minha vida de peão de trecho - novos desafios com o mesmo diretor...
Novos desafios com o mesmo Diretor...
Depois de 30 anos, esse mesmo Diretor de Engenharia, que quando ele mandava ninguém discutia e um dia em plena reunião respondi:-
- Ave Constantino!!! Uma alusão a César que no império romano mandava e ninguém discutia...
Somos parceiros de quase a mesma idade, mas tal Diretor era um dos mais difíceis em acatar algo que ele discordasse, e como ele falava 8 línguas e discutia assuntos diretamente com seus assessores aqui ou no estrangeiro e de forma quase ditatorial...
Acredite se quiserem, fui convidado a atuar como seu fiscal nos trabalhos de sua empresa agora uma empresa Alemã que atua na prestação de serviços a aquisição de materiais e equipamentos junto as empresas brasileiras e de tal forma que fui como antigo inspetor que ele bem me conhecia, que sabia mandar mas sabia também fazer e dessa forma eramos imbatíveis em nossas maneiras de atuar...
Numa discussão em plena reunião em que tínhamos alemães, brasileiros, inglês, e o único neto de japoneses era eu... e nessa discussão em inglês e alemão eu disse que não entendi o que ele comentou em alemão e como a maioria do interlocutores que entendiam inglês, mas não entendiam alemão... pedi para ele repetir em inglês... e ele querendo me gozar disse:-
- Devias falar e entender alemão, meu caro!!!
- Por acaso o sr. entende japonês??? Perguntei eu...
- Parabéns xeque mate no meu rei... so sei Sayonara!!!
Foi assim que ele teve que se render a minha sapiência oriental em não menosprezar ninguém perante outros, mas bateu ..... levou!!!!
Assim quando já não prestava serviços para sua empresa, mas ele tinha o meu telefone e ligou me dizendo:-
- Preciso de seus serviços numa empresa onde o fiscal reprovou uma ponte que esta sendo construída por soldagem e esta tudo parado pois tal fiscal simplesmente mandou parar os serviços, posso contar contigo???
- Meu querido chefe e mestre, no momento estou trabalhando para uma outra empresa e teria que ter a licença de meu diretor para me ausentar por dias para atende-lo em Minas Gerais...
- Mê de o telefone de seu diretor que já falo com ele, pois conheço todo mundo de sua empresa e com certeza ele não vai me negar de que tu possas se ausentar por dois ou três dias para que eu possa faturar 2 milhões de reais...
- Pode deixar que vou falar com ele e prometo resolver o teu problema ai em Minas Gerais!!!
Ali, com um telefonema meu com o meu Gerente e outro contato com o diretor explicando que a minha ausência no fim de semana por 3 a 4 dias não seria prejudicial ao andamento da obra...
Assim autorizado pela empresa informei ao meu antigo colega e patrão que estava a disposição e contava que o mesmo me autorizasse o PTA para seguir viagem no dia seguinte logo pela manhã de Campinas – Viracopos a Belo Horizonte – Confins...
Chegando em Confins, consultei o preço dos taxis mas achei um absurdo por 30 km de viagem de ter que pagar R$ 120,00 e o ônibus intermunicipal com ar condicionado e tudo mais por R$ 20,00...
Naturalmente dentro do ônibus, já chegando em BH, recebi o telefonema do Diretor querendo saber se eu já estava em terras mineiras e confirmei que sim...
- Porque não pegou um taxi... em vez de ônibus???
- Para economizar pois o tempo que ambos vão gastar é o mesmo... e pego um taxi quando chegar na cidade!!!
Ao chegar na estação particular da empresa peguei um taxi que me levou a empresa e sem gastar a tal despesa mas apenas mais R$ 8,00 estava nas portas da empresa para tal urgência de viajar para a cidade de onde estaria o equipamento sendo construído e que de tal forma estava embargado!!!
