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       Senti-me impelida a partilhar esse “Deserto da Alma” em que me encontro, quando  fui apresentada ao Recanto das Letras, por minha comadre Élia.                
Sabedora da necessidade que tenho de interagir, de expressar meus sentimentos, diante do revés que a vida me impôs, incentivou-me a estar aqui, finalmente criei coragem de  partilhar tamanha dor.
     Quando o Transtorno da Depressão Maior (TDM) e Transtorno do Pânico (TP) se me abateram, desde junho de 2011, lutei de todas as formas, buscando em leituras de vários autores, testemunhos nas redes sócias, nos canais católicos, além do suporte profissional da área que me acompanham: minha psiquiatra e meu terapeuta, não somente a explicação para o que sentia mas, o conhecimento destes  dois males da alma.
       Difícil Dicotomia: conhecer e explicar tais mazelas!  Pedi às pessoas que tinham de lidar comigo, que não usassem frases feitas como: levante dessa cama, você tem tudo, é só querer, arrume-se, ajude-se, você precisa reagir! É tudo que você não quer e nem precisa ouvir pois, esta luta, você já trava consigo mesma, diuturnamente!
     Um dos vários terapeutas que frequentei, me apresentou um vídeo da OMS, sobre depressão, são somente sete minutos, no Youtube e é dublado com o título: “Eu tinha um Cachorro preto e seu nome era Depressão”. Encontrei nele, como mostrar de forma palpável, o que pensava ser abstrato: a dor da alma, mostrar, concretamente, este estado lúgubre e letárgico.
          Quanto ao Transtorno do Pânico, meu terapeuta indicou-me a música Medo de Lenine. Expressão que exprime todo medo, é uma somação de todas as fobias, privando-me do convívio social, familiar, espiritual. Tornei-me uma refém do medo.
              O pânico é o medo exacerbado de tudo e de todos, é quando se quebra a tênue linha que divide o medo normal, inerente a todos nós e que pode ser denominado de prudência. Ele lhe 
domina e asfixia, seguido de uma dor no peito como se você estivesse à iminência de um enfarto, tonturas, náuseas, vômito, supressão dos sentidos, entre outros sintomas.
       Ao final de cada crise, as consequências: fibromialgia( dores por todo corpo, em todos os músculos), a frustração, o sentimento de exposição total, constrangimento, choro convulsivo, etc. "
Medo, que dá medo do medo que dá". Medo de sentir que estou sempre em rota de colisão e a qualquer momento vou colidir com algo, que disparará o gatilho da crise do Pânico!
       Costumo descrever minha atual condição como: Cárcere Privado, pois sinto-me prisioneira de mim mesma, exilada num campo esfíngico aonde ninguém vai, emparedada num campo invisível e impenetrável!

 
Medo - Lenine
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Tenho medo de gente e de solidão
Tenho medo da vida e medo de morrer
Tenho medo de ficar e medo de escapulir
Medo que dá medo do medo que dá
Tenho medo de acender e medo de apagar
Tenho medo de esperar e medo de partir
Tenho medo de correr e medo de cair
Medo que dá medo do medo que dá
O medo é uma linha que separa o mundo
O medo é uma casa aonde ninguém vai
O medo é como um laço que se aperta em nós
O medo é uma força que não me deixa andar
Tenho medo de parar e medo de avançar
Tenho medo de amarrar e medo de quebrar
Tenho medo de exigir e medo de deixar
Medo que dá medo do medo que dá
O medo é uma sombra que o temor não desvia
O medo é uma armadilha que pegou o amor
O medo é uma chave, que apagou a vida
O medo é uma brecha que fez crescer a dor
Medo de olhar no fundo
Medo de dobrar a esquina
Medo de ficar no escuro
De passar em branco, de cruzar a linha
Medo de se achar sozinho
De perder a rédea, a pose e o prumo
Medo de pedir arrego, medo de vagar sem rumo
Medo estampado na cara ou escondido no porão
O medo circulando nas veias
Ou em rota de colisão
O medo é do Deus ou do demo
É ordem ou é confusão
O medo é medonho, o medo domina
O medo é a medida da indecisão
Medo de fechar a cara
Medo de encarar
Medo de calar a boca
Medo de escutar
Medo de passar a perna
Medo de cair
Medo de fazer de conta
Medo de dormir
Medo de se arrepender
Medo de deixar por fazer
Medo de se amargurar pelo que não se fez
Medo de perder a vez
Medo de fugir da raia na hora H
Medo de morrer na praia depois de beber o mar
Medo… que dá medo do medo que dá
Medo… que dá medo do medo que dá



 
Nice Macedo
Enviado por Nice Macedo em 17/02/2015
Reeditado em 30/10/2017
Código do texto: T5140504
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