Biografia da Ambientalista MARIA TEREZA JORGE PÁDUA
Maria Tereza Jorge Pádua tem uma vida inteira dedicada à conservação da natureza. Uma pioneira na gestão pública de áreas protegidas, ousando em vários aspectos, vencendo preconceitos, liderando em diferentes organizações nacionais e internacionais, abrindo espaço para tantos que seguiram seu exemplo de ousadia, protagonismo e amor à causa ambiental.
Nasceu em São José do Rio Pardo, em 8 de maio de 1943, filha de Nicolau Jorge e Gessy Jorge. Tem um único irmão: José Fausto Jorge.
Sua terra natal recepcionou um dos maiores escritores brasileiros, Euclides da Cunha, que lá escreveu “Os Sertões”. Uma das melhores lembranças de sua infância foi ter recebido de presente de seu pai um exemplar dessa magnífica obra - a qual atribui seu primeiro desejo de desbravar os rincões de nosso imenso país.
A sua família é uma mescla de culturas. De sua ascendência paterna carrega referências da ortodoxia libanesa e de seu tronco materno as tradições italianas: o que fez surgir uma mulher forte, obstinada com o trabalho, de espírito alegre, que vive a vida intensamente, sempre se envolvendo em projetos de grande relevância!!!
Em São José do Rio Pardo sua família tinha uma fazenda numa região de Mata Atlântica preservada, onde cultivavam hortaliças, andavam a cavalo, passeavam pelas trilhas, tomavam banho de cachoeira, pescavam no Rio Verde e colhiam frutos silvestres.
Em 1954, sua família se mudou para Sorocaba. Seu pai se tornou Diretor de Finanças e sua mãe integrava o corpo administrativo do Hospital para tratamento de Tuberculose, situado na zona rural do município. Eles moravam na residência que ficava na área do Hospital, onde cultivavam uma bela horta e pomar.
Maria Tereza tinha que sair de casa de madrugada para pegar o ônibus em direção à cidade, para estudar na Escola Municipal Euclides da Cunha, até concluir o Científico.
Aqueles eram tempos bem diferentes. Nos anos 50, a TV estava em seu estado embrionário, restrita a poucos centros urbanos. Na maioria dos municípios os principais meios de comunicação eram o rádio e os jornais impressos. Grande parte da população vivia na zona rural, em pequenas comunidades e vilas. A religião predominante era a católica, que ainda realizava as missas em Latim. Havia uma clara divisão de tarefas para cada gênero. Os homens eram os provedores da casa; cabiam as mulheres os cuidados domésticos e a educação dos filhos. As moças tinham os cabelos compridos, usavam saias e vestidos, não podiam frequentar muitos locais desacompanhadas, nem tampouco se envolver em atividades ditas masculinas. Para uma mulher se destacar em meio àquelas tradições e costumes não era nada fácil.
A convite da amiga Gilda, Maria Tereza foi até Lavras, em Minas Gerais, fazer o Vestibular. Passou de primeira e, em 1962, ingressou na faculdade de Engenharia Agronômica. Para muitas moças da época, deixar a casa de seus pais aos 18 anos era motivo de apreensão e insegurança, mas para Maria Tereza foi algo fácil – sua ousadia e desejo de descoberta já ferviam dentro de seu coração.
Aquela situação de independência foi o marco do começo de uma longa jornada de conquistas e realizações. Quando ingressou no Campus só havia três moças. Aquele era um ambiente totalmente masculino. Surpreendentemente, Maria Tereza só carrega boas recordações.
Alugou uma pequena garagem, dividindo o espaço e as despesas com sua amiga, Gilda. Logo, conquistaram a simpatia da vizinhança e dos universitários. Com essa rede de amizades superavam eventuais dificuldades. Mantinham uma horta no quintal da residência, hábito que ela carregou por toda vida. Também ganhavam peixes dos colegas, que pescavam no rio Grande, um lindo curso d’água que corta a cidade e banha a rica região de Lavras. Começou a namorar com um rapaz, colega de faculdade, que além de lhe dar muito carinho e atenção lhe presenteou com uma geladeira.
Em 1965, conseguiu uma bolsa de estudos, atuando como auxiliar do Laboratório de Solos do Instituto de Química. Essa renda extra permitiu uma melhor condição.
