ROBERTO RODRIGUES
(23 anos)
Desenhista, Ilustrador e Escultor
* Rio de Janeiro, RJ (1906)
+ Rio de Janeiro, RJ (1929)
Desenhista, Ilustrador e Escultor
* Rio de Janeiro, RJ (1906)
+ Rio de Janeiro, RJ (1929)
Nascido no Rio de Janeiro em 1906, era filho do político e jornalista Mário Rodrigues, fundador dos jornais A Manhã e Crítica, irmão do também jornalista Mário Filho e do dramaturgo Nelson Rodrigues. Exímio desenhista, trabalhou como ilustrador nos jornais da família e em outros. Ingressou em 1923 na Escola Nacional de Belas Artes, onde conquistou algumas premiações, se destacando também pelas veementes críticas que fazia aos grandes pintores acadêmicos da época. Algumas mostras do artista foram organizadas após a sua morte: em 1930, no Liceu de Artes e Ofícios, Rio de Janeiro; em 1993, na Galeria A. S. Studio, São Paulo; e em 2000, no Conjunto Cultural da Caixa, Rio de Janeiro, e mais recentemente na Galeria Hermitage.
Na tarde de 26 de dezembro de 1929, a jornalista e escritora Sylvia Serafim Thibau, 28 anos, casada e mãe de dois filhos pequenos, deu um tiro na barriga de Roberto Rodrigues, 23 anos, na redação do jornal “Critica”, de propriedade da família Rodrigues. Naquele mesmo dia, a primeira página do jornal trazia uma reportagem difamatória sobre o desquite de Sylvia, cuja ilustração – assinada por Roberto – insinuava que ela traíra o marido. O desenho mostrava um médico – no caso, o Dr. Manoel de Abreu, com quem Sylvia se tratava – alisando as coxas de uma mulher, Sylvia.
O desenhista não morreu imediatamente. Padeceria ainda por três dias. O atentado transformou-se em Tragédia Rodrigueana: três meses depois da morte de Roberto, o patriarca da família, Mário Rodrigues, que nunca se conformou com a perda do filho querido, morreu de Trombose Cerebral. Cinco meses após a morte de Mário, Sylvia, responsabilizada pelos Rodrigues pelas duas mortes, foi julgada e absolvida, apesar da família ter feito uma das maiores, mais duras e ofensivas campanhas contra uma pessoa na imprensa carioca.
Dois meses depois, estourou a Revolução de 30, e o jornal “Critica”, defensor do regime que era derrubado, acabou sendo empastelado e nunca mais circulou. Era a desgraça completa da família Rodrigues. No entanto, o último capítulo desta dramática história ainda não estava escrito. Dois anos depois de ser absolvida, Sylvia se apaixonou pelo tenente-aviador Armando Menezes. Os dois tiveram um filho chamado Rohny.
Armando foi transferido para Curitiba e abandonou Sylvia. Logo em seguida, um juiz decretou a prisão de Sylvia porque ela foi acusada de falsificar documentos para estudar numa faculdade de direito.
Com medo de um novo escândalo, Sylvia fugiu para Curitiba atrás de Armando. Ela foi rejeitada pelo tenente e tentou o suicídio em um quarto de hotel. A polícia transferiu Sylvia para a enfermaria da casa de detenção em Niterói, RJ. Na madrugada de 27 de abril de 1936, Sylvia suicidou-se ao lado de seu filho de três anos, que estava dormindo.
A morte de Roberto Rodrigues deixou marcas profundas num dos seus irmãos mais famosos: Nelson Rodrigues, considerado o maior dramaturgo brasileiro, que era apenas um jovem de 17 anos quando testemunhou a tragédia. É o próprio Nelson quem revela:
Na tarde de 26 de dezembro de 1929, a jornalista e escritora Sylvia Serafim Thibau, 28 anos, casada e mãe de dois filhos pequenos, deu um tiro na barriga de Roberto Rodrigues, 23 anos, na redação do jornal “Critica”, de propriedade da família Rodrigues. Naquele mesmo dia, a primeira página do jornal trazia uma reportagem difamatória sobre o desquite de Sylvia, cuja ilustração – assinada por Roberto – insinuava que ela traíra o marido. O desenho mostrava um médico – no caso, o Dr. Manoel de Abreu, com quem Sylvia se tratava – alisando as coxas de uma mulher, Sylvia.
