BIOGRAFIA MIGUEL SALU DIAS
MIGUEL SALU DIAS
*23/09/1895†30/04/1962
Miguel Salu Dias era um homem de grandes virtudes. A Câmara de Vereadores de Brumado, com assinatura de todos os vereadores, inclusive suplentes, prestou-lhe homenagem póstuma pelo seu falecimento aos 66 anos de idade, quando era presidente da Câmara. Relembraram que o vereador Miguel Dias (como era mais conhecido) já havia exercido essa função além de outras em legislaturas anteriores.
O vereador Paulo Afonso Valverde Chaves solicitou que fosse constada em ata a Moção de pesar, bem como uma cópia para o Partido Republicano (PR), em cujas fileiras militava e outra para a família enlutada. Pediu à Mesa que fosse concedido um minuto de silêncio em memória do homenageado.
A Câmara Municipal de Vereadores homenageou-o, dando o seu nome a um logradouro no centro da cidade.
Elege-se vereador em 1951 e, em 1955, é 2º secretário da Mesa Diretora; em 1957, é vice-presidente da Mesa Diretora; em 1959, é vice-presidente da Mesa Diretora; em 1960, é presidente da Mesa Diretora; em 1962, é presidente da Mesa, e não completa o mandato, tendo em vista o seu falecimento. Sempre acompanhou as orientações do amigo e compadre Armindo dos Santos Azevedo, prefeito por três mandatos e liderança política inconteste.
Homem de caráter elevado, honrou e dignificou todos os cargos que exerceu. Aglutinava amigos, ainda que adversários, e politicamente mantinha um relacionamento amigável com os correligionários, mobilizando-os para os interesses da coletividade, com o sentimento do cumprimento do dever cívico que lhe fora outorgado pelo povo de sua terra e o poder político do exercício do cargo autorizado por seus pares.
Miguel Dias nasceu em 23/09/1895, na fazenda Riachão, município de Brumado. Era filho de Salustiano José Dias(1895) e Joana Rosa Dias. Eram seus irmãos: Manoel, José, Júlia, Joaquim, Maria Madalena e Ana Rodrigues Dias.
Sua infância e adolescência tiveram como palco a Fazenda Riachão. Ajudava o pai nos afazeres da fazenda e se comprazia dessa função. O estudo primário fora realizado através de um professor leigo contratado por seu pai, de cujos ensinamentos tirou proveito a o aplicou na vida cotidiana como lição de vida.
Aos 24 anos de idade Miguel Dias casou-se na Igreja em 05/06/1920 em Tocadas e no civil em 17/12/1920 com Joana Roza de Jesus de 18 anos de idade, filha de Tibúrcio Rodrigues da Mata e de Elza Rosa de Jesus. O casamento no religioso foi celebrado pelo Pe. José Dias e foram testemunhas Ananias Lima e Manuel Sebastião Dias. Casou-se no civil perante o Sr. Sebastião dos Santos, Juiz de Paz, quando ela passou a assinar Joana da Mata Dias.
Dessa união nasceram 22 filhos: dois prematuros e seis faleceram ainda em tenra idade. Sobreviveram: Tibúrcio, Salustiano, Aquiles (Santo Dias), Dinorá, Valdique, Valdemar, Paschoal, Dilson, Fenelon, Orádia, Miguel, Frnaklin, Orlando e Gildete. Além dos filhos biológicos, criou mais dez filhos de famílias carentes, por altruísmo.
Foi agropecuarista (criava um expressivo rebanho de gado bovino, além de caprinos, ovinos e suínos), era dono de uma tropa de burros que transportava grande variedade de mercadorias entre várias cidades da região, foi industriário de algodão (mantinha uma máquina de beneficiar algodão tocada por parelhas de bois), foi comerciante do ramo de tecidos, artigos de armarinho e de gêneros alimentícios em Correias.
Tratava-se de um homem de caráter impoluto, trabalhador incansável e empreendedor. Honrado e correto, foi muito bem-sucedido nas suas realizações. Paciente e querido de todos, era dotado de espírito solidário, não media esforços para ajudar a quem dele precisasse. Era um pacificador dos entreveros que ocorriam entre as pessoas que o procuravam para se queixar.
Possuía o dom da cura através de suas orações. Curava as bicheiras nos animais, anulava os efeitos do veneno das cobras e tratava os indivíduos acometidos de impingem. Exercia também, como prático, a enfermagem: cuidava de furúnculos, rasgando-os e espremendo-os para fazer a assepsia, fazia curativos, aplicava injeções e outros procedimentos concernentes à saúde e às enfermidades.
Seu envolvimento social consistia na benemerência pelo procedimento altruísta e no estar sempre com os amigos. Bem-humorado, tinha um papo agradável e gostava muito de contar histórias. Participava de festas religiosas, por ser muito católico, com a devoção e a fé inabalável de seus preceitos. Acrescente-se que Miguel Dias tinha como seu grande amigo o Mons. Antônio da Silveira Fagundes, pároco local, de quem era compadre, por lhe ter batizado a filha caçula, Gildethe Dias. Miguel Dias era um grande anfitrião e sempre recebia o Mons. Antônio em sua casa, em Correias, nos festejos de São João, padroeiro do lugar, e em quaisquer eventos religiosos ocorridos ali, em que o Monsenhor se fazia presente.
Festeiro, era exímio tocador de bandolim. Eclético, gostava de músicas e de muita animação ao som de instrumentos variados (sanfona, violão, cavaquinho e pandeiro) tocados por seus filhos. Tinha predileção também por pescaria, da qual se utilizava para relaxar. Estimava um cavalo de nome “Queimadinho” que lhe servia de montaria e o tratava com muita afeição.
Certa ocasião, enfrentou um boi chifrudo que o atingiu nas axilas, o que lhe rendeu alguns meses de tratamento, loucura e afoiteza da sua impetuosidade que o moderou pelo acontecido.
Faleceu no dia 30 de abril de 1962, em Vitória da Conquista, no Hospital São Vicente e teve seu corpo trasladado para Brumado, onde foi sepultado no dia dois de maio, no cemitério municipal Senhor do Bonfim.
Miguel Dias foi um guerreiro, trabalhador, hospitaleiro, afetuoso e, com muito amor, soube educar seus filhos e enteados, seguindo os bons e úteis conselhos de seu pai. Querido por seus filhos, os quais ele abençoou e conduziu pelos caminhos da honradez, da dignidade e correção de seus atos, de quem eles guardam exemplos que transmitem para os pósteros e têm lembrança carinhosa guardada no coração.
Gildethe Dias da Cruz, a sua filha caçula, depôs que o pai foi o seu ídolo, o espelho da sua vida. Essas palavras foram ditas com os olhos lacrimejados de saudades.
Fonte: familiares.
Antonio Novais Torres.
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Brumado, em 16/04/2013.