Naquela época, a formação do curso de Agronomia era bem mais ampla, incluindo conhecimentos aprofundados em botânica, climatologia, veterinária, construção civil etc. Maria Tereza não media esforços para aprender e aprofundar seus conhecimentos. Era considerada uma ótima aluna, respeitada por seus colegas e mestres. Sua disciplina nos estudos lhe rendeu fama.
No último ano da faculdade, se tornou professora de Biologia do cursinho pré-vestibular oferecido pela UFLA para estudantes carentes. De todos instrutores do curso, apenas Maria Tereza era aluna. Antes mesmo de se formar, muitos viam em sua trajetória sinais de sucesso e prestígio.
Formou-se em dezembro de 1966, e dois meses depois conquistou seu primeiro emprego na Cooperativa Agropecuária de Sorocaba.
Pouco depois, foi trabalhar no município vizinho de Iperó, na Fazenda Ipanema, como Engenheira Agrônoma do Ministério da Agricultura, responsável pela horticultura, irrigação e drenagem.
Aprendeu a pilotar aviões, sendo considerada uma das primeiras mulheres a trabalhar com esse tipo de pulverização agrícola. Os instrutores de sua formação eram pilotos e comandantes da extinta empresa de aviação Panair.
Em 1968, fez pós-graduação em Engenharia Rural, na própria Fazenda Ipanema.
Nesse mesmo ano, deu aulas durante três meses num curso oferecido pela Fazenda Ipanema para pilotos de linhas aéreas comerciais. Além de pilotar, também sabia fazer a manutenção dos motores das aeronaves.
Sempre gostou de estar ao ar livre, sentindo a adrenalina, admirando a beleza exuberante da natureza brasileira. Experimentar situações novas, ousando em suas atitudes, superando seus limites pessoais e profissionais, são marcas que ela carrega desse cedo.
Mesmo fazendo muitas dessas atividades consideradas masculinas, Maria Tereza também conquistava a simpatia por seus dotes femininos. Quando ia a campo, não faltavam motivos para alegria dos colegas e companheiros de trabalho. Herdou de sua mãe o dom de fazer deliciosas refeições à moda italiana.
Mudou-se para o Rio de Janeiro, em setembro de 1968, para trabalhar no Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF), compondo a primeira leva de técnicos.
O IBDF fora criado pelo Decreto-Lei nº 289, de 28 de fevereiro de 1967, através da fusão do Instituto Nacional do Mate (INM), Instituto Nacional do Pinho (INP) e Departamento de Recursos Naturais Renováveis (DRNR).
Aos 25 anos, ocupou o cargo de Chefe da Seção de Parques Nacionais. Depois se tornou Diretora do Departamento de Áreas Protegidas. Ali, assumiu plenamente a defesa da área de conservação, contrariando os próprios propósitos da instituição que tinha como objetivo central a política dos incentivos fiscais. Nesta época em que os tratores derrubando as matas era a imagem do desenvolvimento no país, foi uma das primeiras pessoas a brigar pela criação de unidades de conservação.
Nunca se limitou ao trabalho de gabinete, pois realmente o que ela gostava de fazer era estar em campo, explorando as riquezas em todas as regiões, do litoral nordestino, passando pelos campos e cerrados do planalto central, até as mais densas florestas no extremo Norte. Maria Tereza tem em sua alma a mesma essência dos grandes naturalistas dos Séculos XVIII e XIX, desbravando as mais diferentes paisagens, conhecendo nossa biodiversidade, em contato com as comunidades e povos nos rincões do país.
Dona de um vigor físico excepcional que surpreendia os mais bem preparados. Podia passar longas jornadas de trabalho no campo, sem perder o bom humor e a capacidade de liderança.
Uma jovem alta, vistosa, de porte atlético e cheia de carisma. Em qualquer lugar que chegava chamava a atenção. Sabia usar bem seu charme e alegria para contagiar positivamente o ambiente. Sempre tratou a todos da melhor maneira possível, desde o mais simples operário até as mais altas autoridades do governo federal.
Aos 26 anos de idade, foi a primeira mulher branca a subir o Monte Pascoal, sul da Bahia, considerado o primeiro ponto avistado por Pedro Alvares Cabral no continente sul-americano. Fez essa façanha para negociar com os índios Pataxó, representantes da FUNAI e técnicos do IBDF disputas pela ocupação e uso da área do Parque Nacional do Monte Pascoal.