Saímos as 9 horas da manhã com destino a Ipatinga e em seguida a Itabira onde a empresa que era de ex funcionários da USIMEC que atuavam na execução da Ponte Rolante de 60 metros de extensão e que seria utilizada para até 30 toneladas, mas para uso de 20 toneladas normalmente e onde tal trabalho exigiria uma compensação no seu nível para compensar o peso e naturalmente só teria o nivelamento lateral pois o superior e o inferior dependeria da ponte em serviço e tal tolerância do projeto era de 5.0 mm e tal informação com certeza estaria incorreta pois no comprimento de uma ponte essa tolerância seria um absurdo pois so na soldagem tais contrações dariam mais que isso e com certeza tal tolerância deveria ser de 50 mm e não 5,0 mm e erros acontecem...
Ao solicitar um telefone para contatar com a Diretoria expliquei ao mesmo que tal tolerância absurda com certeza estava errada e algum infeliz vendo algum coco de mosca na norma especificou aquela tolerância absurda...
Regressamos a base e ele me solicitou ficar no Hotel por conta da empresa no sábado e domingo, para que na segunda feira com o Fiscal estaríamos acertando tais erros de projeto, que custou com certeza uma boa bronca pelo que conheço esse meu ex chefe que era um italiano incrível quando tranquilo, mas não o deixasse nervoso!!!
Fiquei em BH, no sábado e domingo, mas como nem mais tinha os endereços dos meus amigos da época que atuamos há 20 anos atrás em Vespasiano na empresa em que atuei e conheci esse meu amigo e comandante romano, tal qual César!!!
Assim pela manhã de segunda feira pegamos o Fiscal e a sua filha que estudava engenharia e ele queria que ela nos acompanhasse para aprender os macetes de como controlar um equipamento, e como liberar ou reprovar e assim conseguimos em menos de 2 horas de trabalho “in loco” no chão da fábrica e demonstrando a ele que somente as contrações da soldagem somadas dariam bem mais que 5,0 mm por solda executada e assim a tolerância real deveria ser corrigida para 50 mm a mais ou a menos no comprimento da Ponte Rolante que jamais iria prejudicar seu comportamento durante o processo de levantamento de peso pois a contra flexa de 150 mm para compensar o peso a ser movimentado pela ponte em uso estaria atendendo as especificações do projeto do cliente final...
Foi um trabalho de 5 dias ao todo, mas realmente com 6 a 8 horas de trabalho técnico, e a aprovação e o faturamento de 2 milhões de reais para a empresa com certeza valia para mim pelo menos um salário de engenheiro e que o mesmo não fez questão de discutir, mandei a nota e o mesmo aprovou feliz pois faturamos tal empreendimento por simples atenção a um detalhe técnico que por conhecimento das normas e vivência minha em trabalhos de soldagem e demais tolerâncias aplicadas a equipamentos, não pensei duas vezes que tinha certeza de que o erro era apenas na tolerância aplicada ali naquele projeto...
Somos profissionais que atuamos sempre com bom senso e sabemos que temos em comum nossos valores em saber assumir erros se o fazemos mas sabemos também discernir o certo do errado...
Seja sempre integro pois tal qualidade não existe na prateleira da escola técnica e nem mesmo nos bancos escolares... somos nós a diferença entre o certo e o errado... temos qualidade ou não temos se nossos conhecimentos parcos forem de almanaque e não de normas técnicas...
Sou Consultor de Qualidade, Segurança, Higiene do Trabalho e Meio Ambiente e sei que o meu trabalho sempre será e serei cobrado sempre nas normas e procedimentos que são o caminho dos nossos serviços durante nosso dia a dia para que não haja erros em comunicação ou mal entendimento das línguas estrangeiras, pois dizemos que língua não se traduz... pois leva a erros de compreensão do tradutor que muitas vezes não é tão técnico quanto se necessita para entender tais normas....
"O sucesso ou insucesso depende única e exclusivamente de ti... se tens bom senso de nunca advinhar nada, somente comentar ou definir se tiver certeza tecnicamente no assunto no qual esta sendo consultado!!!!"