BIOGRAFIA GUILHERME RIZÉRIO LEITE
BIOGRAFIA
GUILHERME RIZÉRIO LEITE
*24-10-1901 (Bom Jesus dos Meiras) Brumado.
†18-08-1980 (Salvador/BA)
Guilherme Rizério Leite nasceu no primeiro Distrito de Paz, no município do Bom Jesus dos Meiras, comarca de Ituassú, (Ituaçu) no dia 24 de outubro de1901. Filho do Bacharel Pompílio Dias Leite e D. Deolina Rizério de Moura Leite. Foram testemunhas do registro de nascimento Amâncio da Silva Leite e José Joaquim da Silva Leite.
O casal Pompílio/Deolina teve os seguintes filhos: Drs. Altamirano e Mario Rizério Leite (médicos), Antonio Rizério Leite (advogado), Guilherme Rizério Leite (funcionário Público federal), Professoras Cecília, Maria de Lourdes e Guiomar, de prendas domésticas, Elvira e Olindina de Moura Leite, professoras diplomadas pela antiga Escola Normal Rural de Caetité.
Viveu a infância e parte da adolescência nas fazendas Mocinho e São Gonçalo e na cidade de Bom Jesus dos Meiras, hoje Brumado, dividindo com os irmãos e colegas as brincadeiras da época.
Na década de 10, concluiu o curso primário em Bom Jesus dos Meiras e o curso preparatório (hoje 2º grau completo) em Salvador/BA, aprovado no exame obrigatório oficial do antigo colégio Dom Pedro II. Nessa época, ainda na capital do Estado, foi escrevente do Instituto Médico-Legal Nina Rodrigues, anexo à Faculdade Federal de Medicina. Na década seguinte (20), retornou a Bom Jesus dos Meiras (Brumado), onde foi escriturário do antigo Serviço do Algodão, órgão do Ministério da Agricultura.
A partir da década de (30) passou a servir na Secretaria da Fazenda do Estado da Bahia, mediante concurso público para escrivão de coletoria, cuja função exerceu em Macaúbas, Condeúba, Ituaçu e Brumado. Foi promovido a coletor de Brumado em fevereiro de 1950 e aí se aposentou em 1964, com 40 anos de serviço público prestados com dedicação e probidade.
Não deixou herança material aos filhos, somente bens espirituais: fé, coragem, e honradez. Está escrito: “Mas acumulai para vós tesouros no céu, onde nem traça nem ferrugem os consomem, e onde os ladrões não penetram para roubar” (Mt 6,20). (Declaração do filho Jair Cotrim Rizério)
Em 30 de setembro de 1929, casou-se no civil em Bom Jesus dos Meiras, comarca de Ituassu, na residência dos pais da noiva, Capitão Sebastião dos Santos Leite e Dona Maria Pio Cotrim dos Santos Leite, com a núbil Guiomar Cotrim dos Santos Leite, nascida em 14-03-1909.
Testemunharam o casamento por parte do nubente: Dr. Mário Meira, Capitão Joaquim da Silva Leite e Plínio da Silva Leite. Por parte da nubente: Tenente-coronel José Joaquim da Silva Leite, Major Casimiro Pinheiro de Azevedo, Capitão Joaquim Alves Ferreira, Capitão Abílio da Silva Leite, com aprovação do Dr. Benedito Oliveira. Além do Capitão Joaquim Alves Ferreira, Azarias Batista Neves e Agenor de Vasconcelos Silva.
No mesmo dia realizou-se o casamento religioso na Igreja Matriz do Bom Jesus, ato oficiado pelo Vigário Padre José Dias Ribeiro da Silva, que deu as bênçãos aos noivos, perante as testemunhas: Agenor de Vasconcelos Silva e doutor Azarias Batista Neves.
Dessa união resultaram os filhos: Nélio, Benito, Jair, Guilmar, Sônia, Dino, Selma, Zênio, Márcia, Alda, Elda e Rui Cotrim Rizério. Nélio, Jair e Sônia com ensino médio completo (ginásio e colégio), os demais ensino superior completo. Zênio nascido em 1943 faleceu aos oito meses de idade. Até este momento, Nélio, Benito, Dino e Rui, são falecidos.
Guiomar Cotrim Leite faleceu em Salvador no dia 05-06-2001, estando sepultada no Cemitério do Campo Santo.
TERMO DE RETIFICAÇÃO DE NOME: (copiado).
