BIOGRAFIA MÁRIO NILTON LEITE (MARINHO E DONA LOURDINHA (ESPOSA)
BIOGRAFIAS
MÁRIO NILTON LEITE (MARINHO)
*18/06/1922 † 25/03/1998
MARIA DE LOURDES MACHADO VIANA LEITE (DONA LOURDINHA)
*17/09/1926 † 22/08/2009
Era o dia 18 de junho de 1922, quando nasceu Mário Nilton Leite (Marinho), filho caçula do casal José Joaquim da Silva Leite (Cel. Zeca Leite) e dona Júlia Arlinda da Silva Leite. Cursou o primeiro grau na cidade de Caetité/BA no Colégio Padre Palmeira.
Marinho casou-se com dona Maria de Lourdes Machado Viana que acrescentou ao nome de solteira o sobrenome Leite do esposo, passando a chamar-se Maria de Lourdes Machado Viana Leite (Dona Lourdinha). O casamento foi realizado em 19 de março de 1949, e conviveram imbuídos do amor recíproco, do respeito pessoal, da tolerância e dos princípios cristãos por 49 anos.
O casal teve seis filhas: Maria Eulália, Maria Ignez, Maria Rita, Maria Lúcia, Maria Júlia e Maria Aparecida. Os nomes das filhas, todos começados com o antropônimo Maria, justificam-se pela devoção de Dona Lourdinha que, por ser filha de Maria (Mãe de Jesus), venerava o Sagrado Coração de Maria e por ser uma católica convicta da sua fé religiosa. Marinho era, também, muito católico, devoto de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. Ele frequentava as missas, mas não se envolvia com a doutrina filosófica da igreja. São netos do casal: Lara Melina, Luiz Frederico, Luanna Emannuele, Luciana, Dailton Filho e Leandro; bisnetos: Júlia e João Pedro.
Marinho era uma pessoa simples, afável, bom colega, trabalhador responsável, um grande amigo. “Uma pessoa inesquecível, só tenho boas lembranças do colega” – disse o ex-chefe dos Correios, aposentado, Gisvaldo Dias de Souza – “Ele levava para o trabalho, todos os dias, uma rapadura que, nos horários da merenda, repartia com os colegas. Essa rapadura ficou famosa...”.
Tião, ainda funcionário dos Correios e amigo de Marinho, contou que este, em momentos de folga, tentava equilibrar uma caneta BIC sobre a outra. Quando perguntado por colegas se havia conseguido, argumentava que ainda iria conseguir. Era o mote para passar o tempo. Um filósofo da vida.
Dentre outras particularidades de Marinho, Sebastião Meira Santos (Seu Santos) conta que foi o maior assobiador que conheceu. As músicas de sua predileção, assobiava-as com virtuosidade. Evan dos Santos Azevedo conta que Marinho, desde adolescente, era uma pessoa muito vaidosa, cuidava-se com esmero, o que lhe dava uma aparência impecável.
Ele trabalhou incansavelmente por 43 (quarenta e três) anos na Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos – ECT, convivendo em harmonia com o chefe, demais colegas e usuários da empresa. Aprendeu a manusear o telégrafo através do código Morse (telégrafo Morse), tornando-se exímio telegrafista. As mensagens, ele as transcrevia de ouvido, e a fita era gravada apenas para registro e arquivo e, posteriormente, através do telefone nas cidades que possuíam essa tecnologia.
A agência da ECT em Brumado foi instalada em 20/03/1969, e o telégrafo foi inaugurado em 15/11/1927, (informação do Livro Recordar é viver de autoria de Agnelo dos Santos Azevedo) sendo Guilhermino Ribeiro o primeiro telegrafista até 1946, quando faleceu e foi substituído pelo senhor Mário Nilton Leite que exerceu o ofício de telegrafista por 35 (trinta e cinco) anos, aposentando-se em 1980. Logo em seguida, foi recontratado, prestando serviços até 1988, ano em que se afastou definitivamente.
Tratava-se de um bon vivant, relacionava-se bem com os genros, gostava de futebol, frequentava o Estádio dos Prazeres, jogava sinuca e fazia partidas de pôquer na residência do Senhor Virgílio Risério, em companhia dos amigos Dr. Paulo Vargas, Antônio Machado Viana (Totinha) e outros.
Aposentado, passou a ensinar os netos a jogar pôquer, motivo que procurava para ‘encher o tempo’ da ociosidade de aposentado. Para se distrair, tocava violão, uma preferência que lhe dava prazer e jogava sinuca e buraco (jogo de cartas assemelhado ao pife-pafe, que usa dois baralhos completos mais dois coringões e pode ser jogado por dois a oito jogadores, eventualmente mais, com ou sem parcerias).
Costumava pescar em sua propriedade, não dispensando uma cervejinha para degustar um feijão com carne, com direito a uma soneca na rede, até o regresso para a sua residência. Esse percurso ele fazia com a família, no fusca azul, que ganhara de presente da esposa e filhas.
