Você tem experiência?
Já fiz cosquinha no meu irmão só pra ele parar de chorar, já me queimei brincando com vela. Eu já fiz bola de chiclete e me melequei todo o rosto, já conversei com o espelho, e até já brinquei de ser bruxa. Já quis ser astronauta, violonista, mágica, caçadora e trapezista. Já me escondi atrás da cortina e esqueci os pés pra fora. Já passei trote por telefone. Já tomei banho de chuva. Já roubei beijo. Já confundi sentimentos. Peguei atalho errado e continuo andando pelo desconhecido. Já raspei o fundo da panela de arroz carreteiro. Já tentei esquecer algumas pessoas, mas descobri que essas são as mais difíceis de se esquecer. Já subi em árvores pra roubar fruta, já cai da escada de bunda. Já fiz juras eternas. Já fiquei sozinha no meio de mil pessoas sentindo falta de uma só. Já me joguei na piscina sem vontade de voltar. Já senti medo do escuro, já tremi de nervoso. Já acordei no meio da noite e fiquei com medo de levantar. Já apostei em correr descalço na rua, já deitei na grama de madrugada e vi a Lua virar Sol. Já chorei por ver amigos partindo, mas descobri que logo chegam novas, e a vida é mesmo um ir e vir sem razão. Já fiz aulas de inglês, matemática e português para melhorar as minhas notas. Já fechei o álbum da copa (Brasil 2014). Já embrulhei filme de pvc na moto do caseiro. Já fui para lugares maravilhosos como São Paulo, Guarulhos, Serra Negra, Rio de Janeiro, Recife, Fortaleza, Orlando e Las Vegas. Já comi até passar mal. Já ralei os meus joelhos e cotovelo andando de skate. Já desloquei o meu braço e escondi da minha mãe.
Foram tantas coisas feitas, momentos fotografados pelas lentes da emoção, guardados num baú, chamado coração. E agora um formulário me interroga, me encosta na parede e grita: “Qual a sua experiência?”. Essa pergunta ecoa no meu cérebro: Experiência. Será que ser “plantador de sorrisos” é uma boa experiência? Não? Talvez eles não saibam ainda colher sonhos!
Agora, gostaria de indagar uma pequena coisa para quem formulou está pergunta: “Experiência? Quem a tem, se a todo momento tudo se renova?”
Texto produzido nas aulas de Técnica de Redação na FBS Comunicação, sob a orientação do Prof. Esp. Flávio dos Santos.