CENTENÁRIO DE SEBASTIÃO JOSÉ DE AGUIAR
FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR
Um homem é ético quando ajuda toda forma de vida e evita ferir toda a coisa que vive.
Albert Schwetzer¹
Sebastião José de Aguiar, também conhecido por Sebastião Vieira, (tendo em vista erro do cartório ao fazer o seu registro de nascimento, que em vez de escrever: SEBASTIÃO JOSÉ VIEIRA DE AGUIAR, escreveu: SEBASTIÃO JOSÉ DE AGUIAR), nascido em 31 de Janeiro de 1913, falecido em 01 de setembro de 1991 e se encontra sepultado no Cemitério Santana, em Santa Rita/PB e que em 31/01/2013 foi comemorado o primeiro centenário de seu nascimento, natural de Pilar/Paraíba (na época de seu nascimento o Engenho Coité, de propriedade de seus pais, pertencia parte a Pilar, parte a Cruz do Espírito Santo e parte a Mamanguape, o povoado de Sapé, só foi emancipado em 01 de dezembro de 1925, filho de João José de Aguiar e Josefa Maria da Conceição Vieira de Aguiar, ambos sepultados no Cemitério Santana, em Santa Rita/PB. São irmãos de pai: Maria José de Vieira de Aguiar Monteiro, (Maria Augusta), casada com Augusto Monteiro, primeiro escrivão de policia ex-Juiz de Paz da Comarca de Sapé/PB; Severina Vieira de Aguiar Fernandes, casada com Pedro Bento Fernandes; Joaquim Vieira de Aguiar, casado com Maria José de Aguiar e Antonio Vieira de Aguiar, casado com Cicera Vieira de Aguiar. Todos já estão na eternidade. Meu pai casou-se em 16 de junho de 1951, na cidade de Sapé/PB com Maria do Carmo Gomes de Melo, nascida em 19 de abril de 1920, natural de Cruz do Espírito Santo/Paraíba, falecida em 22 de dezembro de 1996 e sepultada no Cemitério Santana, em Santa Rita/PB, que adotou o nome após o casamento de Maria do Carmo Melo Aguiar, filha de Manuel Gomes de Melo (filho de Antonio Gomes C. de Mello e Isabel Carneiro da Cunha Mello) e Emilia Francisca Pereira de Meireles (filha de Antônio Coelho de Meireles e Diamantina Virgulina Ferreira Pereira). Minha mãe tem os seguintes irmãos: Rosa Gomes de Melo (nasceu, viveu e faleceu moça donzela), Antônio Gomes de Melo (casou-se com Ana de Melo), José Gomes de Melo (casou-se com Rosa Procópio de Melo, sobrinha de meu avô materno), Francisca Gomes de Melo (casou-se com Joaquim Gonçalo Pessoa), Maria das Graças Gomes de Melo, dona Doninha, (casou-se com João Luiz de França, conhecido por João Frade), Maria Hermenegidia Gomes de Melo (casou-se com Antônio Procópio Guedes, sobrinho de meu avô materno), Severino Gomes de Melo (foi ex-combatente da Segunda Guerra Mundial), Augusto Gomes de Melo (casou-se com Maria Lita Inácio), João Gomes de Melo (casou-se com Lindalva Pereira de Melo), Josefa Gomes de Melo (casou-se com Severino Santana Cavalcanti), Anália Gomes de Melo (casou-se com José Procópio de Melo, sobrinho de meu avô materno), Sebastião Gomes de Melo (casou-se com Ana Procópio de Melo, sobrinha de meu avô materno). Os meus avós paternos estão sepultados no Cemitério Santana, em Santa Rita/PB, e os avós maternos estão sepultados no altar da Imaculada Conceição, na Igreja de Nossa Senhora do Desterro, zona rural de Cruz do Espírito Santo/Pb.
