Liliza
Foi minha professora de Português naquele segundo ano ginasial, 1963, se lembrar não faz mal. Tratada só por Dona Liliza, nome seu de pia nunca soube, sabia, ou se precisa.
Severa como ela só, mas justa de dar bom nó. E dó. Filha solteira remanescente de um influente e benemérito, em presente e pretérito Antônio dos Santos, pretendentes houvera de ter tido tantos e quantos. Mas resistia a tudo e a todos. Até a deixar os cabelos negros crescerem, ou à saia permitir que joelhos ao menos se insinuassem.
O então mais imponente e mais central edifício da cidade tinha-lhe o nome, obra do pai, que o tempo não consome. Mas no mais, vivia com os pais, naquela casarão colonial que não e constrói mais, nem se destrói jamais - na beira do 'corgo' e suas atividades se resumiam a ensinar, em casa, e subir,mesmo sem asa, a empinada ladeira, para ir à igreja, no apego, que seja, à padroeira.
Até que um dia, cortejada à riviria, aceitou o desafio do magistério, no ginásio, para ensinar a rapaziada. Implacável nas exigências, colheu alentados resultados, mesmo com as desistências e repetências.
Se até hoje guardo a relação quase completa das ch-orações subordinadas subjetivas ou adverbais, grato lhe quedo, sem brinquedo, e demais.
E não decorreram muitos anos para que Liliza deixasse o magistério. Por certo cansou-se da ladeira que é íngreme na subida e arriscada na descida. Contenta-se em ser contemplada à janela.
Analisando sintática e simpaticamente a rua, toda sua, ela.