DE REPENTE...

De repente acordei com uma vida nova. Não que eu tenha renascido, mas eu já não era a mesma. Procurei por minha adolescência e deparei-me com meus 22 anos, com menos de um ano pra concluir a faculdade.

Olhei ao lado da minha cama e vi uma criança a dormir no berço, meu filho com mais de dois anos de idade. Aquilo me encheu de esperança e senti o abraçar duma nova vida que há muito chegara, mas que aos poucos tomara conta de mim.

Na minha mão esquerda um anel de ouro - o símbolo das moças compromissadas com outrem que nesse mundo tão sem respaldo revolvem-se, decidem-se abraçar um amor mesmo diante dos desatinos.

E de repente, eu já não era mais a mesma. A vida me abraçara com força, me entregou compromissos e me encheu de amor.

De lá pra cá, adquiri novos amigos, descobri a transitoriedade de certas coisas e o vazio que certas pessoas nos trazem quando são arrancadas de nós.

Parece que com o passar do tempo ficamos mais fortes, mas também com menos paciência para certas futilidades - não que delas nos livremos por completo, mas algumas nos irritam mais. É como a agonia de se despir das vestes sujas depois de um longo dia de trabalho...

Observo mais, analiso paulatinamente minhas ações, porque a vida me ensinou os reflexos das consequências. Porém, de vez ou outra deixo-me embalar pelos encantos do carpe diem, afinal, a impresibilidade humana é uma das mais intrigantes facetas que possuímos. Fugir da regra e ser exceção também faz bem.

Descobri o alívio e a esperança depois de uma noite de choro, e continuo sonhando mesmo depois de não ser mais criança, nem adolescente. Aos meus 22 anos eu sonho, e muito.

Acordei hoje e vi que eu já não era a mesma, recebi minha nova vida; abracei-a com afeto. Todo dia modifico a mim mesma, me transformo; sem perceber...