A música lhe enchia a alma. Apreciava todos os gêneros musicais. Gostava, sobretudo de Orlando Silva, Nelson Gonçalves e músicas da Jovem Guarda. Costumava dizer que a família era o seu maior tesouro e encantava-a com o som mavioso do seu violão que aprendera a tocar sozinho, “de ouvido”, como dizia. Nas noites enluaradas, transformava o ambiente do lar em serenata, acompanhado da família. Ainda que fossem desafinados, não se importava. O importante era a satisfação do momento.
Vítima de uma doença neurológica, faleceu em consequência de um AVC (derrame), sendo sepultado no cemitério Jardim Santa Inês, em 26/03/1998. O féretro foi acompanhado por amigos e parentes que lhe deram o último adeus.
DONA LOURDINHA era filha do casal Joaquim Paulo Viana e Eulália Machado Viana. Nasceu em 17/09/1926 e foi batizada pelo Cel. Marcolino Risério Moura e sua esposa Dona Placídia Risério. Acolhida na residência do casal Cel. Marcolino Risério de Moura e dona Placídia Risério, seus padrinhos. Dona Lourdinha conheceu a sua grande companheira Augusta dos Santos Lima, também afilhada do coronel, na casa de quem passaram a morar, tornando-se amigas inseparáveis. Posteriormente, após o casamento de D. Lourdinha, com quem Augusta foi morar, esta era considerada pelas meninas, filhas do casal, a sua segunda mãe. Por conta dessa amizade, elas tornaram-se comadres. Infelizmente, Augusta ficou cega, mas recebeu da amiga e de suas filhas o carinho e toda a atenção humana dispensada aos que dependem da luz do próximo para uma sobrevivência digna, calcada na esperança e na fé cristã.
Em 1942, concluiu a sua formação no Ginásio em Caetité. Em 19 de março de 1946, assumiu a função de Oficial do Registro de Imóveis da Comarca de Brumado, exercendo-a por quase 50 (cinquenta) anos, com probidade e honradez. À época, o Ofício era privativo e funcionava em um cômodo de sua residência. As anotações eram feitas do próprio punho, em livros manuscritos que a modernidade veio superar após a sua aposentadoria.
Dona Lourdinha teve participação ativa em todos os movimentos católicos da igreja: leilões, quermesses, ajudando nas organizações festivas, fazendo tudo que fosse necessário para o brilhantismo do evento. Era uma religiosa fervorosa, extremamente dedicada aos ritos católicos.
Era devota de vários Santos, aos quais professava suas orações, e fez do Monsenhor Antônio da Silveira Fagundes, pároco local, sua grande referência religiosa. Pessoa de moralidade inquestionável, ela fez vários amigos e a todos distinguia com cordialidade e apreço pela amizade conquistada.
Era vaidosa e não se descuidava da aparência física. Como toda mulher, produzia-se adequadamente quanto ao vestir e à maquiagem, disso não abria mão. Festiva, promovia aniversários e presenteava os aniversariantes da família com o entusiasmo e a alegria que a caracterizavam. Sentia-se extasiada com a alegria das crianças e dos adultos. Além disso, comemorava todas as festas: Páscoa, Dia das Mães, Dia dos Pais, Natal, Ano-Novo etc. Enfim, dona Lourdinha, apesar das limitações impostas pela enfermidade, ela mesma produzia, no São João, o licor de jenipapo, o bolo de aipim e demais guloseimas características dessa festa.
Aposentou-se em 1993, como servidora pública, por conta de uma fratura do fêmur que a deixou incapacitada para o labor. Fez um trabalho profícuo, com seriedade e honestidade, trabalhando a bem do serviço público, com cordialidade e respeito pelos usuários.
Faleceu em 22 de agosto de 2009, em Salvador. Seu corpo foi trasladado para Brumado e enterrado no cemitério Santa Inês. O séquito fúnebre contou com parentes e amigos que se despediram de Dona Lourdinha que foi viver na esfera eterna conforme profecia das Escrituras. Ela deixou como exemplos a Fé, a dedicação, a honestidade, o trabalho e, sobretudo o Amor. Viveu na crença que lhe alimentava o espírito cristão e na fé inabalável da ressurreição e salvação da alma.
Ressalte-se que Ruth Viana, irmã de dona Lourdinha, com quem morava, também, foi um dos maiores nomes e talentos natos do teatro amador brumadense, no qual brilharam vários talentos. Ruth Viana foi um ícone do seu tempo, segundo palavras do ator Rui Meira Lobo, com quem chegou a contracenar, ela não é dada a exposição e badalações na mídia, preferindo brilhar atrás da ribalta. Ruth, também, teve a sua importância na família, cuidando das sobrinhas e orientando-as. Ainda hoje, convive com algumas delas no lar da falecida.
Os dados foram fornecidos pelos familiares e parte do relato foi copiado do artigo do neto Luiz Frederico Rego (Fredinho), produzido em 28/08/2009, lido na Missa do 7° dia, em memória da falecida, na Igreja Matriz.
Antonio Novais Torres
antorres@terra.com.br
Brumado, em 22/12/2011.