BIOGRAFIA MIGUEL JOAQUIM DE CASTRO MIRANTE

MIGUEL JOAQUIM DE CASTRO MIRANTE

*01-02-1908

†01-05-1964

Miguel Joaquim de Castro Mirante, mais conhecido por Miguel Mirante, nasceu em 01 de fevereiro de 1908, na fazenda Lapa, no município de Brumado/BA e faleceu em Brumado, em sua residência, no dia 01 de maio de 1964, em função de um enfarto do miocárdio. Era filho do casal Adolfo de Castro Mirante (1908) e Firma de Castro Mirante, ambos rurícolas. Os nubentes tiveram os seguintes filhos: Armindo, Josias, Adolfo, Ermelinda, Afonso, Isaurina, Florindo, Edmundo, Hildebrando, Adolfina e Miguel Joaquim de Castro Mirante que perfazem o total de 11 filhos.

A sua infância e adolescência viveu na fazenda Lapa, onde ajudava nas tarefas diárias, tanto na lavoura quanto no manejo da pecuária. Foi alfabetizado por um professor leigo do local que ensinava a ler, escrever e efetuar as quatro operações de aritmética, apenas o básico que dava aos alunos o conhecimento necessário para o desenvolvimento pessoal. Não se formou, mas não lhe faltou inteligência para comandar os seus negócios.

Não se deve confundir talento com formação acadêmica, nem sempre os acadêmicos reúnem a desenvoltura do saber e da perspicácia do intelecto. A pouca leitura de Miguel Mirante não o impediu de crescer e comandar os seus destinos com êxitos, pois lhe sobrava talento.

Iniciou suas atividades como lavrador, desenvolvendo a cultura do algodão numa grande roça com a qual obteve excelente colheita que lhe proporcionou um bom capital. Logo se enfronhou no comércio de compra do algodão em capulho que ele vendia após o beneficiamento. Naquela época, não existia nenhuma instituição que financiasse a lavoura, então Mirante, como financiador, fazia a estimativa da produção e comprava o algodão na “folha” dos lavradores. Assim, o agricultor investia parte desse dinheiro na manutenção da lavoura. O comprador financiador exigia fidelidade quanto à entrega do produto. Ele possuía também uma propriedade rural onde exercia o plantio de milho, feijão, melancia, abóbora e outras lavouras para a sua subsistência e para comercialização. Criava também gado bovino. Dessa forma, pode-se dizer que Miguel Mirante foi, além de muito trabalhador, um self made man.

Em Brumado, militou inicialmente no Partido Social Democrático (PSD). Exerceu o mandato de vereador no período de 1955 até 1959, no governo de Armindo dos Santos Azevedo, com quem se aliou ao mudar-se para o Partido Republicano (PR), liderado por este. Elegeu-se vereador para o período de 1963-1967, e não concluiu o mandato, em razão da sua morte em 01-05-1964. Foi, então, substituído por Gonçalo Pedro da Silva, tendo em vista a desistência do primeiro suplente, Evan dos Santos Azevedo, para continuar exercendo o cargo de tesoureiro da prefeitura, por exigência do prefeito. Registre-se que Miguel Mirante exerceu, em 1963 e 1964, o cargo de primeiro secretário na composição da Mesa Diretora da Câmara de Vereadores.

Exerceu também o cargo de Juiz de Paz e delegado de polícia, indicado por Armindo dos Santos Azevedo, seu correligionário e amigo. Quando desempenhou os cargos públicos que lhe foram atribuídos, fê-lo com honradez e seriedade, dando a César o que é de César, resolvendo as questões com justiça, sem privilegiar a quem quer que fosse, ainda que seu amigo, pois a sua maior virtude era o seu caráter de homem honesto e justo. Ao analisar os documentos das questões e ouvir testemunhas do caso, dava o seu veredicto com imparcialidade, às vezes, contrariando amigos. Alegava que agia dentro da lei. Rui Barbosa, grande jurisconsulto brasileiro, preconizava: “Com a lei, pela lei e dentro da lei, porque fora da lei não há salvação”. Procurou sempre defender os mais humildes que, às vezes, eram coagidos pelos mais poderosos. Decidia com justiça, arrostando os poderosos com o critério da lei, sem se deixar humilhar, porque a dignidade é a virtude do homem.