O desenhista não morreu imediatamente. Padeceria ainda por três dias. O atentado transformou-se em Tragédia Rodrigueana: três meses depois da morte de Roberto, o patriarca da família, Mário Rodrigues, que nunca se conformou com a perda do filho querido, morreu de Trombose Cerebral. Cinco meses após a morte de Mário, Sylvia, responsabilizada pelos Rodrigues pelas duas mortes, foi julgada e absolvida, apesar da família ter feito uma das maiores, mais duras e ofensivas campanhas contra uma pessoa na imprensa carioca.
Dois meses depois, estourou a Revolução de 30, e o jornal “Critica”, defensor do regime que era derrubado, acabou sendo empastelado e nunca mais circulou. Era a desgraça completa da família Rodrigues. No entanto, o último capítulo desta dramática história ainda não estava escrito. Dois anos depois de ser absolvida, Sylvia se apaixonou pelo tenente-aviador Armando Menezes. Os dois tiveram um filho chamado Rohny.
Armando foi transferido para Curitiba e abandonou Sylvia. Logo em seguida, um juiz decretou a prisão de Sylvia porque ela foi acusada de falsificar documentos para estudar numa faculdade de direito.
Com medo de um novo escândalo, Sylvia fugiu para Curitiba atrás de Armando. Ela foi rejeitada pelo tenente e tentou o suicídio em um quarto de hotel. A polícia transferiu Sylvia para a enfermaria da casa de detenção em Niterói, RJ. Na madrugada de 27 de abril de 1936, Sylvia suicidou-se ao lado de seu filho de três anos, que estava dormindo.
A morte de Roberto Rodrigues deixou marcas profundas num dos seus irmãos mais famosos: Nelson Rodrigues, considerado o maior dramaturgo brasileiro, que era apenas um jovem de 17 anos quando testemunhou a tragédia. É o próprio Nelson quem revela:
"E confesso: o meu teatro não seria como é, nem eu seria como sou, se eu não tivesse sofrido na carne e na alma, se não tivesse chorado até a última lágrima de paixão o assassinato de Roberto."
Por Roberto Rodrigues
O meu primeiro desenho? Não me recordo. Talvez fosse o elefante que ninguém adivinhou. Não fui uma criança prodígio. Lembro-me que apostava um tostão com outros garotos para ver quem desenhava melhor. Sempre perdia…
Gostava de fazer rabiscos, criando um novo tipo de submarino ou canhão cujo mecanismo só eu entendia. Depois tive vontade de crescer para fazer a independência de um país qualquer. Do Canadá por exemplo.
A minha arte é sincera. Sou eu mesmo. Não tenho a preocupação de fazer blague, nem me interessam a gramática artística ou a cartilha social. Muita gente acha horrível o que faço. Pode ser. Não fosse a vida a minha inspiradora… Em todo caso sou moço, e é possível que um dia encontre a beleza das coisas feias.Tanto é belo um idílio romanesco como um crime bárbaro.
Vênus de Milo dá saudade das mulheres feias. Tudo depende do momento. Às vezes prefiro o necrotério, com as mães chorando, a Copacabana com as meninas bonitas e alegres. No resto, sou igual a qualquer mortal — tolero a vida por covardia. Creio que o artista moderno não pode ter a ingenuidade dos antigos. Antigamente, dormia-se bem e comia-se melhor.
O ar era mais puro e existia tranqüilidade de espírito. Hoje o artista trabalha torturado pelo trepidar alucinante das máquinas. Tem a maldade dos milhões de seres animalizados na luta pela vida. Quando eu era pequeno um senhor disse que o artista morria de fome. O castigo melhor é deixá-lo viver.A própria arte se encarrega de matá-lo, muito mais lenta e cruelmente. Não vês como a mãe tem pena do filho artista?
Se encontrares um artista na rua tira o chapéu. O trabalho mais insignificante dele equivale a tua vida inteira de esforço mental.
Roberto Rodrigues