Biografia do Engenheiro Químico VOLNEY ZANARDI JÚNIOR

Volney Zanardi Júnior é um Engenheiro Químico, servidor de carreira da Agência Nacional de Águas (ANA), que durante três anos presidiu o IBAMA.

Ele nasceu em Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, em 23 de outubro de 1963, filho de auditor da receita estadual, Volney Zanardi, e da professora, Marly Zanardi. Seu pai é de ascendência italiana e sua mãe natural de Jaguari, interior do estado. A família de Volney era parecida como boa parte das famílias Porto Alegrenses, com um número reduzido de membros e tinha um modo de vida urbano. Ele é o primogênito de sua família, tendo apenas um irmão mais novo: Volmar Zanardi.

Estudou da primeira a quinta série do ensino fundamental no Colégio Estadual Dom Diogo de Souza. Da sexta série ao terceiro ano do segundo grau no Instituto Educacional João XXIII. Aproveitou seu tempo na infância e adolescência entre os estudos e praticando esportes.

Aos 16 anos, passou no vestibular de Engenharia Química da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Logo que ingressou na faculdade, ele se envolveu com várias atividades. Foi monitor da disciplina de Físico-química, fez estágios em várias empresas, realizou pesquisas, sendo inclusive bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Também acompanhou a movimentação dos Centros Acadêmicos e do Diretório Central de Estudantes, nas lutas pela redemocratização.

O Rio Grande do Sul sempre teve papel importante no cenário nacional, influenciando em vários aspectos da sociedade brasileira (ciência, arte, política, movimentos sociais etc.). Foi o pioneiro do movimento ecológico no Brasil, em várias lutas na proteção da natureza. A primeira ONG Ecológica brasileira, a AGAPAN, nasceu em terras gaúchas sob liderança do famoso ambientalista José Lutzenberger, dando origem a diversas propostas inovadoras que influenciaram toda uma geração.

Foi um dos primeiros estados na criação de leis ambientais, servindo de referência na criação da Política Nacional de Meio Ambiente (Lei Federal nº 6.938, de 31 de agosto de 1981). Também ocupou destaque pelo desenvolvimento de uma série de iniciativas para o fomento das pesquisas, do ensino e da divulgação de conceitos ecológicos, nas instâncias públicas e privadas.

Outra questão que marcou a história da luta ambientalista nacional aconteceu nesse período, quando o governo militar do presidente João Batista Figueiredo anunciou que a construção da hidrelétrica de Itaipu iria inundar o Parque Nacional de Sete Quedas. O anúncio de destruição daquela paisagem aconteceu em janeiro de 1982, levando milhares de pessoas a protestar pacificamente em todo país contra aquela obra.

A grande mídia deu amplo destaque nas campanhas realizadas por centenas de associações que se manifestavam inconformadas com a notícia de destruição de um dos mais belos cartões postais do Brasil. Durante vários meses, caravanas de todas as regiões chegavam diariamente para trazer pessoas que queriam ver aquela maravilha da natureza que estava prestes do desaparecimento. Muitos deles se reuniam em acampamentos improvisados nos arredores para defender as cataratas de Sete Quedas com arte, música, passeatas, produzindo artigos para jornais e revistas. Mesmo estando no período de autoritarismo do regime militar, os protestos pacíficos em favor de Sete Quedas viraram um marco no processo maior de construção da cidadania.

No dia 13 de outubro de 1982, as comportas da Usina Hidrelétrica de Itaipu foram fechadas, e em apenas duas semanas Sete Quedas – considerada a maior cachoeira do mundo em volume de água – desapareceu para sempre.

Os anos 80 foram um período extremamente rico, com uma efervescência sociocultural e política sem precedentes na história recente de nosso país. Volney Zanardi mesmo cursando Engenharia Química, que é um curso bastante cartesiano, foi influenciado pelos acontecimentos externos à academia. Durante os diversos estágios em indústrias locais, ele pode vivenciar inúmeras situações que o conduziram para a área ambiental.

