DIFUSÃO DE SABERES: SOBRE SAARTJIE/SOB MULHER/ SUB TERRÂNEO - (RLessa/MAr/2015)

SOBRE DATAS COMEMORATIVAS-EU BEM QUE PODERIA "CALAR" MINHAS MÃOS, MAS A "PENA" COÇA-ME AS IDÉIAS E IDÉIAS NÃO SE CALAM, ADENTRAM NOSSO SER E NO MEU CASO TRANSFORMA-SE EM "URROS" DE LIBERDADE DE EXPRESSÃO:

Após breve pesquisa na rede, novamente chega até mim a vida de Saartjie, pequeno fragmento da história da mulher nesse planeta, fragmento não tão iluminado pelos holofotes midiáticos que não visam reflexões de fomento da mudança de um sistema quase que orgânico, mas que é introjetado diuturnamente em nosso cotidiano, banalizando fatos que para mim é de uma crueldade insana, para tantos outros fonte de renda, outros curiosidade... colei de um site as história de uma mulher que devemos difundir sua história:

SOBRE SAARTJIE

"(...) Saartjie (Sarah) nasceu no vale do rio Gamtoos, atual província do Cabo Oriental, na África do Sul, de etnia Khoisan. Esta é a forma africânner do seu nome, cujo original é desconhecido. Seu nome, Saartjie (que se pronuncia «Sarqui»), pode ser considerado equivalente a “Sarazinha”.

Saartjie foi criada em uma fazenda de holandeses próximo à Cidade do Cabo. Hendrick Cezar, irmão do seu patrão, sugeriu que ela se exibisse na Inglaterra, prometendo que isso a tornaria rica. Lord Caledon, governador do Cabo, permitiu a viagem, embora tenha lamentado tal decisão após saber o seu verdadeiro propósito.

Em 1810 Saartjie viaja para a Inglaterra com o sonho de ser artista famosa, acabou refém da escravização de seu corpo numa mistura de colonialismo, machismo e racismo. Cezar promete fazê-la rica, porém foi obrigada a se apresentar em shows de péssimo gosto, em que sai de uma jaula simulando atacar o público como se fosse uma selvagem. Usando uma roupa colante que evidenciava seu físico avantajado, expectadores gritavam obscenidades e mediante pagamento extra poderiam até tocar o seu corpo. Saartjie tinha longos lábios da genitália, particularidade de algumas mulheres Khoisan. Segundo Stephen Jay Gould, “os pequenos lábios ou lábios internos dos genitais da mulher comum são extremamente longos nas mulheres khoi-san e podem sobressair da vagina entre 7,5 e mais de 10 cm quando a mulher está de pé, dando a impressão de uma cortina de pele distinta e envolvente” (Gould, 1985). Em vida, Saartjie nunca permitiu que este seu derradeiro traço fosse exibido.

A sua exibição em Londres causou escândalo, tendo a sociedade filantrópica African Association criticado a iniciativa e lançado um processo em tribunal. Durante o seu depoimento, Sarah Baartman declarou, em holandês, não se considerar vítima de coação e ser seu perfeito entendimento que lhe cabia metade da receita das exibições. O tribunal decidiu arquivar o caso, mas o acórdão não foi satisfatório, devido a contradições com outras investigações, que tornaram a continuação do espetáculo em Londres impossível.

No final de 1814, Saartjie foi vendida a um francês, domador de animais, que viu nela uma oportunidade de enriquecimento fácil. Considerando que a adquirira comozprostituta ou escrava, o novo dono mantinha-a em condições muito mais duras. Foi exposta em Paris, tendo de aceitar exibir-se completamente nua, o que contrariava o seu voto de jamais exibir os órgãos genitais. As celebrações da reentronização de Napoleão Bonaparte no início de 1815 incluíram festas noturnas. A exposição manteve-se aberta durante toda a noite e os muitos visitantes bêbados divertiram-se apalpando o corpo da indefesa mulher. Foi depois exposta a multidões, que zombavam dela. Era alvo de caricaturas, mas chamou também o interesse de cientistas e pintores. O anatomista francês Georges Cuvier e outros naturalistas visitaram-na, tendo sido objeto de numerosas ilustrações científicas no Jardin du Roi.

O corpo foi totalmente investigado e medido, com registo do tamanho das nádegas, do clitóris, dos lábios e dos mamilos para museus e institutos zoológicos e científicos. Com a nova derrota de Napoleão, o fim do seu governo e a ocupação da França pelas tropas aliadas em junho de 1815, as exposições tornaram-se impossíveis. Saartje foi levada a prostituir-se e tornou-se alcoólica. Morreu em dezembro de 1815, ao cabo de 15 meses em França. Como causa da morte, foram aventadas várias hipóteses: varíola, sífilis ou pneumonia. Saartjie Baartman morreu a 29 de Dezembro de 1815 de uma doença inflamatória.

Para não ter de pagar o enterro, o domador de animais vendeu o cadáver ao Musée de l’Homme (Museu do Homem), em Paris, onde foi feito um molde em gesso do corpo. Os resultados da autópsia foram publicados por Henri de Blainville em 1816 e por Cuvier em Mémoires du Museum d’Histoire Naturelle em 1817. Cuvier anotou, nesta monografia, que Saartjie era uma mulher «inteligente, com excelente memória e fluente em holandês». Além do molde em gesso, o esqueleto, os órgãos genitais e o cérebro, conservados em formol, estiveram em exibição até 1974.

A partir da década de 1940, houve apelos esporádicos pela devolução dos seus restos mortais, mas o caso só ganhou relevância após o biólogo norte-americano Stephen Jay Gould ter publicado The Hottentot Venus na década de 1980. Quando se tornou presidente da República da África do Sul, Nelson Mandela requereu formalmente à França a devolução dos restos mortais de Saartjie Baartman. Após inúmeros debates e trâmites legais, a Assembleia Nacional Francesa atendeu o pedido em 6 de Março de 2002.

Os restos mortais de Sarah Baartman foram inumados na sua terra natal, Gamtoos Valley, em 3 de Maio de 2002.(...)" FONTE:Internet (Google)

Roberta Lessa
Enviado por Roberta Lessa em 15/01/2015
Código do texto: T5102283
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