MEUS HERÓIS - PADIN CIÇO...
Meus Heróis – “Padin Ciço”????
Quem já esteve em Juazeiro do Norte, com certeza vai se lembrar que aquela estatua enorme faz parte da crença desta gente que ama e se sacrifica por dias de viagens para rezar e receber milagres...
Nossa fé em santos nos faz acreditar que merecemos seus milagres, e poucos duvidam de que tais santos possam não atender seus pedidos, que nem sempre são dinheiro, mas um emprego para que possam trabalhar e sustentar seus familiares...
Isto nos faz cativos destes milagres tão fáceis de se atender, mas que não sejam esmolas como tais bolsas famílias que de nada adianta para melhorar o país e salvar os filhos desses miseráveis que ficam a milhares de quilômetros de Brasília, onde outros nadam em dinheiro público em braçadas e dizendo que trabalham pelo povo, mas nada fazem em prol desse povo nordestino que apenas quer ter água para sobreviver, e o lençol freático abaixo dessa terra árida pode saciar a sede e fazer com que a plantação e o gado que possuem morrem de sede...
Cativo a estes que se elegem com promessas, mas jamais cumprem e eles pedem assim mesmo pela saúde desses políticos que possam ajudá-los, mas somente “Padim Ciço” pode deixá-los menos crentes nas promessas, dando alento com a fase das chuvas em que plantam e colhem pelo menos a sua comida por alguns meses que virão pela frente...
Quem foi Padre Cicero???? Com certeza poucos conhecem a sua história e a sua fama, mas mesmo assim vamos avaliar o quanto esse pároco fez e ainda faz pelos seus fiéis que viajam dia e noite para uma peregrinação a sua Juazeiro do Norte... no Ceará...
Cícero Romão Batista, nascido em 24 de março de 1844 em Crato, foi sacerdote católico brasileiro. Na devoção popular, é conhecido como “Padim Ciço”, carismático, obteve grande prestígio e influência sobre a vida social, política e religiosa do Ceará, bem como de todo Nordeste.
Em março de 2001, uma homenagem merecida foi considerado “O Cearense do Século”, em votação promovida pela TV Verdes Mares em parceria com a Rede Globo de televisão.
Em julho de 2012, foi eleito um dos “100 maiores brasileiros de todos os tempos”, com concurso realizado pelo SBT com a BBC.
Que pena que tais valores sejam apenas reconhecidos pela mídia televisiva e quando nossos políticos somente buscam seus votos em tempo de eleição se ajoelhando aos pés dessa estátua dizendo ser devoto do “Padim Ciço”, mas uma vez eleito nunca mais volta nem mesmo como devoto, quanto mais agradecer por ter sido eleito por votos de seus seguidores e fanáticos pelos milagres de “Padim Ciço”...
Proprietário de terras, de gado e de diversos imóveis, Cícero fazia parte da sociedade e política conservadora do sertão do Cariri. Sempre seu médico Floro Bartolomeu foi o seu braço direito, e integrava o sistema político cearense que ficou sob o controle da família Acioli durante mais de 2 décadas.
Nascido no interior do Ceará, era filho de Joaquim Romão Batista e Joaquina Vicência Romana, conhecida como Dona Quinô. Ainda aos 6 anos, começou a estudar com o professor Rufino de Alcântara Montezuma.
Um fato importante marcou a sua infância:- o voto de castidade feito aos 12 anos, influenciado pela leitura da vida de São Francisco de Sales...
Em 1860, foi matriculado no colégio do renomado padre Inácio de Souza Rolim em Cajazeiras na Paraíba. Aí pouco demorou, pois a inesperada morte de seu pai, vítima de cólera em 1862, o obrigou a interromper os estudos e voltar para junto da mãe e das irmãs solteiras. A morte do pai, que era pequeno comerciante no Crato, trouxe sérias dificuldades financeiras à família de tal sorte que, mais tarde, em 1865, quando Cícero Romão Batista precisou ingressar no Seminário da Prainha, em Fortaleza, só o fez graças à ajuda de seu padrinho de crisma, o Coronel Antônio Luís Alves Pequeno.
Durante o período em que esteve no seminário, Cícero era considerado um aluno mediano e, apesar de anos depois arrebatar multidões com seus sermões, apresentou notas baixas nas disciplinas relacionadas à oratória e eloquência.