Em 1970, fez sua primeira viagem ao exterior para participar de um curso de Administração de Parques Nacionais e Reservas, ministrado pela Universidade de Michigan. Nesse intercâmbio de três meses conheceu inúmeras áreas protegidas dos Estados Unidos e Canadá.
A partir desse curso, Maria Tereza fez parceria com o biólogo Gary Wetterberg, do Serviço de Pesca e Vida Silvestre dos Estados Unidos, estabelecendo um programa para identificação de áreas prioritárias para a biodiversidade, o primeiro deste tipo baseado em uma análise biogeográfica – a ciência da conservação. Fruto dessa parceria, foram criados vários Parques Nacionais na Amazônia.
Mesmo em meio a tanto trabalho, encontrou tempo para fazer Mestrado em Ecologia e Manejo de Vida silvestre na conceituada Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Este mestrado nunca foi reconhecido. Também foi professora da Faculdade de Ecologia da UFRJ, ministrando a disciplina Ecologia e Conservação dos Recursos Naturais.
Sua trajetória mostra muitas inovações e quebra de paradigmas. Alguns que conhecem de perto sua vida pessoal, dizem que Maria Tereza mudou o sentido de um velho ditado: “Por trás de toda grande mulher, existe um grande homem”. No caso específico dela, foram dois os privilegiados que estiveram ao seu lado, vivenciando momentos especiais que geraram vários frutos que até hoje ela preserva com estima. Da sua primeira união com o Engenheiro Luís Fernando Pádua tem três filhos: Fausto Luiz, Cláudio Túlio e Alexandre Jorge Pádua; e dois netos: Gabriela e Juliano. Atualmente, vive uma nova paixão com o ambientalista Marc Jean Dourojeanni.
Em 1973, viu o surgimento da Secretaria Especial de Meio Ambiente (SEMA), cujo primeiro Secretário foi o Dr. Paulo Nogueira Neto, com quem estabeleceu uma ótima parceria. A SEMA focou sua atuação inicial na proposição de inúmeras Estações Ecológicas (ESEC), enquanto que o IBDF na Criação de Parques Nacionais (PARNA) e Reservas Biológicas (REBIO) e na construção das bases do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC).
Em 1974, a sede nacional do IBDF foi transferida para Brasília.
Em 1975 passou a integrar a Comissão Mundial de Áreas Protegidas (WCPA) da União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN).
Em 1976, ela liderou um grupo de cientistas que identificaram 30 áreas como prioritárias para a Conservação na Amazônia. Esse trabalho foi fruto do Convênio do IBDF com a Fundação Brasileira para Conservação da Natureza (FBCN), considerada a primeira organização atuante na temática ecológica. Nos anos seguintes diversas dessas áreas se transformaram em Unidades de Conservação (UC). Os primeiros Planos de Manejos surgiram nesse período.
Não se intimidava frente aos desafios. Por causa de seu idealismo e atuação contundente colecionou uma legião de amigos e simpatizantes por onde passava. Infelizmente, também era alvo de intrigas e sentimentos ruins, especialmente por pessoas inescrupulosas que exploravam desregradamente os preciosos recursos naturais que ela tanto almejava proteger. Nessas idas e vindas, colecionou uma série de relatos de perigos e ameaças por parte de posseiros, garimpeiros, contrabandistas e coronéis.
Maria Tereza realizava anualmente diversas viagens e incursões pelas matas e rios de Parques e Reservas nos quatro cantos do país, sempre levando um trinta e oito na cintura para se defender de uma possível emboscada. E não era só de enfeite que carregava o armamento, pois sabia usar com tamanha destreza que surpreendia até o mais ávido atirador.
Foi agraciada por ter conhecido todos os pioneiros na área ambiental no Brasil, muitos dos quais construiu intensa parceria e troca de experiências ao longo de sua profícua carreira, como: Almirante Ibsen de Gusmão Câmara, Almirante José Luiz Belart, Adelmar Coimbra Filho, Alceo Magnanini, José Cândido de Mello Carvalho, Luiz Emydio de Melo Filho, David Azambuja, Wanderbilt Duarte de Barros, Célio Valle, José Carlos Carvalho, José Pedro de Oliveira Costa, Fábio Feldmann, José Márcio Ayres, Clóvis Borges, Gustavo Fonseca, Ângelo Machado, Miguel Milano, Paulo Zuquim Antas, Ângela Tresinari, Sonia Wiedman, Sérgio Brant, entre outros.
