Biografia de LINDALVA FERREIRA CAVALCANTI
Lindalva Ferreira Cavalcanti é uma das servidoras mais atuantes e compromissadas nesses 25 anos de lutas e conquistas da bela história da ASIBAMA-DF!!!
Nasceu na cidade de Dois Córregos, interior do estado de São Paulo, em 1º de agosto de 1957, filha de Manoel Guedes Cavalcanti e Josepha Ferreira Cavalcanti. É a quarta filha de uma família de seis irmãos: Leonalva, Leonilda, Leonaldo, Lindalva, Leônidas e Leonel.
Seu pai era policial militar do governo paulista, e por causa dessa profissão se mudava constantemente de modo que Lindalva e seus irmãos acabaram nascendo e vivendo em várias cidades do interior paulista.
Quando Lindalva tinha poucos meses de vida, sua família se mudou para Monte Azul Paulista. Em seguida foram para Tabapuã, São José do Rio Preto e Mirassol. Em razão dessas constantes mudanças, Lindalva e seus irmãos cursaram ensino fundamental em diferentes escolas, o que certamente exigiu de cada um deles força e dedicação para se adaptarem aos mais variados ambientes. Para concluir o Segundo Grau, Lindava teve também que se esforçar muito. Ela morava em Mirassol, e todos os dias pegava bem cedo o ônibus para São José do Rio Preto, que fica a 15 Km de distância. Na hora do almoço, seu pai se deslocava até a rodoviária para deixar a marmita com uma senhora, dona Iraci Duarte, que fazia esse percurso todos os dias para trabalhar no município vizinho. Foi assim que Lindalva aprendeu desde cedo a dar valor ao esforço de seus pais e na importância de contar com a amizade para superar os obstáculos da vida.
Quando estava no 3ª ano, ela iniciou um estágio remunerado na agência local do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS). Essa foi sua primeira experiência profissional.
Em São José do Rio Preto, Lindalva concluiu o curso Técnico em Edificações no Colégio Técnico Industrial (atual Escola Estadual Philadelpho Gouvêa Netto), adquirindo vontade para prosseguir seus estudos na área de Engenharia. Ela se preparou para o vestibular e em 1978 passou para Engenharia Florestal na Universidade Federal de Viçosa (UFV), que é considerada a primeira faculdade do ramo no Brasil. Naquela época, só 10 porcento dos 80 alunos aprovados eram mulheres. Lindalva nasceu numa grande família, e desde cedo se acostumou a brincar e praticar esportes com meninos e meninas. As constantes mudanças de residência trouxeram-lhe um maior amadurecimento – o que em certa medida lhe foi útil para o convívio no ambiente acadêmico majoritariamente masculino.
Os primeiros seis meses da faculdade foram os mais difíceis. Ela morava numa casa alugada pela Universidade, pois não havia vagas no alojamento feminino. No segundo semestre, conseguiu uma bolsa de trabalho destinada aos alunos carentes, que como compensação tinham que trabalhar 12 horas por semana. Inicialmente, Lindalva começou na secretaria de uma Escola de Ensino Fundamental, da UFV, e depois foi trabalhar no bandejão da própria Universidade, aonde ficou por três semestres. Depois, conseguiu uma bolsa de monitoria para as disciplinas de Dendrologia e Anatomia da Madeira – adquirindo assim maior independência financeira.
Logo que ingressou na faculdade, Lindalva recebeu o apelido de "Mira", em razão de sua família residir na cidade de Mirassol. Ela sempre foi uma pessoa comunicativa e despojada. No primeiro semestre, começou a participar do Centro Acadêmico e lá ficou até o último ano. Ocupou vários cargos no CA de Engenharia Florestal, incluindo o de presidente – o que era raro para uma mulher naquele tempo.
Durante o governo militar os professores não podiam fazer greves, mas os alunos não se intimidavam. Lindalva e seus amigos fizeram inúmeros protestos pacíficos em busca de melhores condições de ensino, ampliar as vagas dos alojamentos, contra os reajustes do valor pago no bandejão, entre outras questões.