É importante mencionar de que do casamento de Sebastião José de Aguiar e Maria do Carmo Melo Aguiar, nasceram os filhos: Francisco de Paula Melo Aguiar (casado com Severina Bezerra da Silva Melo Aguiar); José Vicente de Aguiar (casado com Eudezia Ponce de Leon Aguiar); José Antonio de Aguiar (casado com Maria Eunice Silva), Maria de Fátima Melo Aguiar (primeira – in menorian, nascida em 1954 e falecida em 1956 e sepultada no Cemitério Nossa Senhora da Assunção, em Sapé/Paraíba); Maria de Fátima Melo Aguiar (segunda-in memorian, nascida em 1959 e falecida em 1960 e sepultada no Cemitério Santana, em Santa Rita/PB) e Maria Anunciada Melo Aguiar (in memorian, nascida e falecida em 1962, sepultada no Cemitério Santana, em Santa Rita/PB). É importante mencionar de que antes do casar-se na forma da lei de Deus e dos homens, ele foi pai solteiro de Maria do Carmo Vieira de Aguiar (casada com Antônio Rodrigues de Medeiros Neto); Josefa Maria Vieira de Aguiar Neta (casada com Djalma Panta); Luiz José de Aguiar, (in memorian, casado com Maria da Penha Aguiar); João José de Aguiar Neto (casado com Domingas do Espirito Santo Aguiar); Antonio José de Aguiar (in-memoriam, casado com Rosilene de Paula), todos filhos da senhora Minervina Maria Adolfo de Jesus, falecida em 13 de abril de 1991 e sepultada no cemitério de Sapé/PB. O que vale dizer por analogia de que “não há barreiras que o ser humano não possa transpor” e até porque “nunca se devia engatinhar, quando o nosso impulso era voar”, no dizer da pensadora Helen Keller², de modo que assumiu a responsabilidade paternal integral com menos de dezoito anos de idade. Pai e amigo extremoso. Em 05 de janeiro de 1964, meus pais me ajudaram a fundar o COFRAG – Colégio Francisco Aguiar, colocando a minha disposição três pequenas salas, anexas a nossa residência à Rua Eurico Dutra, nº 61 – Bairro Popular – Santa Rita – Pb, portanto, eles são igualmente fundadores comigo do referido colégio, pois, eu tinha apenas 12 anos de idade incompletos e estava iniciando a segunda série do curso ginasial, surgiu daí a ideia do menino professor que falam os historiadores João Ribeiro Filho e Martha Falcão, em seus escritos.
O meu pai nasceu, viveu e morreu agricultor, homem de poucas letras, sempre teve uma gleba de terra de sua propriedade, nunca foi empregado e ou morador de ninguém. Pensava e falava o que queria. Viveu em harmonia com todos conhecidos. No tempo das eleições votava em quem ele queria, não obedecia à orientação oligárquica de quem quer que fosse. Católico de batismo e freqüentador das principais festas de sua religiosidade com sua esposa e filhos. Jamais viveu debaixo de batina de padre. Viveu sendo dono de seu nariz com seu perfil forte, meigo e sereno. Fuxico do disse me disse com ele, não vigorava. Para ser amigo do meu pai tinha que não trazer-lhe fuxico de vida alheia, que o caso fosse verdade e ou mentira. Estudou pouco, desenhava o nome dele, porém, sabia as quatro “peças” de contas, o motivo de que ter estudado pouco se deu em virtude do falecimento prematuro de sua mãe Josefa Maria da Conceição Vieira de Aguiar, aos trinta e dois anos de idade, vítima de câncer em suas mamas em 1922, quando ele tinha apenas nove anos de idade e seu pai João José de Aguiar, entendeu que não devia contrair segundas núpcias, não queria dar madrasta aos filhos, porque tinha amor e ainda guardava respeito à memória de sua honrada mulher. Naquele tempo rapazes e moças estudavam pouco e se casavam cedo. A Faculdade mais perto era a do Recife, a Paraíba ainda não tinha Faculdade, pois, somente na década de 50 do século XX foi que o Governo José Américo de Almeida, fez implantar as primeiras escolas superiores na terra dos