Sérgio Fleury
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SÉRGIO FERNANDO PARANHOS FLEURY
(45 anos)
Policial
* Niterói, RJ (19/05/1933)
+ Ilhabela, SP (01/05/1979)
TOURO
 
Sérgio Fernando Paranhos Fleury foi um policial que atuou como delegado doDepartamento de Ordem Política e Social (DOPS) de São Paulo, durante a ditadura militar no Brasil e ficou notoriamente conhecido por sua pertinácia ao perseguir os opositores do regime. Sofreu diversas acusações formais pelo Ministério Público pela contumácia na prática de tortura e homicídios contra os opositores do golpe de estado orquestrado pelos militares em 1964.
 
Vários depoimentos, testemunhas e relatos de presos políticos, apontam que ele usava sistematicamente a tortura durante os interrogatórios que comandava na época do regime militar brasileiro. Vários dos militantes que eram capturados pelo delegado Fleury não resistiram a essas torturas e acabaram morrendo, como no caso de Eduardo Collen Leite, guerrilheiro de renome, que foi torturado por cerca de quatro meses.
 
Sérgio Fleury foi o principal responsável pela tentativa de captura e morte de Carlos Marighella, ícone da extrema-esquerda, apontado como participante da Chacina da Lapa e de mais uma série de casos envolvendo combate e morte de opositores do regime.
 
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Carreira
 
Bacharel em Direito, delegado em 1966, atuou no serviço de radio-patrulhamento da cidade de São Paulo, ganhando notoriedade no combate enérgico às organizações armadas de esquerda, utilizando-se também de violência.
 
Em 1968, foi requisitado pelo Departamento de Ordem Política e Social (DOPS), para lutar contra os movimentos de oposição ao governo militar no Brasil.
 
Pela sua participação nas ações desenvolvidas pelas Forças Armadas do Brasil durante a chamada "guerra subversiva", foi condecorado pelo Exército Brasileiro com a Medalha do Pacificador e pela Marinha de Guerra com o título de "Amigo da Marinha".
 
Sérgio Fleury participou da prisão dos estudantes da União Nacional dos Estudantes (UNE), Congresso de Ibiúna, 1968. Foi acusado de determinar o extermínio de militantes comunistas em São Paulo (1968-1969). Chefiou a captura, seguida da troca de tiros que matou Carlos Marighella em 04/11/1969 e de buscas visando a prender diversos opositores à ditadura militar ligados a este último, em 1971.
 
A Inversão da Tática
 
Ao contrário dos métodos do Exército, empregados na repressão aos movimentos subversivos nos demais estados brasileiros, que copiavam modelos empregados pela França e pelos Estados Unidos na luta contra a insurgência, envolvendo equipamentos sofisticados e até o uso de satélites, o delegado Sérgio Fleuryadotou a inversão dessa tática.
 
Um artigo publicado na revista Veja de 12/11/1969, ressaltava que o sucesso deSérgio Fleury no combate à luta armada da esquerda, deveu-se a sua experiência no combate aos criminosos comuns. Para ele, a motivação política era secundária.
 
"Um assalto a banco, praticado por um subversivo, deveria ser investigado como um assalto comum. O subversivo que roubasse um automóvel deveria ser procurado como qualquer 'puxador'."
 
A tática usada no cerco a Carlos Marighella foi a mesma empregada na captura de marginais. A revista, entrevistando um delegado do DOPS paulista, obteve a seguinte informação:
 
"Quando a gente prende um malandro, ladrão ou assassino, enfim um bandido, e a gente sabe que ele tem um companheiro, obrigamos o preso a nos levar até o barraco onde o outro mora. O bandido vai lá, bate na porta, o outro pergunta: 'quem é?', e o bandido responde: 'sou eu'. O camarada abre a porta e entram dez policiais junto com o bandido. Foi assim que Fleury obteve sucesso no combate à subversão: em cada dez diligências, sete eram proveitosas."
 
 
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Esquadrão da Morte e Anistia Política
 
Além de acusado pela prática de tortura contra guerrilheiros, foi investigado e denunciado pelos Promotores de Justiça Hélio Bicudo e Dirceu de Mello por supostos assassinatos praticados pelo Esquadrão da Morte.
 
O delegado Sérgio Fleury foi apontado pelo Ministério Público de São Paulo como o principal líder desse Esquadrão. Apesar de algumas condenações, não chegou a cumprir pena.
 
Foi condecorado pelo governador Abreu Sodré em 1969, e foi escolhido Delegado do Ano em duas oportunidades, em 1974 e 1976, em meio a diversas acusações de tortura e homicídios.
 
Em 1978, na convenção da Aliança Renovadora Nacional (ARENA) em São Paulo, apoiou a candidatura do coronel Erasmo Dias à Câmara dos Deputados. Opôs-se à anistia política promulgada em 1979.
 
Foi beneficiado por uma lei que facultava a liberdade aos réus primários e com residência fixa que ficou conhecida como Lei Fleury.
 
 
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Morte
 
Sérgio Fleury morreu vítima de afogamento, segundo a sua mulher Maria Izabel Oppido, presente em sua lancha na madrugada do dia 01/05/1979. Seu corpo foi sepultado sem ter sido necropsiado, o que gerou comentários de que ele teria sido assassinado pela esquerda como vingança ou como "queima de arquivo" pelos seus antigos colaboradores da ditadura.
 
Segundo relatos no livro "Memórias de Uma Guerra Suja", o ex-delegado do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) do Espírito Santo, Cláudio Antônio Guerra, assume na condição de um ex-agente da repressão aos opositores da ditadura militar, que o também delegado Sérgio Paranhos Fleuryteria sido assassinado por ordem dos próprios militares.
 
Segundo Claudio Guerra"o delegado Fleury tinha se tornado um homem rico desviando dinheiro dos empresários que pagavam para sustentar as ações clandestinas do regime militar e não obedecia mais a ninguém, agindo por conta própria".
 
Segundo o mesmo, "Fleury teria sido dopado e levado uma pedrada na cabeça antes de cair no mar, fato que justificaria a estranha ausência da necropsia do cadáver".
 
O delegado Sérgio Fleury era conhecido e temido publicamente no Estado de São Paulo como agente apoiador da ditadura, torturador e assassino de opositores ao regime militar. Assim, quando sua morte foi anunciada pelo jornalista Juca Kfourino famoso Comício do Sindicato dos Metalúrgicos do Grande ABC no estádio da Vila Euclides, em São Bernardo do Campo, ainda durante o 1º de maio, ele teve a duvidosa homenagem de ter a notícia de sua morte festejada e efusivamente aplaudida por aproximadamente 100 mil pessoas.
 
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Cinema
 
Sérgio Fleury é interpretado por Cássio Gabus Mendes no filme "Batismo de Sangue" (2007), do diretor Helvécio Ratton. Também por Ernani Moraes, comoDelegado Flores no filme "Lamarca" (1994), de Sérgio Rezende. O personagem de um delegado da repressão interpretado pelo ator Carlos Zara no filme "Pra Frente Brasil" (1980), também é vagamente inspirado no delegado Sérgio Fleury.