Happy DayI(?)
Happy Day!(?)
Domingo ensolarado e preguiçoso. Toca o telefone. Vou atender. Acho que é o que a maioria das pessoa faz.
É um antiga amiga. Tão logo atendo, ela me cumprimenta. Me dá parabéns, coisa e tal! Fico sem jeito por alguns instantes pois não me recordava de alguma data em especial. Tinha certeza quase total de que não se tratava do meu aniversário. Não fui de todo conclusivo pois havia acabado de acordar e ainda não havia aferido por quanto tempo eu tinha dormido.
Me desculpei educadamente e informei que não sabia do que se tratava. Ela foi efusiva ao dizer que se tratava do Dia do Otário! Era uma amiga que conhecia de perto a minha trajetória e que conhecia particularmente diversos episódios que seguramente não seriam motivos para elogio.
Ela se desfaz em elogios, dizendo que eu era o seu otário preferido, que eu tinha estilo. Que nunca tinha conhecido alguém como eu e outras “palavras de incentivo”.
Chegou a ser “romântica” ao telefone, cantando: “Você foi o maior dos otários/Que todos salafrários/Sonharam encontrar......” Confesso que aquele pretérito da música, por alguns segundos me levou a pensar que a minha vida havia mudado.
Mas se tal o fosse, ela não estaria ali me incentivando a comemoração. Afinal, apesar de não constar no meu Currículo Lattes, meu histórico de vida era praticamente de domínio público.
Ela se despediu, dizendo que precisava ir pedalar. Eu, educadamente agradeci pela lembrança e desliguei o telefone. Fiquei alguns segundos olhando no espelho, buscando sinais de que aquilo não havia acontecido.
Como precisava comprar coisas para o almoço, saí para o supermercado. Mas mal saí de casa, senti uma maciez premonitória. O vizinho de baixo já havia saído para passear com o seu cachorro enorme. Resíduo idem!
Me dirigi ao primeiro gramado para limpar o chinelo. Parecia ser um 14 de junho que prometia. Ao sair do supermercado, onde a menina do caixa por duas vezes errou o troco e comecei o caminho de volta. Há menos de uma quadra de casa novamente pisei em “campo minado”. Acho que com a proibição daquelas sacolinhas antigas, ninguém mais recolhe o cocô do seu cachorro!
Cheguei em casa e coloquei a sacola sobre a pia e fui no computador consultar. Googleei com especial curiosidade sobre a data. Queria saber quem havia criado, qual o alcance geográfico da data, e coisas assim.
Salvo especial falha no algoritmo da ferramenta de busca, mas nada encontrei sobre o tal Dia do Otário. Nem um hoax para me animar.
Comecei a suspeitar daquela ligação matutina. Achei que havia sido premonitória!