Meu pé de jabuticaba
Quando menino, eu tinha um pé de uvaia no quintal de vovó, lá na Lapa. Vivia subindo nos galhos e colhia frutos que vovô pedia para fazer licor. Ficava feliz com minha arvore e com meus avós.
Aos sete anos fui morar em Taboão de Serra onde encontrei uma mudinha de goiabeira espremida no arame da cerca. Pedi permissão ao meu pai para replantar a filhote no fundo do quintal. Com meus cuidados a goiabeira foi crescendo e quando deu as primeiras goiabinhas, acreditei que ela retribuía ao carinho recebido. Todo dia eu a visitava, limpava seus galhos, regava água e até falava com ela. Acho que me ouvia porque eu sentia a paz da natureza.
Os anos passaram e as arvores sobrevivem em minhas lembranças. Nos dias de virada de ano, as recordações afloram como as flores da goiabeira, que anunciavam vida nova, novas esperanças para mais um ciclo de vida. Novos frutos dos cuidados que dedicamos ao que e a quem amamos.
Neste ano de 2015, uma arvore me chamou. Estava esquecida em um canto da chácara, cercada pelo mato, quase pedindo socorro. Minha esposa disse que era a Jabuticabeira que nossa filha adorava, onde colhia jabuticabas quando saia uma pequena frutificação. Pesquisei no Google e aprendi um pouco sobre cuidar de jabuticabeiras. Limpei o mato, podei, adubei e reguei bastante água, que elas pedem muito. Ela foi ficando vistosa, os galhos engrossando, as folhas mais verdes, parece que irradiava alegria e como retribuição deu-nos um belo presente de Natal: Uma grande safra de jabuticabas, milhares de lindas frutas, pretas, doces, brilhantes. Foi como uma mensagem de renovação prometendo um ano novo produtivo, doce e feliz.
Divido com todos que me leem, um pouco da minha alegria e desejo um ótimo ano novo. Que cada um cuide bem dos que amam e colham bons frutos, sejam jabuticabas, gestos carinhosos ou olhares amorosos.