A consagrada
Isa já dobrou bem os setenta, mas nada deles exibe, senão as lembranças ainda buliçosas dum Brumado que foi une vie en rose et en prose. Isa soube compartilhar bem os tempos de operária, da freqüência diuturna dos atos religiosos, da vida em família.
Agora, no gozo que parece perene da aposentadoria - até que a eternidade tudo açambar - Isa pensa em passar à frente o cargo de consagrada, de que se desincumbe, com distinção, há bem mais de meio-século. Diz-se cansada, do sossego de sua casa, pintada de verde chamativo, com a vela votiva sempre acesa e a ordem reinante em todos os cantos e santos.
Se queixa, é de forma branda, quase conformada: tá difícil de achar uma substituta, que procura há mais de 20 anos. Voluntária, nenhuma se oferece, e o recurso então é a prece. Mas as moças de hoje quando ligam para as coisas de igreja, bandeiam-se para o lado do evangelismo. Raro entre elas achar quem queira treinar as meninas para a coroação de Maria, cuidar dos paramentos na sacristia, trocar flores no altar, a chave da igreja carregar...E ainda dizem que é leve o jugo do Pai - que nem apanha fruta que cai.