Biografia de LUIZ DA SILVA ROCHA

Vice-prefeito de Wilson Câmara Frazão

Luiz da Silva Rocha foi o 2º vice-prefeito de Breves, na gestão de Wilson Câmara Frazão, de 1973 a 1976.

Nasceu, em 7 de julho de 1928, no rio Ituquara, interior do município de Breves (Ilha de Marajó – Pará), filho de Francisco José da Rocha e Joana da Silva Rocha. É o sexto filho de uma família de dez irmãos: Maria, Manuel, José, Maria Hilda, Raimunda, Luiz, Raimundo, Santana, Terezinha e Socorro.

Seu pai, Francisco José da Rocha, além de trabalhar no roçado, na pesca e extração de látex das seringueiras, também era Agente de Polícia, atuando ao lado do famoso Comissário Cipriano Maia (pai do Jorge Maia e avô da Kelze Maia).

Aos 12 anos de idade, Luiz Rocha mudou-se com sua família para Breves. Depois de uns anos começou a estudar no Grupo Escolar Dr. Lauro Sodré, que contava com muitas professoras queridas pela população local, como: Emerentina Moreira de Souza, Mengada, Maria Vilhena dos Santos, Aurea Cunha, Margarida Azevedo Nemer e Oneide Teixeira Soares.

Casou-se pela primeira vez aos 18 anos de idade com Odete Amaral Rocha, com quem teve sete filhas. Da segunda união com Maria Zuleide Cardoso Farias nasceu: Ney Cardoso Rocha.

Em sua juventude Luiz Rocha começou a atuar como homem público ao lado de grandes nomes do cenário político local.

Seu primeiro emprego foi durante a segunda gestão do Prefeito Américo Natalino Carneiro Brasil (1955-1958), sendo nomeado como administrador do Mercado Municipal, que naquela época funcionava aonde atualmente é a Agência do BANPARÁ. Por causa desse trabalho, Luiz Rocha se tornou bem conhecido pelos moradores e comerciantes locais que se dirigiam diariamente ao Mercado Municipal para comprar carnes, pescado, camarão e outros gêneros alimentícios.

Assim, Luiz da Silva Rocha foi eleito vereador pela primeira vez 1963 a 1966, compondo a base de apoio ao Prefeito Sebastião Hortas Félix. Chegou a presidir a Câmara de Vereadores por duas vezes: a primeira entre 15 de abril de 1964 a 15 de março de 1965, e a segunda entre 15 de março de 1966 a 16 de março de 1967. Até essa época, os vereadores não recebiam salário, de modo que todos tinham que atuar em outras profissões para se manterem financeiramente. Só a partir de 1967 que eles começaram a receber pelos serviços legislativos.

Do Mercado Municipal, Luiz Rocha foi trabalhar no Departamento Municipal de Estradas de Rodagem (DMER), sendo responsável por abertura de ruas e realização de obras importantes. Foi nessa função que ele ajudou o Dr. João Messias dos Santos na construção do Ginásio Miguel Bitar, inaugurado em 1967.

Luiz Rocha foi reeleito como Vereador para seu segundo mandato de 1967 a 1970, durante a gestão do segundo mandato do Prefeito Floriano Pinto Gonçalves.

Pela sua forte atuação na base de apoio dos Prefeitos Sebastião Hortas Félix, Floriano Pinto Gonçalves, os líderes do Partido Social Progressista (PSP), indicaram o nome de Luiz da Silva Rocha como candidato a vice-prefeito na chapa de Wilson Câmara Frazão.

Nesse período, Breves estava passando por grandes transformações sociais e econômicas.

De acordo com dados do IBGE, a população de Breves no começo da década de 50 era de 28.675 habitantes, e em 1970 saltou para 38.201 habitantes.

A Câmara Municipal só contava com cinco Vereadores em 1950 e duas décadas depois esse número havia saltado para dez. Se para a população foi um bom negócio terem mais representantes populares no legislativo, para o Prefeito isso não foi muito bom, pois os Vereadores passaram a ter mais autonomia e começaram a lidar cada vez com um número maior de pessoas. À medida que o número de vereadores aumentava o Prefeito também passou a ter mais trabalho para acomodar sua base política.

Além dessas ocorrências, o município de Breves sofreu duas grandes perdas. A primeira delas foi o fechamento da empresa BISA, que era a maior empresa madeireira. Outro abalo na moral da população local aconteceu com o fechamento da fábrica da Vila do Corcovado. Essas duas empresas eram referência para muitas famílias e líderes políticos.