Sempre se cercou de ótimos profissionais. No IBDF, compôs uma equipe capacitada e bastante integrada pelos mesmos princípios e objetivos: criar unidades de conservação de proteção integral em todos os biomas brasileiros. Pautou suas ações no trabalho conjunto, dividindo tarefas e partilhando as realizações e prêmios como conquistas de todo seu grupo de profissionais.
Nos 14 anos em que esteve no IBDF, criou oito milhões de hectares de Parques Nacionais e Reservas Biológicas. Ao fechar o balanço de sua passagem pela administração pública, constatou que metade das Unidades de Conservação do Brasil havia sido criada com sua contribuição.
Entre os Parques Nacionais que Maria Tereza ajudou a criar estão o da Chapada Diamantina, o da Serra Geral, o de Atol das Rocas (primeira UC da vida marinha do Brasil), de Fernando de Noronha, da Serra da Capivara (na caatinga), do Pico da Neblina, e boa parte dos Parques da Amazônia.
Maria Tereza ainda ajudou a idealizar projetos importantes para a conservação da natureza, como o Projeto TAMAR (para a proteção das tartarugas marinhas), o Projeto Peixe-boi e o Centro de Pesquisa para a Conservação de Aves Silvestres (CEMAVE).
Em 1981, ganhou o Prêmio Paul Getty, dos EUA, de conservação ambiental.
Em dezembro de 1982, Maria Tereza pediu demissão do IBDF em protesto à construção de uma estrada cortando o Parque Nacional do Araguaia, na Ilha do Bananal, na época estado de Goiás e hoje Tocantins. Essa rodovia foi autorizada por João Batista Figueiredo, então presidente da República.
Mesmo após sua demissão, Maria Tereza não deixou de lutar pela proteção do Parque Nacional do Araguaia - considerado um dos mais importantes parques do Brasil. Ela se manteve atuante, ao lado do indigenista Sidney Possuelo da FUNAI e do Bispo Dom Pedro Casaldáliga da Prelazia de São Félix do Araguaia, além de inúmeros parlamentares, integrantes do Movimento de Defesa da Amazônia (MDA), do Conselho Indigenista Missionário (CIMI) e Associação Nacional de Apoio ao Índio (ANAI), para defender essa área. Tal luta não foi em vão, pois garantiu a não construção dessa rodovia.
Em 1983, um ano após ter saído do IBDF, Maria Tereza voltou para o estado de São Paulo para gerenciar o Departamento de Meio Ambiente e Recursos Naturais da Companhia Energética de São Paulo (CESP). Lá, promoveu o fortalecimento institucional, garantindo a contratação de técnicos e desenvolvendo projetos que se tornaram modelo para entidades.
Nesse período, deu aulas na Universidade Júlio de Mesquita Filho do Campus de Rio Claro, interior de São Paulo. Ministrou a Disciplina Parques e Reservas no curso de Ecologia.
Logo que o presidente José Sarney tomou posse, várias mudanças ocorreram. Assim, em maio de 1985, Maria Tereza retornou para Brasília, onde foi Secretária-Geral e presidente Substituta do IBDF.
Nessa época, ela pôde ver o surgimento do Ministério do Desenvolvimento Urbano e do Meio Ambiente, um compromisso firmado por Tancredo Neves com os ambientalistas. Flávio Rios Peixoto da Silveira se tornou primeiro a dirigir esse novo Ministério, de 1985 a 1986.
Após deixar o IBDF pela segunda vez, ocupou o cargo de chefe do Escritório de representação da CESP e Companhia de Gás (COMGÁS), entre dezembro de 1986 e outubro de 1987.
Em 1986, junto com outros conservacionistas, criou a Fundação Pró-natureza (Funatura), a segunda organização não-governamental a se preocupar com a conservação da natureza no Brasil. Ajudou a criar no Brasil as primeiras Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN). Outra grande conquista da FUNATURA foi a criação do Parque Nacional do Grande Sertão Veredas. Permaneceu por 15 anos à frente da Instituição.
