MINHA VIDA DE PEÃO DE TRECHO - POLO ARARA - URUCU...

Minha vida de peão de trecho - 45 graus na sombra, e a vida segue... Polo Arara....

Chegada no aeroporto de Urucu, dentro da floresta amazônica, após um voo de 2 horas na rota ao sudoeste de Manaus com direção a Porto Velho as margens do rio Urucu, está situado o Polo Arara, centro petrolífero de 72 postos de gás, que são apenas utilizados no momento nem 10% dos poços, pois o preço seria maior que o praticado para que seja lucrativo, com a escassez e melhor preço do mesmo poderá vir a ser vantajoso a empresa em perfurar e obter tais gases para transferir aos demais pontos pelo Brasil.

Assim ao descer somos todos revistados e inclusive nossos vidros de perfumes, pois é proibida a entrada de álcool, que os colaboradores utilizam em vidros de perfume e dessa forma conseguiam levar bebida alcoólica a obra...

Enfim estou de novo a trabalho de uma grande multinacional com 1600 homens, em uma base, com sonhos de atuar e poder viver os meus sonhos de vencer os meus desafios, não apenas profissionais , mas também de vivenciar nossos sonhos de obter sucesso monetário, mas como fui contratado em S. Paulo e simplesmente transferido, daí o meu salário foi mantido o mesmo, mas aqueles que são contratados na região sempre ganham mais, pois ninguém se arrisca em ir para um lugar tão inóspito, para tentar ganhar algum dinheiro e ter um pé de meia para sua aposentadoria...

Fomos morar num alojamento com 16 pessoas por espaço onde todos são obrigados a se comportar e serem proativos e manter seu espaço sempre limpo e organizado, pois não existe mais que um faxineiro para limpar os banheiros e os vestiários onde se trocam e vão para o trabalho, alguns preferem ir a pé apesar de ser cerca de 4 km de distância ao local de trabalho, mas outros preferem esperar pelo ônibus que saem e vão e chegam ao local de trabalho em meia hora...

Fazendo parte dessa equipe como coordenador da Qualidade, Segurança e Meio Ambiente tive minhas obrigações e responsabilidades bem maiores do que inicialmente estabelecidas, mas como é normal que em qualquer empresa tais tarefas são especificadas e regulamentos são cumpridos e naturalmente acabam sendo tarefas cotidianas de manter a equipe sempre atuante e preparada para as funções especificas e utilizando todos os equipamentos devidamente protegidos ou pelo menos não alterados durante o processo de execução que poderão causar acidentes e se tornarem fatais...

E proibido nadar nos rios regionais, pois além de crocodilos, sucuris e piranhas, existem troncos de arvores no fundo do rio e que podem tornar uma armadilha para tais nadadores que abusam e ainda além de desobedecer acabam morrendo pela sua teimosia, como ocorreu um caso, durante a minha estada de 7 meses no local com o desaparecimento do nosso colaborador que possivelmente podo ter sido engolido por alguma sucuri, pois seu corpo nunca foi encontrado, após avisar aos seus amigos que iria nadar e não voltou mais.

O interessante que tal colaborador tinha 7 esposas, uma em cada estado e foram devidamente indenizadas pela contratante, pois é norma em caso de morte ou desaparecimento, tais famílias sejam indenizadas, e esse nosso colega tinha até um bom salário, mas com certeza ele morto foi o melhor presente às suas esposas, uma gorda indenização de 100 salários do profissional, que na verdade pelo INSS seriam 600 salários... e o mesmo não ficaria casado com ela por tanto tempo....

Vivemos assim convivendo com amigos e os animais e insetos, que na região infestam e surgem sempre num horário determinado e assim podemos evitar sermos vítimas de tais insetos que são impregnadores de tal doença como a malária e febre amarela pela região amazônica...

Quisera poder ajudar os que vivem pela região e tem imensas dificuldades, quanto a saúde e educação, pois tudo depende de logística pela via fluvial, e assim de tempos em tempos existe a Marinha que com seus capitães médicos percorrem as regiões ribeirinhas dando apoio a saúde dos moradores da região, e quando também programas que foram muito bem recebidos como o Projeto Rondon em 1960 a 1980 eram os estudantes responsáveis de fazerem estágios nessas regiões atuando em várias áreas de sua especialização, construindo pontes, acessos disponíveis para os moradores da região e ensinando como se protegerem dos animais peçonhentos tendo soros em suas casas, coisas desconhecidas pela pouca cultura difundida entre os ribeirinhos...

Assim convivi por algum tempo com a cultura dos demais moradores, e nossos auxiliares contratados pela região amazônica, pois a maioria dos profissionais mais profissionalizados eram provenientes de outras regiões do Brasil, sendo técnicos ou engenheiros, ou até mesmo diretores que somente vinham para uma visita esporádica para verificar in loco, como atuávamos e se estávamos satisfeitos com o tratamento dado a todos os funcionários da empresa...

Acredito, que na atual situação nada mudou, pois ao ver pelo Google em fotos recentes, continuam da mesma forma o acesso aos portos mais próximos a base do Polo Arara, e que o Brasil enorme que é , muitos desconhecem a beleza e a riqueza desse enorme gigante adormecido há milênios com riquezas de sua fauna e flora com folhas e frutos devidamente se bem aproveitados podem gerar lucros astronômicos as empresas que aqui buscam curas de doenças e males que matam uma boa parte da população do planeta...

Tanto é que muitos pesquisam mesmo sem a autorização do IBAMA, e tais profissionais vindos de várias partes do mundo consideram a nossa Amazônia como pertencente ao mundo e não ao Brasil, pois a sua riqueza pode ser mensurada por outros e por nós esquecida como um inferno verde, por desconhecimento nosso, desse valor que jamais vemos pois a nossa cultura é apenas buscar frutos sem ter que plantá-los ou colher e dizimar a fauna e flora e depois lamentar que tudo que existia acabou por falta de conhecimento e interesse mutuo em conservar replantando e deixamos de manter o Mogno que era a madeira que foram simplesmente desviados para a Europa, onde os móveis de mogno são caríssimos e duráveis, mas que a cada dia está mais raro em nossas florestas pois eram plantas nativas que jamais se preocuparam de replantar pois como dizem DEUS É BRASILEIRO....

Nota do autor:- O mogno ou mogno-brasileiro (Swietenia macrophylla) é uma árvore nativa da Amazônia, mais comum no sul do Pará.

O termo mogno foi utilizado, primeiramente, para referir-se à madeira de Swietenia mahagoni e, mais tarde, para a madeira da espécie Swietenia macrophylla.

O termo é ainda muito usado para referir-se ao género africano Khaya (aparentado ao género Swietenia), sendo conhecido como mogno africano) e ao género Entandophragma. Todos estes géneros são nativos das florestasequatoriais.

Outros nomes populares: aguano, araputanga, cedro

Em Portugal o termo «Mogno» tem sido utilizado de forma mais abrangente para designar diversos tipos de madeira exótica, especialmente a proveniente da zona equatorial e tropical.