Tabajaras. Meu avô permaneceu viúvo até o final de sua vida. Educou seus filhos: Antônio, Joaquim, Sebastião e Severina, todos Vieira de Aguiar, através do espírito forte de sua filha primogênita Maria José Vieira de Aguiar, dona Maria Augusta como era chamada por todos no Engenho Coité, Município de Sapé. Todos foram alfabetizados por meu avô e por minha tia Maria Augusta. Os Vieira de Aguiar professavam a religião católica, viviam com boas condições financeiras, tinham empregados e tiveram escravos durante o período negro da historicidade brasileira que terminou em 13 de maio de 1888. De modo que meu pai sempre serviu de exemplo para seus filhos, sua imagem como homem e como pessoa ainda estar presente na memória de seus descentes. Honesto e trabalhador por convicção, jamais deixou de cumprir com suas obrigações com ricos e ou com pobres. A sua maior herança é sua honradez de homem simples com o coração de anjo e capaz de ajudar aos seus semelhantes em suas dificuldades materiais e temporais. Quando jovem, pensou como ancião e quando velho agiu com todas as forças de sua juventude, quando abria sua boca de homem de poucas letras, falava melhor em versos e em prosas que qualquer filósofo e ou sábio da antiguidade e ou da modernidade. A sua escola ideológica se fundamentava na sinceridade e honestidade. Quando se falava em cultivar a terra, ele sempre procurava desvendar sem magia os seus segredos advindos da natureza, tendo em vista que não freqüentou a Escola de Agronomia, porém, sabia mais que ninguém adubar a terra para essa e ou aquela cultura que vai ser ali plantada. Não era santo, porém, obrava milagres entre seus amigos e compadres de todas as classes sociais de que fez parte. Orgulho com ele, isso nunca existiu. Homem de barriga cheia e de bons costumes. Viveu integrado com seus familiares e com seus conhecidos, respeitando a todos e se fazendo respeitar. Sua conduta sempre foi uma conduta inabalável, jamais deu trabalho à polícia e ao Poder Judiciário. Nunca foi preso e ou processado. Enquanto homem, esposo, pai, tio, sogro, genro, cunhado e amigo, ele é um exemplo pra seus descendentes copiar sua retidão de compromisso e dedicação. Generoso ao extremo para com seus familiares e amigos. Homem honrado e distinto em sua integridade pessoal e profissional. Agricultor de mãos limpas. No Sapé ele foi dono até 1956 de um sítio encravado no antigo Engenho Conceição. Comprou em 1956 o sítio Pajuçara na Fazenda Maraú, lugar que servia de divisão territorial para os atuais municípios: Sapé, São Miguel de Taipu, Sobrado e Cruz do Espírito Santo/PB. Até que tentou permanecer até o final de sua vida em tal localidade, porém, com a fundação da Liga Camponesa, motivo pelo qual foi assassinado o líder João Pedro Teixeira, em 02 de abril de 1962, na rodovia estadual que liga Sapé, na localidade de Anta do Sono, perto da região onde ele vivia e oferecia trabalho há mais de cem homens no cabo da enxada, resolveu vender o Sítio Pajuçara do Maraú e fixar residência definitiva em Santa Rita, onde já possuía casa residencial desde a década de 50 do século XX, atividades comerciais e uma granja encravada na Fazenda Tibirizinho, de sua propriedade. E além do mais, aconselhado por minha mãe que queria fazer com que os três filhos continuassem seus estudos secundários e quiçá universitários. Época em que conclui o curso primário na Escola Elementar Mista do Engenho Itapuá, sob a direção da professora Beatriz Lopes Pereira, e tinha que iniciar a primeira série do curso ginasial na capital. O sonho idealizado por meus pais, resultou no fato de dois de seus três filhos, concluírem mais de um curso superior e bem assim mestrados e doutorados em áreas interdisciplinares