Por outro lado, foi nesse período também que chegaram as primeiras empresas palmiteiras e madeireiras, o que gerou muitos conflitos nas comunidades ribeirinhas. No início da década de 1970, a Ilha de Marajó passou por intensas transformações sociais e políticas com a intensificação da exploração dos recursos naturais com a chegada de grandes empresas madeireiras e palmiteiras. Essas empresas atuavam em diversas localidades e tinham suas sedes em municípios do próprio arquipélago do Marajó, como Portel, Breves e Anajás, na capital paraense, Belém, e em cidades do Estado do Amapá, como Santana e Macapá.

Nessa época, a atividade de extração do palmito do açaí tinha maior valor do que a coleta dos frutos, pois o palmito representa um tipo de “poupança” disponível a qualquer época do ano, no caso de uma necessidade urgente. Já, o fruto do açaí, mesmo proporcionando rendas maiores, era considerado secundário. Isso se justificava pela produção sazonal dos frutos do açaí, que tem safra bem definida na maioria das localidades do Marajó entre os meses de abril e outubro.

Assim, com a intensificação exploração descontrolada do palmito de açaí começaram a surgir problemas de equilíbrio populacional da espécie. Isso causou queda na produção de frutos e um consequente aumento nos preços da “polpa”. Esse desabastecimento do fruto do açaí gerou uma repercussão bastante negativa, pois esse é o principal item na dieta de grande parte da população marajoara.

Mesmo com o aumento do número de representantes na Câmara de Vereadores, a população mais pobre se sentia oprimida pelos empresários e invasores que chegavam para explorar a região. Para piorar a situação, o período de Ditadura Militar proibia manifestações populares e reivindicações públicas.

Luiz da Silva Rocha usava sua liderança para apoiar o Prefeito Wilson Câmara Frazão para ouvir as reivindicações dos Vereadores e tentar de alguma forma atender aos líderes comunitários e a população ribeirinha em geral.

Mesmo com tantas mudanças sociais e econômicas acontecendo, o grupo do ARENA se mantinha forte.

Nas eleições de 1976, das dez vagas para a Câmara de Vereadores o ARENA conseguiu ocupar nove cadeiras, na base política do Prefeito Carlos Antônio Gonçalves Estácio (sobrinho de Floriano Gonçalves).

Luiz da Silva Rocha foi Secretário de Obras durante os dois governos de Carlos Estácio, sendo responsável pelas obras do Tiro de Guerra, Fórum, Mercado Municipal, pavimentação da Avenida Beira Rio, abertura de parte da PA 159, nivelamento de ruas e construção de canais, iluminação da Praça do Trapiche Municipal etc.

Nos anos 80, foi por cinco anos Presidente do Sindicato Rural de Breves, que funcionava onde atualmente é a sede administrativa da Secretaria Municipal de Saúde (SEMSA).

No final dos anos 90, ele se aposentou como funcionário da Prefeitura, mas sem deixar de lado suas amizades com dezenas de lideranças políticas de Breves.

Ao longo de seus 86 anos de vida Luiz Rocha teve o privilégio de ver a atuação de inúmeros Prefeitos: Américo Brasil, Francisco Moura, João Pereira Seixas, Antônio Bernardo, Floriano Gonçalves, Sebastião Hortas Félix, João Messias, Wilson Frazão, Carlos Estácio, Gervásio Bandeira, Domingos Rebelo, Luiz Rebelo e Xarão Leão.

Certamente que Luiz da Silva Rocha é a memória viva da política brevense. Ele sem dúvidas é uma raridade entre os cidadãos locais, pois atuou como protagonista junto ao primeiro escalão das lideranças políticas locais, vivendo momentos importantíssimos dessa rica trajetória, e até hoje se mantém lúcido e cheio de sonhos em continuar vendo o progresso de Breves e de todo Marajó.

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Ilha de Marajó - PA, Julho de 2014.

Giovanni Salera Júnior

E-mail: salerajunior@yahoo.com.br

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Maiores informações em: http://recantodasletras.com.br/autores/salerajunior

Giovanni Salera Júnior
Enviado por Giovanni Salera Júnior em 09/07/2014
Reeditado em 10/07/2014
Código do texto: T4875753
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