Enéas Carneiro
ENÉAS FERREIRA CARNEIRO
(68 anos)
Médico Cardiologista e Político
* Rio Branco, AC (05/11/1938)
+ Rio de Janeiro, RJ (06/05/2007)
ESCORPIÃO
Personalidade de contrastes, Enéas perdeu os pais aos nove anos de idade, sendo obrigado a trabalhar para sustentar seus irmãos.
Em 1958 abandonou a vida humilde no estado do Acre para iniciar seus estudos no Rio de Janeiro. Em 1959 formou-se terceiro-sargento auxiliar de anestesia. Em 1965 formou-se em Medicina pela Escola de Medicina e Cirurgia, e tinha mestrado em Cardiologia. Em 1980 foi diplomado como médico do Hospital do Câncer do Rio de Janeiro.
Publicou o livro didático denominado "O Eletrocardiograma", que ainda hoje é conhecido no meio médico como a A Bíblia do Enéas e sobre o mesmo tema ministrou curso no Rio de Janeiro e em São Paulo por anos consecutivos, sempre com turmas cheias.
Como professor tinha como marcas principais a assiduidade, a pontualidade, didática e domínio do assunto ao extremo, sempre chamando atenção para o fato de que sala de aula não era território para assuntos políticos. A produção acadêmica de Enéas não se restringe à medicina, ele é autor de artigos sobre diversos assuntos, desde Cardiologia, até Filosofia, Lógica e Robótica.
Enéas fundou, em 1989, o PRONA, lançando-se imediatamente candidato à Presidência nas primeiras eleições diretas do Brasil, após o período da Ditadura Militar. O seu tempo na propaganda eleitoral gratuita era de apenas dezessete segundos. Todavia, sua imagem exótica (um homem pequeno, calvo, com enorme barba cerrada e grandes óculos), aliada a uma fala rápida e discurso inflamado e ultranacionalista (terminado sempre por seu bordão: "Meu nome é Enéas"), fez com que o então desconhecido político angariasse mais de 360 mil votos, colocando-o em 12º lugar entre 21 candidatos.
Percebendo a penetração de sua imagem junto ao eleitorado, Enéas voltou a se candidatar em 1994, dispondo então de um minuto e 17 segundos no horário eleitoral. Mesmo sendo o PRONA um partido ainda sem expressão, o resultado surpreendeu os especialistas em política. Enéas foi o terceiro mais votado, posicionando-se à frente de políticos consagrados, como o então governador do Rio de Janeiro Leonel Brizola, do ex-governador de São Paulo Orestes Quércia, e do ex-governador de Santa Catarina, Esperidião Amin, com mais de 4,6 milhões de votos (7%).
Em 1998, com um minuto e quarenta segundos disponíveis no horário eleitoral, Enéas expôs seu discurso nacionalista como nunca havia feito antes. Suas idéias, entretanto consideradas polêmicas, como a construção da bomba atômica, a nacionalização dos recursos minerais do subsolo brasileiro e a ampliação do efetivo militar, passaram a ser usadas pela imprensa e por adversários políticos, de forma deturpada, como arma política para deter sua crescente popularidade. Nas eleições presidenciais daquele ano, foi o quarto colocado, com um total de 1.447.090 votos.
Em 2000 candidatou-se à prefeitura de São Paulo, obtendo 3% dos votos, e conseguiu reunir votos para a eleição de sua candidata a vereadora Havanir Nimtz.
Em 2002 candidatou-se a deputado federal por São Paulo, obtendo a maior votação da história brasileira para aquele cargo: cerca de 1,5 milhão de votos, recorde que permanece imbatido. Seu partido obteve votos suficientes para, através do sistema proporcional, eleger mais cinco deputados federais (mesmo com votações inexpressivas, abaixo dos mil votos). Este episódio ficou marcado pela polêmica de que alguns destes candidatos teriam mudado de colégio eleitoral de forma ilegal apenas para serem eleitos pelo princípio da proporcionalidade, confiando nos votos conferidos ao partido através de Enéas.
Enéas também participou ativamente das eleições para prefeitos e vereadores em 2004, ajudando a eleger vereadores em várias capitais, como Rio e São Paulo, e prefeitos em pequenas cidades.
Enéas Carneiro apresentava-se como um político nacionalista e radicalmente contrário ao aborto e à união civil de pessoas do mesmo sexo. Alguns críticos o associavam como um novo ícone do Movimento Integralista. Analistas enxergam Enéas como um fruto da democracia moderna, alegando que sua imagem excêntrica e seu bordão ("Meu nome é Enéas") se sobrepõem ao seu discurso hermético e intelectualizado frente às classes mais pobres da sociedade brasileira.
No início de 2006, Enéas passou por sérios problemas de saúde, uma pneumonia e uma leucemia mielóide aguda, fazendo com que ele optasse por retirar sua folclórica barba, antes que a quimioterapia o fizesse. Ainda em função de seus problemas de saúde, em junho de 2006 Enéas anunciou que desistiria de sua candidatura à Presidência da República e que concorreria novamente à Câmara de Deputados. Na nova campanha, mudou seu bordão para "Com barba ou sem barba, meu nome é Enéas". Foi reeleito com a quarta maior votação no estado de São Paulo, atingindo 386 905 votos, cerca de 1,90% dos votos válidos no estado.
Após o primeiro turno das eleições presidenciais de 2006, seu partido, o PRONA, se funde com o PL e então é fundado um novo partido, o Partido da República.
No dia 6 de maio de 2007, aos 68 anos, Enéas Carneiro faleceu em sua casa, vitimado pela Leucemia Mielóide Aguda, após ter desistido do tratamento quimioterápico e abandonado o hospital onde era tratado, o Hospital Samaritano, por acreditar que seu tratamento não mais surtiria efeito.
Seu corpo foi velado na manhã do dia 7 de maio no Memorial do Carmo (que fica no Cemitério São Francisco Xavier), e cremado, na tarde do mesmo dia, no crematório da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro. O último pedido de Enéas foi que sua família jogasse suas cinzas na Baía de Guanabara.
Sua suplente na Câmara foi Luciana Castro de Almeida (PR, candidata pelo PRONA), que conseguira apenas 3.980 votos na eleição de 2006.