SOB O CÉU DE TERESÓPOLIS - Introdução

(Minhas Memórias)

Após concluir a faculdade, veio-me novamente aquela preocupação:

- O que fazer agora para não cair na rotina?

Mudar o ritmo de vida é muito bom. Foi exatamente o que sempre fiz. Chegava até a contar nos dedos, cada etapa, o quanto durou.

Quando morava no Rio de Janeiro, um amigo me disse:

- Admiro e até invejo sua "filosofia de vida".

- Por quê? - perguntei surpresa.

- Você, sem preocupar-se com a situação presente, fala do seu passado e futuro, como se estivesse referindo-se a outra pessoa.

Agora, terminado o curso superior, é preciso trabalhar, produzir, fazer algo útil e agradável ao mesmo tempo. Mas o quê? Fui professora polivalente de Área Técnica em Escola Pública pela UFRGS e professora de piano, acordeom e violão, em conservatórios e particular. Não se deve perder tempo. Tempo é vida. Quando queremos fazer algo, além de querer é preciso começar a fazer.

O Tempo

É meia-noite e o relógio

Não pára em seu tique-taque.

E nisso o tempo está craque.

Tão veloz! Seu apanágio

É passar despercebido

Sem que se tenha sentido.

Pois o tempo é ingrato, dizem.

Marca sem dó nem piedade

A quem já tem certa idade.

Mas também se contradizem,

Considerando-o remédio

Para quem sofre ou tem tédio.

Tanta gente utilizando

Passatempo pra passar

O tempo que é devagar...

Mas outros vão moderando,

Evitando exagerar

Para o tempo ir devagar...

Crianças impertinentes

Querem no tempo voar,

Não vêem tempo passar.

Os velhos intransigentes

Querendo o tempo parar,

Só sentem o tempo voar.

Tempo de chuva ou de vento,

Tempo antigo, tempo-quente,

Tempo atual, que é o presente,

Tempo de valsa, andamento,

Tempo simples ou composto

Seja no verbo ou no rosto.

Tempo do Onça, tão distante!

Uma época. Ocasião

Que em momentos de tensão,

Lembrar não é o bastante.

É melhor temporizar

Deixando o tempo passar...

Outro fator é o valor. É interessante como as coisas mudam de valor ao longo da vida. O que hoje é de vital importância, amanhã ou depois pode tornar-se tolice, inútil ou até ridículo. E vice-versa.

VALOR

Tudo que valor tiver

Em maior ou menor grau,

Seja qual for o degrau,

Que o indivíduo dispuser;

Oscilará como a nau,

Como a bandeira no pau,

No tempo que transpuser.

Se for um som musical,

Conservará a rigor,

Cada um, o seu valor,

E sempre será igual.

Mas, se medirmos vigor,

Poderá virar vapor,

Se a vida está no final.

Se estimarmos o valor

Intrínseco da pessoa,

Se ela é má ou muito boa,

Amizade justapor.

Porém, por motivo à toa,

Se amizade não lhe soa,

Desvalor vai predispor

Tratando-se de dinheiro,

Do seu valor nominal,

Seja papel ou metal,

Dólar é mais verdadeiro.

Valor é superficial

Embora num manancial,

Se for o nosso cruzeiro.

Ao valor estimativo

Não há preço que se pague.

Cuida-se que não apague

Num balanço apreciativo.

Não deixemos que ele vague,

Que se quebre ou que se rasgue.

E por si só é o motivo!

Antigamente, faculdade para mim era perda de tempo e de dinheiro. Bastavam-me os demais cursos que concluí. Atualmente, muita coisa mudou. É necessário atualizar-se.

Estagnação é morte. Não podemos parar. Mas sim, alçar um belo vôo através do tempo. É fantástico como a nossa memória pode transportar-nos a boas distâncias, como ao passado.

- Ó bendita Mnemósine, protegei-me!

Voa, voa, pensamento,

Transportando-me ao passado,

Assim, nas asas do vento,

Lembro cada antepassado.

Foi fazendo esta trovinha que me lembrei de fazer-lhes este convite:

- Vamos a Teresópolis?

Maria do Céo Corrêa
Enviado por Maria do Céo Corrêa em 06/07/2014
Reeditado em 06/07/2014
Código do texto: T4871192
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