Após sua formatura, teve a primeira experiência profissional numa indústria de tintas de Porto Alegre.

Em 1986, ingressou no curso de especialização em Educação no GEEMPA (Grupo de Estudos sobre Educação, Metodologia de Pesquisa e Ação), adquirindo uma visão mais voltada para a integração dos conhecimentos técnicos ligados ao meio ambiente com as questões sociais.

De 1987 a 1990, fez o curso de Mestrado em Ecologia pela UFRGS, com uma bolsa da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Sempre que ingressava num curso, Volney deixava sua atuação profissional de lado para se dedicar integralmente aos estudos.

De junho de 1990 a agosto de 1994, trabalhou como Supervisor de Meio Ambiente na Prefeitura de Porto Alegre, durante a gestão do Prefeito Olívio Dutra. Nessa época, acompanhou vários processos importantes de municipalização das políticas públicas, implantação do orçamento participativo, criação de conselhos municipais etc. Teve grande colaboração do Promotor de Justiça Carlos Lustosa, de quem carrega boas referências.

Após um longo processo, conquistou a bolsa da CAPES para fazer doutorado em Ciências Ambientais na University of East Anglia – uma das pioneiras no Reino Unido e no mundo na abordagem das questões ambientais. Em junho de 1999, defendeu sua Tese de Doutoramento que enfatizava as metodologias de quantificação e avaliação de impactos ambientais e de suporte ao planejamento de sistemas elétricos.

Dois meses antes de se mudar para Londres, Volney selou sua união com a administradora Heleonorma Brandão Vieira. Dessa união tiveram dois filhos.

Assim que retornaram ao Brasil, ele foi contratado como Diretor do Departamento de Recursos Hídricos da Secretaria Estadual do Meio Ambiente (SEMA) do Rio Grande do Sul. Ocupou esse cargo até dezembro de 2002. Nesse período, escreveu vários artigos científicos e alguns capítulos de livros com a coparticipação de outros pesquisadores.

Em março de 2003, ingressou no IBAMA como Coordenador Geral de Licenciamento Ambiental, durante a gestão do então presidente Marcus Luiz Barroso Barros. Essa foi uma passagem curta, de apenas seis meses, mas que lhe permitiu uma melhor compreensão do funcionamento dessa importante Autarquia federal, especialmente na área de licenciamento e avaliação ambiental de projetos de infraestrutura.

Nessa época, ele foi convidado para trabalhar no Ministério do Meio Ambiente, chegando a ocupar importantes cargos: Diretor de Gestão Estratégica e Diretor de Licenciamento e Avaliação Ambiental, ampliando sua experiência no planejamento ambiental integrado, informação ambiental, gestão ambiental compartilhada.

Em julho de 2012, foi convidado pela Ministra Izabella Teixeira para assumir a presidência do IBAMA. Chegou com a intenção de melhorar a visão de planejamento de médio e longo prazo, visando uma perspectiva de diálogo entre os objetivos estratégicos de desenvolvimento socioeconômico condizente com cenário de estabilidade macroeconômica que o país vivia.

Em maio de 2015, após três anos, Volney deixou a presidência do IBAMA.

BIBLIOGRAFIA:

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DINIZ, Nilo Sérgio de Melo. 2010. Ambiente e Democracia Participativa: A Experiência do CONAMA. Monografia - curso de Especialização em Democracia Participativa, República e Movimentos Sociais. Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG. 104p. Orientadora: Heloisa Maria Murgel Starling. Disponível em: http://www.secretariageral.gov.br/.arquivos/monografias/Nilo%20Sergo%20de%20Melo%20Diniz.pdf

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Brasília – DF, Junho de 2015.

Giovanni Salera Júnior

E-mail: salerajunior@yahoo.com.br

Curriculum Vitae: http://lattes.cnpq.br/9410800331827187

Maiores informações em: http://recantodasletras.com.br/autores/salerajunior

Giovanni Salera Júnior
Enviado por Giovanni Salera Júnior em 01/09/2014
Reeditado em 17/11/2021
Código do texto: T4945768
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