Cícero for ordenado padre no dia 30 de novembro de 1870, e após sua ordenação retornou ao Crato e, enquanto o bispo não lhe dava paróquia para administrar, ficou a ensinar latim no Colégio Padre Ibiapina, fundado e dirigido pelo professor José Joaquim Teles Marrocos, seu primo e grande amigo...
No Natal de 1871, padre Cícero visitou pela primeira vez Juazeiro (numa fazenda localizada na povoação de Juazeiro, então pertencente à cidade de Crato) e ali celebrou a tradicional missa do Galo.
O padre visitante, então com 28 anos, estatura baixa, pele branca, cabelos louros, penetrantes olhos azuis e voz modulada, impressionou os habitantes do lugar, e a recíproca foi verdadeira, por isso decorridos alguns meses, exatamente no dia 11 de abril de 1872, lá estava de volta, com bagagem e família, para fixar residência definitiva no Juazeiro...
Muitos afirmam que Padre Cícero resolveu fixar morada em Juazeiro devido a um sonho ou visão que teve, segundo o qual, certa vez, ao anoitecer de um dia exaustivo, após ter passado horas a fio a confessar as pessoas do arraial, ele procurou descansar no quarto contiguo à sala de aulas da escolinha, onde improvisaram seu alojamento, quando caiu no sono e a visão que mudaria seu destino se revelou....
Ele viu, conforme relatou aos amigos íntimos, Jesus Cristo e os doze apóstolos sentados à mesa, numa disposição que lembra a última ceia de Leonardo da Vinci.
De repente, adentra ao local uma multidão de pessoas carregando seus parcos pertences em pequenas trouxas, a exemplo dos retirantes nordestinos.
Cristo, virando-se para os famintos, falou da sua decepção com a humanidade, mas disse estar disposto ainda a fazer um último sacrifício para salvar o mundo. Porém, se os homens não se arrependessem depressa, Ele acabaria com tudo de uma vez.
Naquele momento, Ele apontou para os pobres e, voltando-se inesperadamente ordenou:- E você, Padre Cícero, tome conta deles!!!!
Assim uma vez instalado, aquela capelinha erigida pelo primeiro capelão padre Pedro Ribeiro de Carvalho, em honra de Nossa Senhora das Dores, padroeira do lugar, ele tratou de inicialmente melhorar o aspecto da capelinha, adquirindo várias imagens com as esmolas dadas pelos fiéis...
Após tocado pelo ardente desejo de conquistar aquele povo que lhe fora confiado por Deus, desenvolveu intenso trabalho pastoral com pregação, conselhos e visitas domiciliares, como nunca se tinha visto naquela região. Dessa maneira, rapidamente ganhou a simpatia dos habitantes, passando a exercer grande liderança na comunidade.
Agindo com muita austeridade, cuidou de moralizar os costumes da população, acabamento pessoalmente com os excessos de bebedeira e com a prostituição.
Restaurada a harmonia, o povoado experimentou, então, os passos do crescimento atraindo gente da vizinhança curiosa por conhecer o novo capelão.
Para apoiá-lo neste trabalho pastoral, como fizera Padre Ibiapina, famoso missionário nordestino falecido em 1883, de recrutar mulheres solteiras e viúvas para organização de uma irmandade leiga, formada por beatas, sob sua inteira autoridade.
Atuou com muito zelo na Recepção dos imigrantes, dentre eles pode-se destacar José Lourenço Gomes da Silva, líder do Caldeirão de Santa Cruz do Deserto.
Consta sendo ano de 1889, durante uma missa celebrada pelo padre Cícero, a hóstia ministrada pelo sacerdote à religiosa Maria de Araújo se transformou em sangue na boca da religiosa. Segundo relatos, tal fenômeno se repetiu diversas vezes durante cerca de dois anos...
Rapidamente espalhou-se a notícia de que acontecera um milagre em Juazeiro.
A pedido de padre Cícero a diocese formou uma comissão de padres e profissionais da área da saúde para investigar o suposto milagre. A comissão tinha como presidente o padre Clycério da Costa e como secretário o padre Francisco Ferreira Antero, contava, ainda, com a participação dos médicos Marcos Rodrigues Madeira e Ildefonso Correia Lima, além do farmacêutico Joaquim Secundo Chaves....
