Eneida de Moraes
ENEIDA DE VILLAS BOAS COSTA DE MORAES
(66 anos)
Jornalista, Escritora, Pesquisadora e Militante Política
* Belém, PA (23/10/1904)
+ Rio de Janeiro, RJ (27/04/1971)
- ESCORPIÃO
- ESCORPIÃO
Eneida de Villas Boas Costa de Moraes, ou simplesmente Eneida, como ela preferia ser chamada, foi jornalista, escritora, militante política e pesquisadora brasileira. Eneida é sempre descrita em relatos de amigos e parentes como uma mulher forte, viva, corajosa, audaciosa e inteligente.
"Eneida sempre livre / Eneida sempre flor / Eneida sempre viva / Eneida sempre amor", diz o poeta João de Jesus Paes Loureiro.
Filha de um comandante de navios, desde pequena nutriu grande afeição pelos rios e pela Amazônia. Ainda criança, participou de um concurso de Jovens Escritores, obtendo o primeiro lugar, com um texto que falava do imaginário de um caboclo amazônida.
Eneida foi uma mulher que contestou os padrões instituídos ao papel feminino de sua época, transitando em redutos considerados masculinos: a redação de jornais, a publicação de livros e a célula partidária - mecanismos que ela utilizou para o exercício de sua militância em 50 anos de atuação no cenário político e jornalístico-literário brasileiro (1920-1970).
A abrangência desse período pode ser dividida em três momentos:
1920-1930, época em que a escritora residia em Belém do Pará, sua terra natal, e ingressou oficialmente no jornalismo colaborando, entre outros, nos jornais oEstado do Pará e Para Todos (RJ) e nas revistas Guajarina, A Semana e Belém Nova. Participou também de vários grupos e associações de intelectuais em Belém e no Rio de Janeiro, e publicou o livro "Terra Verde".
1930-1945, período em que fixou residência no Rio de Janeiro e, seduzida pelas idéias socialistas, filiou-se ao Partido Comunista do Brasil (PCB) engajando-se no ativismo revolucionário dos anos 30, aderindo ao discurso proletário quando este se fez uma motivação radical. Declaradamente marxista, contestou o poder constituído participando de movimentos de reivindicações sociais e de agitação e propaganda comunista, produzindo uma escritura panfletária veiculada em volantes e jornais de células. Envolveu-se diretamente nas revoluções de 1932 e 1935, o que resultou em prisões, torturas, clandestinidade e exílio. Na prisão, conheceu Olga Benário e Graciliano Ramos, que a imortalizou em "Memórias do Cárcere".
1945-1970, fase caracterizada por uma "escrita consentida", atuando como jornalista profissional em periódicos partidários e da grande imprensa, nas funções de repórter e de cronista, entremeando essas atividades com a publicação de 11 livros e várias traduções.
Escreveu "História do Carnaval Carioca" (1958), a primeira grande obra sobre este assunto, que estabeleceria as principais categorias do carnaval brasileiro ao definir o conceito de cordões, corso, ranchos, sociedades e entrudo, entre tantos outros. Foi criadora do Baile do Pierrot no Rio de Janeiro e em Belém.
As escolas de samba Salgueiro em 1973, com o tema "Eneida, Amor e Fantasia e Paraíso do Tuiuti" em 2010, com "Eneida, o Pierrot Está de Volta", homenagearam a jornalista no carnaval.
Obras
- 1958 - História do Carnaval Carioca
Terra Verde (Poesia)
O Quarteirão (Crônicas)
Paris e Outros Sonhos (Crônicas)
Sujinho da Terra (Crônicas)
Cão da Madrugada (Crônicas)
Aruanda (Crônicas)