, Anita com lágrimas nos olhos abraça o filho, seu Geraldo está sério, por ele o filho não iria, mas a boa oportunidade de emprego fez o filho contrariar a opinião do pai, oportunidade de uma nova vida, de fazer em São Paulo algo para os pais.

Mineiro entra no ônibus, seu tio está junto, da janela do ônibus um aceno de adeus, pela frente um longo caminho, e a esperança de uma nova vida.

Tiago Pena
Enviado por Tiago Pena em 03/01/2016
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