Em 1979, os estudantes de Viçosa resgataram a "Marcha Nico Lopes", que tinha como objetivo festejar a chegada de novos acadêmicos e ao mesmo tempo fazer críticas a assuntos da atualidade. A marcha surgiu em 1929, como um rito de passagem para os calouros que percorriam as ruas saindo da universidade até o centro da cidade. Durante o período da ditadura militar a marcha foi proibida. Mas, no final dos anos 70, a sociedade estudantil de Viçosa resgatou a Marcha Nico Lopes em protesto a posse do presidente João Batista Figueiredo, e tiveram que enfrentar um batalhão do exército. Aquele ano ficou na memória como um marco da redemocratização do movimento estudantil mineiro. Desde então, a Marcha Nico Lopes coloca Viçosa no circuito nacional de manifestações. Diretas já, Fora Collor, Fora FHC, ALCA Não, O Pré-Sal É Nosso, já foram temas dessa famosa mobilização.
Lindalva Cavalcanti pode dizer com orgulho que sabe realmente o que é "viver a academia". Morou no alojamento estudantil, ganhou bolsa, foi monitora de importantes disciplinas, participou da Associação de Estudantes de Engenharia Florestal, viajou para congressos, compôs a Diretoria do Centro Acadêmico, se envolveu em protestos e greves, organizou festas e acampamentos, fez grandes amizades e se apaixonou intensamente. Além de tudo, Lindalva se tornou bastante conhecida por ter ganhado com apoio de um advogado de Belo Horizonte uma ação na justiça contra a UFV – o que a tornou ainda mais popular. Muitas pessoas passam pela universidade, mas nem todos vivenciam as inúmeras experiências e oportunidades que o ambiente acadêmico proporciona.
Em agosto de 1984 mudou para Brasília com uma amiga, Marizeth; foi contratada para trabalhar no Programa de Anatomia da Madeira do Laboratório de Produtos Florestais (PAM/LPF). Porém, ganhou uma bolsa de estudos da Superintendência de Desenvolvimento da Borracha, indo para Belém, aonde cursou uma Especialização em Heveicultura na Faculdade de Ciências Agrárias do Pará (FCAP), que é atualmente a Universidade Federal Rural do Pará (UFRA).
Quando retornou para Brasília, em janeiro de 1985, começou estagiando na Divisão de Análise de Projetos (DIVAN), do Departamento de Reflorestamento do IBDF. Nessa época, o presidente do IBDF era o Mauro Silva Reis.
Com menos de um ano como servidora, Lindalva foi convidada pelos colegas para compor um chapa nas eleições para a Associação de Servidores do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (ASIBDF). Assim, ela iniciou com o cargo de secretária sua longa e bem sucedida carreira na luta classista. Nesse período também foi presidente da Associação dos Engenheiros Florestais no Distrito Federal.
No dia 16 de junho de 1986, data em que o mundo todo comemorava os dez anos do "Levantamento de Soweto", Lindalva teve uma ótima alegria com o nascimento de seu filho Adriel Mandella, que recebeu esse nome em homenagem ao grande líder sul-africano.
Em 1988, foi eleita como a última presidente da ASIBDF, cargo que vinha acumulando com a de presidente da Federação das Associações dos Servidores do IBDF. Nesse período, ela começou a trabalhar no Programa de Monitoramento da Cobertura Florestal Brasileira (PMCFB), que tinha como objetivo organizar polígonos do desmatamento na Amazônia. Foi da junção desse Programa com a Divisão de Geoprocessamento da ex-SEMA que em 1998 surgiu o Centro de Sensoriamento Remoto (CSR) do IBAMA.
No último ano de mandato do presidente José Sarney, o IBAMA foi criado pela união de quatro órgãos que trabalhavam a questão ambiental: Secretaria do Meio Ambiente (SEMA), Superintendência da Borracha (SUDHEVEA), Superintendência da Pesca (SUDEPE) e Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF).
