O otário de Taubaté
O otário de Taubaté
Me recordo que alguns anos passados os Luiz Fernando Veríssimo, publicava nas suas crônicas na revista Veja, uma personagem chamada Velhinha de Taubaté. Que seria a ultima pessoa que ainda acreditava no governo. Eram os tempos do General “cavalo” Figueiredo no comando de Pindorama.
Fiz uma pequena digressão para comentar o que me ocorreu ontem. E não parece ter sido alucinação.
Um amigo me perguntou se eu acreditava que existia corrupção na Petrobrás. Como eu demorei a me refazer, ele repetiu a pergunta.
Buscando gerar tempo para algumas sinapses produtivas, respirei fundo, passei a mão na cabeça. Se usasse óculos, provavelmente eu o retiraria como algum suposto gesto de oratória.
Uma primeira sensação era de que eu estaria sendo testado como referencial de crença no governo. Mas como desconhecia as intencionalidades do inquiridor, achei prudente ficar na defensiva.
Me voltou à memória uma frase do Millor Fernandes na revista veja, em 1975 (a memória ainda funciona), que dizia: “Sou um homem acima de qualquer tipo de corrupção, bem, pelo menos das que já me ofereceram.”
Algo de tentação corruptória visitou o meu bolso, confesso. Imaginei cuecas gigantescas, malas do tamanho de contêineres recheados de euros (afinal não sou tão otário assim!) e visitas numeradas vai lá saber aonde!
Em minha introspecção refleti. Por que só na Petrobrás? Uma certa megalomania me conduziu para estatais de todos os matizes.
Me recordo de um amigo que falava em “economia de português de padaria”. Era simplérrima! Ele tinha dois bolsos, um para o seu dinheiro particular e outro para o dinheiro da empresa.
Já me aventurei pelo mundo da moda, desenhando mentalmente uma bata com bolso único, onde se misturasse o público e o privado! Coisa de um nono e um décimo céu! Cheguei a pensar em banheira de ouro cercada de 72 virgens! Ops, nem tanto! Aí eu não dava conta! Bem, da banheira eu dava conta! Vendia no e Bay!
Me imaginei na ilha de caras! Descendo de um helicóptero sobre um tapete vermelho! Talvez até um tapete de pobres e assemelhados.
Não sei quantos minutos se passaram nesta minha divagação onírica.
Ele continuava com a pergunta.
Voltei a colocar meu pé no chão. Lamentavelmente pisando em uma mina deixada por uma esquadra de totós passadouros.
Tendo em mente a imagem da Deusa Metis (Deusa Romana da Prudência) respondi:
“Ainda não tenho opinião formada, preciso consultar as minhas fontes!”
E fui procurar um gramado para limpar o sapato!