Em 24 de maio de 1972, em cumprimento à respeitável sentença da M.M. Juíza de Direito desta Comarca proferida nos autos nº 13/72. Retificação de nome requerida por Guiomar Cotrim Leite com aquiescência do seu marido pelo que faço constar neste assento o nome da nubente passa a chamar-se e assinar “Guiomar Cotrim Leite” ficando assim, suspensas as palavras “dos Santos” como constava do referido termo. Oficial Designado: José Walter Leite. Brumado, 24 de maio de 1972.
TÍTULOS RECEBIDOS: Em 1964 foi Patrono dos formandos da 1ª turma do Curso Pedagógico Dr. Pompílio Leite, anexo ao Ginásio General Nelson de Mello. Em 01 de junho de 1962, foi homenageado como Sócio Honorário da Fundação Educacional de Brumado, horaria concedida em reconhecimento aos “grandes serviços prestados à causa da educação em nosso meio”, documento firmado pelo Presidente Monsenhor Antonio Fagundes, e o Secretário José Gonçalves Ramos; Em 02 de abril de 1962, em convite para assistir à sessão de abertura do Curso Pedagógico (cuja presença foi considerada imprescindível) assinado pelo diretor do Ginásio General Nelson de Mello, Dr. Ubaldo Antonio de Meirelles, pelo Presidente da Fundação Educacional de Brumado, Monsenhor Antonio da Silveira Fagundes e pelo Major Waldir Magalhães Pires, encarregado da aula inaugural do Curso Pedagógico, foi chamado de “pioneiro da grande campanha em prol da educação do município”.
ATIVIDADES: Presidente da sigla UDN – União Democrática Nacional em Brumado. Foi indicado pelo Governador Juracy Magalhães (1959/1963), seu compadre, para saudá-lo como representante do interior do Estado, por ocasião da homenagem que lhe prestaram em 05 de agosto de 1961 (natalício de 4/8), no Palácio da Aclamação. O então prefeito de Salvador Heitor Dias fez saudação em nome dos correligionários da capital do Estado.
Foi sócio fundador da Lira Ceciliana Brumadense e do Cube Social de rumado inaugurado em novembro de 1952. Participou de inúmeras reuniões e jantares preparatórios para a fundação do Rotary Clube de Brumado, com realizações de palestras pertinentes. Assinado pelo secretário da entidade, recebeu comunicação de aprovação para integrar a Loja Maçônica de Vitória da Conquista. Por motivos de força maior (deslocamentos) a sua iniciação não se efetivou. (Informações do filho Jair Cotrim Rizério.
Como líder político brumadense, contou com apoio dos leais companheiros de ideias progressistas e ideais políticos. Lutou incansavelmente pelo progresso do município e viu as importantes reivindicações realizadas:
1) Agência do Banco do Brasil, indicação e aspiração do vereador Antonio Miranda Machado (Corró);
2) Região de Trânsito, para licenciamento de veículos;
3) Curso Pedagógico Dr. Pompílio Leite, anexo ao GGNM e posteriormente incorporado ao Colégio Estadual de Brumado – CEB;
4) Criação e construção da sede da Merenda Escolar, inaugurada pelo General José Sombra que também por deferência da Câmara Municipal de Vereadores recebeu o título de cidadão brumadense;
5) Ação decisiva, junto ao seu compadre, governador do Estado da Bahia, Juracy Montenegro Magalhães, para construção da estrada, em cascalho, Brumado/Livramento de Nossa Senhora com a variante para o distrito de Itaquaraí;
6) Criação de dezenas de escolas estaduais na sede do município de Brumado, povoados e distritos;
7) Defesa entusiástica pela criação do Ginásio General Nelson de Mello, iniciativa e luta benemérita do Capitão Waldir Magalhães Pires, valoroso patriota e herói do Monte Castelo (Itália) por ocasião da segunda Guerra Mundial.
Homem culto, sisudo, inteligente, probo e excelente pai de família, exigia dos filhos a competente instrução e conhecimentos culturais eivados de idoneidade, aptidão e capacidade para se estabelecer, pois o mercado é o regulador profissional, liderado pela capacidade.
Tinha consigo o pensamento: “Perde-se a vida, a honra, jamais” e aconselhava: “Sem educação e cultura não se chegará a lugar nenhum”.
Guilherme Rizério Leite faleceu em 18-08-1980 em Salvador e foi sepultado no Cemitério do Campo Santo.
