D. PEDRO II " O MAGNÂNIMO"

D. Pedro II (1825-1891), sétimo filho de D Pedro I, foi diversas vezes alvo de críticas, por parte da Imprensa da época, devido às suas constantes viagens ao exterior, por sua dedicação ao estudo da Astronomia e à sua devoção às Artes. Seus opositores reclamavam de que ele não dava à devida importância aos problemas que o Império vivenciava.

Independente das críticas, presentes na imprensa da época, a exemplo das charges da " Revista Ilustrada" de Ângelo Agostini (1843-1910). D. Pedro II nos deixou um legado cultural valioso. Em 1838, fundou o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. O segundo Imperador do Brasil governou de 1840 a 1889 e mantinha estreitos vínculos com figuras de destaque, no âmbito cultural e científico, como Nietzsche, Julio Verne, Louis Pasteur e Vitor Hugo, entre outras personalidades da época.

Nosso Imperador era sócio - correspondente do Instituto da França e de outras Instituições de caráter científico. Sua preocupação cultural se demonstra em suas ideias e ações durante o Segundo Império (1840-1889), como a criação e a reformulação de escolas e faculdades. Sua ilustração era pública e notória. D. Pedro II, em 1843, casou-se por Procuração, em Nápoles, com a italiana Teresa Cristina Maria de Bourbon, resultando desta união quatro filhos.

A chegada da fotografia no Brasil , em 1840, ocorreu graças à figura de D. Pedro II que trouxe da França uma máquina de daguerreotipia. A fotografia viria ocupar o espaço, em jornais e revistas, até então ocupado pela litogravura (pedra). A partir desse momento, dá-se o prenúncio da fotorreportagem. Ainda no seu reinado, foi criada a primeira estrada de rodagem, inaugurou-se a primeira locomotiva a vapor e foi instalado o cabo submarino.

Havia um expressão popular de que D. Pedro II vivia com a "cabeça nas estrelas", relegando,desta forma, questões importantes no seu governo que lhe exigiam maior atenção. Ângelo Agostini (1843-1910) o retratou numa famosa charge alusiva à sua paixão pela astronomia.

As charges, no século 19 , criticavam, principalmente, os serviços públicos e as figuras de destaque no cenário político. Nosso Imperador D.Pedro II, principalmente, na Revista Ilustrada (1876-1898), não foi poupado do traço crítico da charge nas publicações da época.

Um dos aspectos relevantes de sua personalidade - o Imperador era conhecido como o "Magnânimo"- foi sua postura sóbria e equilibrada diante das críticas que recebia. D. Pedro II nunca mandou fechar um jornal ou espancar algum publicista (jornalista) pelo fato de criticá-lo na sua forma de governar. Evidente que na chamada "Questão Militar", D. Pedro II reprimiu a manifestação na Imprensa dos militares, Sena Madureira e Cunha Matos, que iam de encontro a seu governo de forma ostensiva.

A " História da Imprensa" registrou, em diferentes períodos, o espancamento e até o assassinato de homens que denunciaram ou criticaram o poder constituído das elites ao longo da nossa história. Um dos exemplos mais conhecidos é a morte, "encomendada", do jornalista Libero Badaró que se atreveu criticar o absolutismo despótico de D. Pedro I. Responsável pelo periódico paulista o "Observador Constitucional", esse jornalista teria pronunciado, ao ser assassinado, a célebre frase: "Morre um liberal,mas não morre a liberdade".

Quando ocorreu a Proclamação da República no Brasil (1889), por meio de um golpe militar, o Imperador foi para seu exílio na Europa, levando, com profunda tristeza, um travesseiro com terra do solo Brasileiro, vindo a falecer na França em 1891. Ao contrário do seu pai, D. Pedro II nasceu no Brasil , assumindo o trono, com 15 anos, após um período de regências (1831-1840) devido à abdicação do seu pai, em abril 1831, numa fase politicamente conturbada da política brasileira.

Neste período das Regências, entre outras revoltas, que ocorreram nas províncias barasileiras, a mais longeva foi a Revolução Farroupilha (1835-1845). Esta combateu, principalmente, o centralismo político do Império e os abusos econômicos (impostos) em relação a Província de São Pedro. Pacificada em 1845, D. Pedro II foi convidado a participar, com sua esposa, a imperatriz Tereza Cristina, de um banquete de confraternização oferecido em nome do povo gaúcho.

Bibliografia

FONSECA, Joaquim da. Caricatura / A Imagem Gráfica do Humor. Porto Alegre: Artes e Ofícios, 1999.

TÁVORA, Araken. D. Pedro II e seu Mundo Através da Caricatura. RJ: Editora Documentário, 1976.