do conhecimento humano. O lócus principal da passagem dele no seio de sua família se resume em afirmar de “as atitudes são muito mais importantes do que os fatos”, no dizer do cientista Alexander Fleming³, descobridor da “penicilina” em 1928 e Prêmio Nobel de Medina em 1945 e que doou todo o dinheiro recebido para patrocinar a formação de futuros médicos. Tenho na memória a ida dele ao Palácio da Redenção, em 1962, as pressas, ele e minha mãe foram falar com o então Governador Pedro Gondim, para pedir-lhe que mandasse soltar alguns de seus trabalhadores rurais que tinham sido presos pela Polícia Militar Estadual, localizada em Sapé, ato contínuo de perseguição política e de repressão, após a morte do líder da liga camponesa João Pedro Teixeira, no período que se seguiu a abril de 1962, dentre os quais Zé Burinete, negro sonhador e de poucas letras que pregava a reforma agrária naquele tempo nas reuniões campesinas, muitas vezes no próprio roçado, local do trabalho diário. O danado do negro não sabia ler e muito menos escrever, jamais ele entenderia a diferença ideológica de ser socialista e ou de ser capitalista, ele queria apenas um pedaço de terra, coisa parecida com os atuais “sem terra”. Por isso foi preso e levou uma surra, não apanhou mais porque teve a intervenção de papai junto ao Governador do Estado. É bem parecido com o pensamento de Martin Luther Kin4, quando menciona que “aprendemos a voa como pássaros, a nadar como peixes, mas não aprendemos a conviver como irmãos”. Poucas são as pessoas que tem o que se manter com seu grupo familiar e que faz reflexão em favor de quem nada tem para comer, beber, residir, etc. O meu pai é a figura arquetípica de todos os meus sonhos sonhados, a ele a minha eterna gratidão em ser seu filho. Meu pai não tinha formação acadêmica, porém, sobrava-lhe bondade pessoal e emocional, tendo em vista que “não existe verdadeira inteligência sem bondade”, porque ele nasceu, viveu e morreu no campo, plantando e colhendo tudo que a terra dar, a zona rural, lá na Granja Tibirizinho, foi o local onde ele viveu seus últimos anos de vida e de sonhos realizados e não realizados, porque mesmo não sendo um cidadão letrado, tinha conhecimento e ciência própria por analogia que “aqui, a surdez incomoda menos que em qualquer outro lugar, e as árvores parecem me falar de Deus”, conforme afirmação de Beethoven5, o grande músico surdo e sonhador de seu tempo. Por tudo isso e muito mais que se a memória não me falhar. O primeiro centenário de seu nascimento foi comemorado com a celebração da Santa Missa, no Santuário de Santa Rita de Cássia, contando com a presença de seus filhos, netos, bisnetos, tataranetos e demais familiares e amigos no dia 31 de janeiro de 2013, tendo como celebrante o dinâmico Padre Ildemberg Campos, Reitor do referido santuário do povo de Santa Rita. Obrigado a meu Deus por puder escrever e publicar o presente artigo relatando a origem genealógica e centenária da passagem de meu pai sobre a terra.
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¹Cf.: Albert Schweitzer. In.: < http://www.meusonhonaotemfim.org.br/sonhadores_view.asp?editid1=133 > Página visitada em 31/01/2013.
²Cf.: Helen Keller. In.: < http://www.meusonhonaotemfim.org.br/sonhadores_view.asp?editid1=128 > . Página visitada em 31/01/2013.
³Cf.; Alexander Fleming. In.: < http://www.meusonhonaotemfim.org.br/sonhadores_view.asp?editid1=135> Página visitada em 31/01/2013.
4Cf.: Martin Luther Kin. In.: < http://www.meusonhonaotemfim.org.br/sonhadores_view.asp?editid1=123> . Página visitada em 31/01/2013.
5Cf.: Ludwig van Beethoven. In.: < http://www.meusonhonaotemfim.org.br/sonhadores_view.asp?editid1=126> Página visitada em 31/01/2013.