PARTICULARIDADE:
Dr. Mário Rizério Leite, médico, escritor e professor universitário, radicado em Goiás-GO, onde constituiu família. Em seu livro Xuruê, narra um episódio acontecido com seu irmão, chefe político em Brumado, o irmão Guilherme: Um elemento o procurou solicitando ajuda pois ao fazer o inventário dos cabeças da família, um irmão esperto, abocanhou toda a herança e deixou um irmão com problemas mentais para ele [o indigitado] criar. Destarte pediu ajuda ao chefe político Guilherme que o encaminhou para o delegado, porém fora informado indivíduo que já tinha tomado essa providência e nada aconteceu.
– Ajude-me, pois a minha mulher, indignada com as atrapalhadas do doido, jurou abandonar-me, mais uma vez, e desta definitiva.
Condoído com essa situação, Guilherme chamou o delegado e pediu providências, este intimou o irmão sabido a ficar com o doente ou pagar uma pensão para a sua manutenção, caso contrário o poria no xilindró.
O indigitado protagonista da história perguntou quanto era a intervenção de Guilherme.
– Não custa nada, o fiz não por interesse mas por caridade. Contudo o indivíduo insistiu em pagar.
Guilherme que era político perguntou:
– O senhor é eleitor? – A família inteira, respondeu o interlocutor, todos são do senhor, juro por Deus.
Animado Guilherme respondeu: – Então basta dar-me os votos.
No dia da eleição deparou-se com o indivíduo que queria as chapas para os seus votarem no candidato indicado por Guilherme e dizia: são muitos, talvez umas cem pessoas. Entusiasmado fez um breve discurso de agradecimento. Seu Agnelo dos Santos Azevedo, que presenciou o fato, vaticinou: – Se os outros forem como este, Guilherme ganha as eleições.
O eleitor vigarista aproveitou a ocasião e pediu para si, cinquenta cruzeiros emprestados para comprar vestuário novo para votar. Guilherme o fez com importância solicitada e se precisasse mais poderia pedir, mas o meliante se conformou com o que pedira. Naquele tempo o eleitor se paramentava todo para votar, era um evento importante que vivia, ao cumprir o dever cívico.
Guilherme recebeu um telegrama de um deputado estadual amigo pedindo votos. Chamou seu filho Jair, fiscal do partido, e o incumbiu de localizar o sujeito e trocar as chapas. O trapaceiro fora localizado e se perturbou quando Jair pediu as chapas que o pai lhe havia entregado. Desconfiado Jair meteu a mão no bolso do sujeito e não encontrou nenhuma chapa do seu partido que lhe fora entregue, somente as do adversário. O eleitor malandro, alegou que não sabia como acontecera a troca. De posse de novas chapas de interesse de Jair/Guilherme, prometeu se precaver contra os inimigos não permitindo situação semelhante e disse para Jair:
– Fiquem tranquilos a vitória é certa, diga a seu Guilherme.
No fim das apurações o candidato de Guilherme não teve sequer um voto, na secção onde o eleitor esperto votou. Guilherme ficou indignado por ter sido enganado.
O sujeito cara de pau voltou com a mesma história, a solicitar dinheiro emprestado a Guilherme.
– Vá pedir a quem você deu o voto.
– Não tem vergonha de voltar a minha casa?
– Eu votei no senhor.
– Votou coisa nenhuma seu patife. – Nunca fui candidato. Como votou em mim?
– Antes que me esqueça, vá pro inferno com doido e tudo.
Seu Guilherme caiu no conto do vigário pela esperteza do salafrário, que apesar de morar na roça, era muito astucioso e pilantra. Outras pessoas caíram no conto desse eleitor aproveitador da situação para aplicar o seu golpe astucioso e ainda envolvia um comparsa que o ajudava se fosse necessário para confirmar a sua história delituosa.
Esse episódio que está incluso no livro Xuruê foi descrito observado o tema, porém modificado com palavras do autor, sem alterar o sentido da história.
Fonte: As informações para construção desta biografia foram dadas por Jair Cotrim Rizério (filho de seu Guilherme) a quem agradecemos a colaboração;
Pesquisas realizadas no Cartório de Registro Civil em Brumado;
Igreja Matriz do Senhor Bom Jesus, em Brumado, com a colaboração dos titulares dos órgãos.
Livro Xuruê autoria de Mário Rizério Leite.
Antonio Novais Torres
antorres@terra.com.br
Brumado, 30-08-2014.