Em 1988, a FUNATURA teve forte presença na Frente Verde da Assembleia Nacional Constituinte, que congregava mais de 80 Deputados e senadores de todos partidos políticos. A assessoria técnica era dada através do Deputado Fábio Feldmann, que reunia as diversas propostas que culminaram com a aprovação do Artigo 225 da Constituição Federal.
Em fevereiro de 1989, viu a extinção do IBDF, que se fundiu a Superintendência da Borracha (SUDHEVEA) a Superintendência da Pesca (SUDEPE) e a Secretaria do Meio Ambiente (SEMA), para formarem o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA).
O jornalista Fernando César de Moreira Mesquita se tornou o primeiro presidente do IBAMA, e contou com apoio de Maria Tereza Jorge Pádua que tinha a missão de rever o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC). Ela percorreu diversas capitais brasileiras, realizando o Workshop 90 para debater com especialistas diversos temas relacionados: situação fundiária, manejo, pesquisa, turismo ecológico, etc. Até aquela data havia 22 categorias federais, estaduais e municipais de Unidades de Conservação. Várias dessas áreas foram criadas por Decretos dos executivos, em caráter provisório, para serem estruturadas posteriormente. A legislação era confusa. Também não havia padronização na gestão dessas áreas. Maria Tereza reuniu e organizou as experiências exitosas e as inúmeras propostas na estruturação do SNUC. Nogueira-Neto, Almirante Ibsen de Gusmão Câmara e muitos outros proeminentes líderes conservacionistas estavam diretamente envolvidos.
Em 1990, se tornou membro do Conselho Curador da Fundação O Boticário.
Em março de 1992, José Goldemberg assumiu a Secretaria Especial do Meio Ambiente (SEMAM), e convidou Maria Tereza Jorge Pádua para o cargo de Secretária Adjunta da Secretaria, além de acumular o cargo de Presidente do IBAMA.
Maria Tereza presidiu o IBAMA justamente num período de grande expectativa por decorrência dos preparativos da Rio 92, considerada a maior Conferência realizada pela ONU.
De 3 a 14 de junho de 1992, Maria Tereza Jorge Pádua teve o privilégio de estar à frente do Instituto naquele majestoso evento global.
Um mês depois, novamente, por razões políticas deixou a presidência do IBAMA. Sua saída marcou muito a opinião pública. Como acontecera uma década atrás, quando pediu demissão do IBDF por não aceitar o direcionamento das decisões superiores, Maria Tereza entregou a presidência do IBAMA, o que marcou aquele período. Deixou o cargo do mais importante Instituto federal, mas nem por um segundo abandonou sua atuação em defesa das políticas ambientais.
Em 1997, foi uma das organizadoras do 1º Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação. Desde então, participa de todas as edições promovidas com presença das principais entidades atuantes na conservação da natureza são: FBCN, FUNATURA, FBPN, Biodiversitas, SOS Mata Atlântica, SPVS (Sociedade para Proteção da Vida Silvestre), IESB, Fundação Tamar, SOS Amazônia, O Boticário, Natura, Aracruz, Fundação Ipê, Planeta Verde, OECO, Conservação Internacional (CI), Instituto Socioambiental (ISA), IMAZON, entre outras.
Em 1999, aposentou-se do serviço público federal, e foi morar em Pirenópolis, belíssima cidade do interior de Goiás.
Em 2007 fixou residência em Florianópolis, onde vive com seu marido o consultor do Banco Mundial Marc Jean Dourojeanni, atuando em conjunto em questões ambientais.
De 2009 a 2013, presidiu o jornal OEco, se mostrando uma das mais influentes jornalistas na defesa das causas ambientais.
Sempre se manteve disposta a colaborar com estudantes de graduação e pós-graduação que procuram-na para embasar suas pesquisas e trabalhos de conclusão de curso.
Em meio século de muito trabalho e realizações, participou no Brasil e no exterior como conferencista e palestrante de diversos eventos, influenciando significativamente milhares de pessoas na luta pela causa ambiental.
Tem significativa atuação em conferências, seminários, grupos de trabalho e inúmeros conselhos.