Por essa razão, as Associações classistas dessas quatro entidades também se fundiram numa só, dando surgimento a ASIBAMA (Associação de Servidores do IBAMA). Lindava presidiu essa Assembleia histórica realizada em 14 de dezembro de 1989, e que elegeu provisoriamente a servidora Marísia Dias de Oliveira Nery como a primeira presidente da recém-criada ASIBAMA.
Em 1990, foi criada a Secretaria do Meio Ambiente da Presidência da República – SEMAM, ligada à Presidência da República, que tinha no IBAMA seu órgão gerenciador da questão ambiental. A notícia de criação da SEMAM foi bem recebida pelos servidores públicos, empresários e ambientalistas de ONGs Ecológicas que passaram a acreditar num maior fortalecimento das políticas públicas para a proteção dos recursos naturais.
Em 1991, Lindalva retornou para Viçosa para cursar Mestrado em Ciências Florestais. Nesse período, ela e Divino Eterno Teixeira foram agraciados com o nascimento de sua filha: Naiara Cavalcanti Teixeira.
Em 1994, foi eleita para presidência da ASIBAMA (biênio 1994-1996). Nesse mesmo ano, seu esposo Divino Eterno Teixeira foi fazer Doutorado nos Estados Unidos, de modo que pediu Licença para acompanhamento de cônjuge, o que levou a servidora Ana Maria Evaristo Cruz a assumir a presidência da Associação.
Em 2000, retornou para Brasília para atuar novamente no Centro de Sensoriamento Remoto. Em fevereiro de 2002, assumiu a chefia, e em setembro de 2003 deixou o Centro para trabalhar por um curto período na Diretoria de Gestão Estratégica (DIGET). Em maio de 2004, foi transferida com outras três amigas (Ana Lúcia, Maristela e Débora) para o CECAV, atual Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Cavernas, permanecendo até hoje.
No segundo mandato do Jonas Moraes Correa (biênio 2004-2006) na ASIBAMA-DF, ocupou a vice-presidência. Durante esse período iniciou uma reaproximação com o Sindicato dos Servidores Públicos (SINDSEP-DF).
Participou ativamente pela luta pela reestruturação da Carreira de Especialista em Meio Ambiente, atuando na Comissão instituída pela Portaria Interministerial nº 27/2005, do MMA e MPOG, em 2005 e no Grupo de Trabalho instituído pela Portaria MMA nº 244/2009.
Em agosto de 2006, foi uma das fundadoras da ASIBAMA Nacional, redobrando a sua colaboração com o movimento dos servidores do IBAMA.
Em 2006 foi eleita presidente da ASIBAMA-DF, ocupando a presidência até abril de 2011. De 2003 a 2011, participou ao lado de Ana Maria, Jonas Moraes, Miriam e outros companheiros, nas mesas de negociação com o governo, para tratar tanto de assuntos ligados à reestruturação da Carreira de Especialista em Meio Ambiente e a melhores condições de trabalho quanto àqueles ligados aos movimentos paredistas dos servidores da área ambiental federal.
Quando se formou como Engenheira Florestal, Lindalva Ferreira Cavalcanti era uma das estudantes mais conhecidas e admiradas na Universidade Federal de Viçosa. Uma jovem de cabelos curtos (visual que carrega desde a infância), que se destacava por sua estatura, beleza, carisma e grande capacidade para se doar pelas pessoas e por causas coletivas. E após três décadas atuando no serviço público federal, ela ainda mantém o mesmo brilho, sendo reconhecida como um grande exemplo para todos os servidores que atuam nos órgãos que defendem o meio ambiente do Brasil!!!
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Brasília – DF, Setembro de 2014.
Giovanni Salera Júnior
E-mail: salerajunior@yahoo.com.br
Curriculum Vitae: http://lattes.cnpq.br/9410800331827187
Maiores informações em: http://recantodasletras.com.br/autores/salerajunior