JOSÉ ALVES DE MATOS
(97 anos)
Cangaceiro
* Paripiranga, BA (1917)
+ Maceió, AL (15/06/2014)
José Alves Matos, mais conhecido por Vinte e Cinco, nasceu em Paripiranga, BA, na Fazenda Alagoinha. Teve vários primos e sobrinhos com ele no cangaço, tais como: Santa Cruz, Pavão, Chumbinho, Ventania e Azulão.
José Alves vem de uma família numerosa, sendo oito irmãos e seis irmãs e depois seu pai casou novamente e nasceram mais cinco homens e três mulheres.
Antes de se destacar no bando montado por Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião,José Alves de Matos tinha, de acordo com sua filha, feito estágio no bando deCorisco, alcunha de Cristino Gomes da Silva Cleto. No dia que entrou para o bando de Corisco o seu sobrinho Santa Cruz entrou no grupo de Mariano. Por conta de uma discussão com a cangaceira Dadá saiu do grupo de Corisco.
Corisco e Vinte e Cinco
Somente depois de participar do bando de Corisco foi que ingressou no grupo de Lampião, de quem recebeu, na noite de Natal, o apelido pelo qual será eternamente conhecido: Vinte e Cinco.
Ingressou no grupo de Virgulino Ferreira da Silva no dia 25/12/1937, aos 20 anos, depois de se dizer perseguido pelas polícias da Bahia, Alagoas e Pernambuco. O dia em que entrou para o bando de Lampião lhe valeu o apelido de Vinte e Cinco.
No fatídico 28/07/1938, da morte de Lampião, ele não se encontrava entre o bando porque havia sido incumbido de ir junto com os dois irmãos Atividade e Velocidade buscar uns mosquetões, munições e mantimentos para o grupo como conta Dalma Matos, filha do cangaceiro:.
Após a morte de Lampião, Vinte e Cinco se manteve escondido até se entregar as autoridades em novembro de 1938 junto com outros cangaceiros, em Poço Redondo, SE, e acabou ficando preso por quatro anos em Maceió e dentro da cadeia começou a estudar. Quando recebeu o alvará de soltura conseguiu entrar no Estado como Guarda Civil, conseguindo a vaga através de um amigo.
Vinte e Cinco, Lampião, Canário e Maria Bonita
Quando o governador Ismar de Góis Monteiro descobriu que ele havia sido cangaceiro convocou o secretário de Justiça do Estado, o senhor Ari Pitombo e disse que não podia ficar com ele na guarda pois ele havia sido cangaceiro. O secretário procurou o chefe da guarda, o major Caboclinho e o major disse que ele era entre os 38 guardas o melhor profissional que ele tinha. O Secretário resolveu fazer um concurso entre eles e José Alves contratou duas professoras, esqueceu as festas e curtições e foi estudar bastante o que lhe rendeu o primeiro lugar na primeira fase, na segunda fase se classificou entre os melhores e quase foi reprovado na parte de tiro, pois era acostumado com o Parabellum e teve que atirar com um 38, só passando depois que atirou com o Parabellum e acertou o alvo, depois de duas sequências de erros com a outra arma.
Com seis obras publicadas sobre o cangaço, o pesquisador baiano João de Souza Lima afirma que conheceu Vinte e Cinco em 2005, e o define como um "ser humano inteligentíssimo".
José Alves, que era aposentado como servidor do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de Alagoas, foi casado por mais de 50 anos com Mariza da Silva Matos e deixou seis filhos e 16 netos.
Vinte e Cinco e a esposa Mariza
Morte
Último cangaceiro do bando de Lampião, José Alves de Matos, 97 anos, morreu na manhã de domingo, 15/06/2014, em sua residência, em Maceió, AL, vítima de insuficiência respiratória.
O corpo de José Alves de Matos, tido como o último cangaceiro vivo do bando de Virgulino Ferreira da Silva (Lampião), foi sepultado no início da noite de segunda-feira, 16/06/2014 no Cemitério Parque das Flores, 76 anos depois de ter escapado da morte pela polícia alagoana no famoso Massacre da Gruta de Angicos, onde Lampião, Maria Bonita e seus cangaceiros foram mortos pelos"macacos", apelido dado por Lampião à Policia Volante.
Vinte e Cinco era "oficialmente" o ultimo ex-cangaceiro vivo. Dos remanescentes do cangaço de Lampião resta apenas Dulce que foi companheira do cangaceiro Criança.