CHICO DA MATILDE - Dragão do Mar
"À testa dos jangadeiros cearenses, Nascimento impede o tráfico dos escravos da província do Ceará vendidos para o sul."
"Seu velho está tonto com tanta festa e cumprimentos de tanta gente importante!"
Monumento a Francisco José do Nascimento, o Dragão do Mar, em Canoa Quebrada, Aracati - CE
FRANCISCO JOSÉ DO NASCIMENTO
(74 anos)
Jangadeiro, Prático Mor e Abolicionista
* Canoa Quebrada - Aracati, CE (15/04/1839)
+ Fortaleza, CE (05/03/1914
ARIES
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Francisco José do Nascimento, também conhecido como Dragão do Mar ou Chico da Matilde, foi um líder jangadeiro, prático mor e abolicionista, com participação ativa no "Movimento Abolicionista Cearense". Lembrando que o estado do Ceará foi pioneiro na abolição da escravidão, fato que lhe tornou conhecido como "Terra da Luz". A pesquisa de maior relevância produzida acerca da memória do herói é encontrada no livro: "Dragão do Mar: A Construção do Herói Jangadeiro" da pesquisadora e mestra Patrícia Pereira Xavier, paulistana, atualmente residindo em Fortaleza, CE.
Em 1884, o Ceará tornou-se a primeira província brasileira a abolir a escravidão. OMovimento Abolicionista Cearense, surgido em 1879, contribui, embora não decisivamente, para essa abolição pioneira.
As ações repercutiram no país e os abolicionistas, gente de elite, brava e culta, foram ovacionados pela imprensa abolicionista nacional. Entre eles há, porém, uma pessoa humilde, de cor parda, trabalhador do mar: Chico da Matilde. Chefe dos jangadeiros, eles e seus colegas se engajaram à luta já em 1881, recusando-se a transportar para os navios negreiros, os escravos vendidos para o sul do país.
Angelo Agostini registrou e homenageou o fato na capa da Revista Illustrada, com uma litogravura com ilustração alegórica de Francisco Nascimento, com a seguinte legenda:
Assim, Chico da Matilde foi levado para corte com sua jangada, desfilou pelas ruas, recebeu chuvas de flores da multidão e ganhou novo nome, mais pomposo e mítico: Dragão do Mar ou Navegante Negro. De lá escreveu à mulher:
Monumento a Francisco José do Nascimento, o Dragão do Mar, em Canoa Quebrada, Aracati - CE
Símbolo da resistência popular cearense contra a escravidão, foi homenageado merecidamente pelo governo do Ceará dando seu nome ao Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura. Pelo que ele e seus colegas ousaram fazer em nome da liberdade, em 1881, nas areias da Praia de Iracema.
Além do já referido Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, há uma Escola Pública Estadual cujo nome também homenageia Francisco Nascimento, localizada no bairro do Mucuripe em Fortaleza, Ce, Escola de Ensino Médio Dragão do Mar, que foi fundada em 1955, com a missão de alfabetizar os filhos de pescadores que moravam na região naquela época. O grupo Estudantes Pela Liberdade, em sua unidade no Ceará, batizou um de seus grupos de estudo em homenagem a ele.
Navio Dragão do Mar
Em 23/08/2013, a Petrobrás, por meio de sua subsidiária Transpetro, lançou ao mar um novo navio petroleiro, de fabricação e bandeira brasileira, construído em Pernambuco, batizado Dragão do Mar em homenagem a Francisco Nascimento.
O navio é o sétimo do Programa de Modernização e Expansão da Frota (PROMEF) a entrar em operação. A cerimônia de início de operações do navio foi comandada pela presidente Dilma Rousseff, em Ipojuca, no estado de Pernambuco, em 14/04/2014.
O batizo da embarcação homenageia o líder jangadeiro brasileiro Francisco José do Nascimento que, em 1881, junto com seus colegas recusaram transportar para os navios negreiros, os escravos vendidos para o Sul do País.
Construído por um contrato da Transpetro com o um estaleiro de Ipojuca, PE, foi a primeira grande embarcação a homenagear um jangadeiro do Ceará nas encomendada do Programa de Modernização e Expansão da Frota da Transpetro.
Tem 274 metros de comprimento por 51 de altura e 44 de largura e é a sétima embarcação do Programa de Modernização Expansão da Frota (Promef) a entrar em operação.
Os dois navios anteriores também receberam nomes de ícones da resistência negra: João Cândido e Zumbi dos Palmares.