DESESPERADO

Brasília/DF, 17 de março de 2015. Encontro-me em mais uma crise de transtorno generalizado de ansiedade. Foi o dia inteiro assim, não sei até quando irei aguentar isto, isso dói, mas sei que não vai ser por muito tempo.

Minha mente gira o tempo todo com problemas: estar longe de casa, preocupado com a saúde do meu pai, e de saber que ele passa por problemas financeiros para manter o comércio aberto. O que ganho não está dando para ajudá-lo totalmente, tenho despesas de aluguel, transporte, remédios e pessoais, sendo que dá pra me manter, mas me sinto um inútil aqui...

Estou isolado de tudo e de todos, desliguei meu celular pois não consigo encarar ninguém. Já perdi a conta de quantos tranquilizantes e cigarros já consumi o dia inteiro, eu revirei a casa inteira a procura de remédios ansiolíticos o qual eu sou completamente viciado, e enfim eu acabei achando alguns comprimidos.

Passei alguns dias em abstinência dos mesmos, confesso que eu meio que surtei... E a horas atrás eu tomei doses bem fortes, a dor e o desespero não passam. Me recordo que eu fiquei andando de um lado para o outro no meu apartamento falando sozinho com uma voz bastante “lerda” e mexendo meus braços sem parar, sem saber no que pensar ou agir, acho que era uma sensação de medo. A única coisa que lembro era de ficar repetindo a palavra “FRIO!” Enquanto eu ia de um lado para outro dentro de casa. Parei no espelho, olhei alguns segundos para o meu rosto e comecei a lagrimar e então eu deitei no chão do banheiro molhado, eu conseguia ouvir algumas vozes acho que eram dos vizinhos. Liguei o chuveiro e fiquei sentado eu queria que aquilo passasse, não adiantou e eu levantei e mesmo molhado eu continuava a andar pela casa de um lado para o outro e o movimento dos meus braços continuavam a se movimentar, não tinha controle sobre eles.

Sinceramente eu não sei porque eu fiquei neste estado... Já tive várias crises, mas nenhuma igual a esta.

Foi então que abri a geladeira e tomei quase uma caixa inteira de leite, em seguida eu acabei vomitando, botando tudo pra fora, deitei no chão e aquela situação, a loucura foi passando, mas a dor no peito continua. Eu não conseguia pensar em nada naqueles momentos em que surtei.

Agora um pouco mais tranquilo, porém, essa dor no peito misturado as lágrimas e uma vontade imensa de desaparecer, acabar logo com isso de uma vez.

Eu agradeço aos meus amigos que sabem que eu sofro dessa maldita doença pela preocupação, eu não estou de brincadeira meus amigos. Eu estou entrando em depressão de novo. Eu não consigo falar com ninguém, eu ando sozinho e calado. Eu desliguei o celular, eu não sei o que falar pra vocês. Eu tenho vergonha de mim mesmo, disso que eu estou passando, é uma coisa que vem de dentro de mim... Eu queria muito, muito mesmo estar em Manaus com vocês, com meus pais... Mas foi essa cidade que de certa forma me proporcionou uma estabilidade financeira e reconhecimento, coisa que eu não tive em Manaus, como a maioria de vocês sabem. Não está sendo fácil conviver bem aqui nesta cidade e ainda mais com a condição que vivo aqui sozinho, vivendo a base de remédios, tabagismo e bebidas alcoólicas exageradas.

Remédios de forma controlada me fazem continuar vivendo e as bebidas me fazem feliz, mesmo que temporariamente...

Eu trabalho a semana inteira, ansioso pra que chegue logo sexta feira só para beber, como vocês sabem, a maioria das vezes sozinho e em casa.

Esse último final de semana quando fiquei sem meus remédios eu pensei muito em voltar pra casa, mas ter que passar por tudo que passei, fora as humilhações, a velha rotina de ficar bêbado e amanhecer sentado no chão do lado de fora do posto de gasolina não é mais pra mim. Eu estudei muito, aqui eu tenho um respeito sem igual e sou muito competente no meu trabalho, respeito esse que eu não tinha quando morava em Manaus, como alguns de vocês conseguiram observar de perto quando vieram para o show do Deep Purple. E voltar pra Manaus nessa atual condição, seria o mesmo que regredir. Voltaria com o um pensamento e sentimento de derrotado. Derrotado por esta doença!

Eu não sei mais o que eu faço, estou em um total desespero aqui nesta cidade, não posso mais continuar assim, preciso tomar uma decisão. Minha mente conturbada só consegue pensar em suicídio, mas sei que não posso pensar por esse lado, não posso repetir o que fiz em 2012, o que levou meu pai a procurar ajuda psiquiátrica pra me salvar.

Enfim, só sei que no momento eu preciso ficar sozinho, desejo muito que tudo possa voltar ao normal e eu possa sorrir novamente, mas por enquanto é isso.

Desculpe meus amigos, me entendam.