Também participou do conselho de importantes organizações mundiais ligadas à conservação da natureza, tais como: Conselho da Fundação o Boticário de Proteção à Natureza; Rede Nacional Pró UC; Comissão Internacional de Parques Nacionais (CNPPA) e Comissão de Sobrevivência de Espécies da IUCN; Conselho da Fundação Brasileira para a Conservação da Natureza (FBCN); Conselho Nacional de Unidades de Conservação do IBAMA; Forum Brasileiro de Mudanças Climáticas; Conselho da FUNATURA; Consultora do SESC.
É autora de uma série de mais 60 publicações, incluindo artigos científicos, capítulos em coletâneas e livros, especialmente sobre áreas protegidas, biodiversidade, aspectos legais e institucionais.
Ao longo de sua carreira, Maria Tereza já recebeu inúmeros prêmios e condecorações: Prêmio Jean Paul Getty em 1981 de Conservação da Natureza, sendo o maior do mundo na época e a primeira mulher a recebê-lo; Placa de prata de 17 municípios pantaneiros, pelos relevantes trabalhos prestados, em 1980; Medalha dos 200 anos do Museu Nacional do Rio de Janeiro em 1981; Medalha Mário Paulo Autuori em 1993; Medalha dos 50 anos dos Parques Nacionais em 1987; Medalha de Honra ao Mérito do Pantanal Matogrossense de 1996; Destaque da mulher do ano da Sociedade Sorotimista de Brasília de 1997; Várias placas e medalhas de várias entidades ambientalistas ou relacionadas com Meio Ambiente; Vencedora da IV Edição do Prêmio Henry Ford de Conservação da Natureza, na categoria Conquista Individual, sendo este o maior prêmio do Brasil em 1999; Fred Packard Award 2008, o principal prêmio internacional voltado a indivíduos que apresentam investimento em longo prazo em áreas naturais protegidas, entregue pela Comissão Mundial de Áreas Protegidas (WCPA) da IUCN, entre outras.
Além desses inúmeras homenagens representadas em belas peças decorativas (medalhas, troféus etc.), Maria Tereza Jorge Pádua tem seu nome representado na nomenclatura de espécies de nossa fauna e flora.
Na década de 1980, o cientista Wilson Lourenço descobriu no Parque Nacional do Araguaia uma nova espécie de escorpionídeo, e batizou-o de Ananteria mariatereza, em homenagem pela dedicação fervorosa na defesa do majestoso patrimônio natural brasileiro.
Em 2009, também teve seu nome eternizado numa belíssima flor “Laelia purpurata Maria Tereza” – considerada a “Rainha das orquídeas”. A Analista Ambiental e chefe do Orquidário Nacional do IBAMA, Lou Menezes, é uma das mais respeitadas pesquisadoras de orquídeas do mundo, e homenageou Maria Tereza por considerá-la a “Verdadeira musa da conservação no Brasil".
É reconhecida por muitos títulos, Maria Natureza, Mãe dos Parques e Reservas do Brasil, Grande Defensora do Cerrado, Primeira Mulher Conservacionista do Governo Brasileiro, Pioneira na Gestão das Unidades de Conservação, Lenda Viva do Ambientalismo, Ícone das Políticas Públicas Ambientais.
Maria Tereza Jorge Pádua têm um amor e uma crença inabalável na necessidade de se proteger a natureza, como a única saída para nossa própria sobrevivência. O que a motiva na sua luta é a certeza que está garantindo a qualidade de vida dos nossos filhos, ou do futuro da nossa própria espécie.
Não apenas o IBAMA e o Ministério do Meio Ambiente devem muito de seu sucesso a ela, mas também inúmeras outras entidades que receberam suas ótimas influências.
Sua história de protagonismo inspira uma legião de novos ambientalistas que seguem seus passos na consolidação das Unidades de Conservação no Brasil e em diversos outros países, onde suas influências positivas de décadas de trabalho sério se tornaram referência!!!
BIBLIOGRAFIA:
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Brasília – DF, Dezembro de 2014.
Giovanni Salera Júnior
E-mail: salerajunior@yahoo.com.br
Curriculum Vitae: http://lattes.cnpq.br/9410800331827187
Maiores informações em: http://recantodasletras.com.br/autores/salerajunior