Em sua homenagem, foi nominada uma rua no centro da cidade com o nome de “Rua Miguel Mirante”. Quando era vereador, conseguiu a construção de uma escola no povoado de Arrecife, denominada “Escola Miguel Mirante”. Recentemente a prefeitura a reconstruiu, tornando-se um grande estabelecimento de ensino que orgulha os recifenses.

Com relação ao lazer, gostava de caçar e pescar, principalmente de anzol. Naquele tempo, o Rio do Antônio era muito piscoso, além de abastecer a cidade (hoje o Rio do Antônio é um esgoto a céu aberto por descaso das autoridades). Frequentemente fazia a sua pescaria com anzol, dizendo que, utilizando esse instrumento, pegava peixes como traíra, piau e outros de tamanho considerável. Afirmava que, com o anzol, não acabava com os peixes, diferentemente dos que utilizavam redes, tarrafas e o mais deletério, a bomba, com poder de matança indiscriminada dos peixes grandes e miúdos.

Tinha muitos amigos, tanto em Brumado quanto em Arrecife, onde residiu por algum tempo. Em todas as famílias do seu relacionamento, tinha amizades, pobres ou ricos, não fazia discriminação. Miguel Mirante era um homem democrático e sem preconceitos. Procurou agir sempre como conselheiro. Na qualidade de autoridade, dirimia as questões que lhe eram apresentadas da melhor maneira possível, convencendo a parte errada a aceitar o acordo proposto e a ficarem os envolvidos satisfeitos e amigos. A confiança depositada em sua pessoa era de tal sorte confirmada e aceita que diziam: “Miguel Mirante falou, tá falado!”.

Ao mudar-se para Brumado, vindo de Arrecife, continuou com laços fortes de amizade com os moradores daquele distrito e recebia-os em sua casa, hospedando-os para tratamento de saúde ou para realizar casamentos, vez que era Juiz de Paz. Também era procurado para aconselhamentos e opiniões sobre alguma decisão a ser tomada, enfim as portas de sua residência sempre estiveram abertas para os amigos.

Histórico familiar:

Casamento Religioso:

Miguel Joaquim de Castro Mirante (36 anos) casou-se na Igreja Matriz de Bom Jesus dos Meiras, hoje Brumado, com Terezinha Silva Leite (15 anos), filha de Aureliano da Silva Leite e Idalina da Silva Leite, em 25-05-1944. A cerimônia religiosa foi celebrada pelo Padre Antônio da Silveira Fagundes. Foram Testemunhas: Florindo Nascimento e Armindo dos Santos Azevedo.

Casamento Civil:

No civil, casaram-se aos 11 dias do mês de maio de 1945, em Bom Jesus dos Meira, comarca de Ituassú (hoje com nova ortografia, Ituaçu), em audiência especial em residência, a requerimento do noivo. Estiveram presentes Dr. Délio Gondim Meira, pretor deste termo, e Armindo dos Santos Azevedo, Lindolfo Azevedo Britto, Armindo Leite dos Santos, Otávio da Silva Leite que serviram de testemunhas. O ato foi celebrado pelo pretor em regime de comunhão universal de bens. Após o casamento, a nubente passou a assinar Terezinha Leite Mirante.

Assinaram o termo:

Miguel Joaquim de Castro Mirante, Terezinha Silva Leite, Armindo dos Santos Azevedo, Lindolfo de Azevedo Britto, Armindo Leite dos Santos, Otávio da Silva Leite, José Borges Sampaio e a oficial Maria Madalena Lôbo.

Destaque-se que Miguel Mirante gostava de levantar cedo, e molhar as plantas no quintal, era uma de suas predileções. Muito carinhoso com os filhos e com a esposa, a quem dedicava todo o seu amor e atenção, chamava a filha mais nova de “minha professorinha” e costumava levar os filhos com ele para as pescarias, porém, quando alguns deles faziam algo errado, exemplava-os com rigor, e todos o respeitavam.

O casal teve dez filhos: Clais, Maria Lúcia, Rosilda, Aureliano, Célia, José, Leny, Rui, Maristela e Deilson Leite Mirante.

Os dados para a composição desta biografia foram fornecidos por Aureliano Leite Mirante (Laninho), filho do biografado.

Antonio Novais Torres

antorres@terra.com.br

Brumado, em 24/09/2013.

Antonio Novais Torres
Enviado por Antonio Novais Torres em 11/10/2014
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