Reflexão de madrugada
Às vezes viajamos pelo passado, nas fotos e perfis de gente que já esteve presente em nosso passado. Pessoas que não foram assim, íntimos, e outros muito amigos, uns do coral, uns da faculdade, uns da vizinhança, uns da escola e outros que já foram amigos do coração que um dia fizemos algo que os afastou, mas fizeram parte de dias alegres, momentos inesquecíveis. Vemos que se tornaram pessoas mais lindas ainda, mais vitoriosas. Dá vontade de uma nova aproximação, sentir a aconchego do encontro.
Mas o presente, o dia de hoje, alerta que o que passou ficou pra trás e não devemos olhar pra trás ou nosso coração petrifica como uma pedra de sal e nos impede de seguir para um futuro. Mesmo incerto, o futuro é o que nos resta.
Mesmo que o dia atual não nos traz alegria e nem enxerguemos uma esperança próxima, e que a dor dilacera a nossa alma, não nos dá o direito de querermos voltar atrás.
Se estas pessoas ficaram para trás por escolha nossa ou delas, algum motivo tem nisto. Reaproximar delas não depende do querer e sim do destino, da vontade de algo além de nós mesmos. A vida não nos leva pra longe por um motivo fútil, mesmo que isto cause enorme dor em nossa alma.
Muitas vezes somos lançados em um espaço solitário, em um lugar onde mesmo se querendo estar em comunidade a vida nos isola. Mesmo precisando de pessoas, ficamos a sós, mesmo lutando com a dor da alma, que é a depressão, a vida nos deixa resolver sozinhos.
Nos vemos em meio as paredes de nosso quarto sem poder sair, sem poder viver ou olhar o céu.
As pessoas não aparecem, todos estão de alguma forma ocupados com suas próprias lutas, próprias dores, próprias vidas.
Resta-nos rir ou chorar, dançar ou paralisar, cantar ou silenciar, sair ou ficar. Isto é viver. Morrer não é do nosso direito de querer também, não nos deram este direito de escolher viver ou morrer.
Só nos deram o direito de escolher, mas todas escolhas vem com renúncias e consequências. Consequências que nos são agradáveis ou não.
Somos seres que temos o livre arbítrio, mas somos presos a consciência e da colheita.
Se isto é justo? Não sabemos dizer ou mensurar.
Apenas podemos seguir rindo ou chorando depende da nossa escolha.
06/07/2014
Fatinha Yousun