Em 13 de outubro de 1891, a comissão encerrou as pesquisas e chegou à conclusão de que não havia explicação natural para os fatos ocorridos, sendo portanto um milagre...
Insatisfeito com o parecer da comissão, o bispo Dom Joaquim José Vieira nomeou uma nova comissão para investigar o caso, tendo como presidente o padre Alexandrino de Alencar e como secretário o padre Manoel Cândido. A segunda comissão concluiu que não houve milagre, mas sim um embuste...
Dom Joaquim se posicionou favorável ao segundo parecer e, com base nele, suspendeu as ordens sacerdotais de padre Cícero e determinou que a Maria de Araújo, que viria a morrer em 1914, fosse enclausurada.
Em 1898, padre Cícero foi a Roma, onde se reuniu com o Papa Leão XIII e com membros da Congregação Santo Ofício, conseguindo sua absolvição. No entanto ao retornar a Juazeiro, a decisão do Vaticano foi revista e o padre Cícero teria sido excomungado, porém, estudos realizados décadas depois pelo bispo Dom Fernando Panico sugerem que a excomunhão não chegou a ser aplicada de fato.
Atualmente, Dom Fernando conduz o processo de reabilitação do padre Cícero junto ao Vaticano.
Em 1973, foi canonizado pela Igreja Católica Apostólica Brasileira (diferente da Igreja Católica Apostólica Romana).
Em 04 de outubro de 1911, o padre Cícero e outros 16 líderes políticos da região se reuniram em Juazeiro e firmaram um acordo de cooperação mútua bem como o compromisso de apoiar o governador Antônio Pinto Nogueira Accioli. O encontro recebeu a alcunha de Pacto dos Coronéis, sendo apontado como uma importante passagem da história do coronelismo brasileiro.
Em 1911, a Cidade de Juazeiro foi emancipada e em 1913 foi destituído do cargo pelo governador Marcos Franco Rabelo e tal fato ficou denominado de Sedição de Juazeiro. Foi eleito ainda, vice-governador do Ceará, no Governo do General Benjamim Liberato Barroso.
Ao fim dos anos 20, o padre Cícero começou a perder a sua força política, que praticamente acabou depois a Revolução de 1930. Seu prestígio como santo milagreiro, em compensação cada vez aumentava mais...
Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, era devoto do Padre Cícero e o respeitava as suas crenças e conselhos. Os dois se encontraram uma única vez, em Juazeiro do Norte, em 1926.
Naquele ano a Coluna Prestes, liderada por Luís Carlos Prestes, percorria o interior do Brasil desafiando o Governo Federal. Para combatê-la foram criados os chamados Batalhões Patrióticos, comandados por líderes regionais que muitas vezes arregimentavam cangaceiros...
Existem duas versões para o encontro. Na primeira, difundida por Billy Jaynes Chandler, o sacerdote teria convocado Lampião para se juntar ao Batalhão Patriótico de Juazeiro, recebendo em troca, anistia de seus crimes e a patente de Capitão. Na outra versão, defendida por Lira Neto e Anildomá Williams, o convite teria sido feito por Floro Bartolomeu sem que o padre Cícero soubesse.
O certo é que chegaram em Juazeiro, Lampião e os 49 cangaceiros que o acompanhavam, ouviram padre Cícero aconselhá-los a abandonar o cangaço. Como Lampião exigia receber a patente que lhe fora prometida, Pedro de Albuquerque Uchoa, único funcionário público federal no município, escreveu em uma folha de papel que Lampião seria, a partir daquele momento, Capitão e receberia anistia por seus crimes. O bando deixou Juazeiro sem enfrenar a Coluna Prestes.
O padre Cícero faleceu em Juazeiro do Norte em 20 de julho de 1934, aos 90 anos. Encontra-se sepultado na Igreja de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro na mesma cidade do Ceará.
Mas nestes 80 anos de sua morte, seus fiéis continuam fazendo uma verdadeira manifestação de amor a seus ensinamentos e continuam devotos fervorosos acreditando em milagres, e se tornou um verdadeiro santo para seus milhões de nordestinos que todos os anos fazem uma peregrinação para agradecer ou para pedir algo....