Pérola Byington
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PÉROLA ELLIS BYINGTON
(83 anos)
Filantropa e Ativista Social
* Santa Bárbara, SP (03/12/1879)
+ Nova York, Estados Unidos (06/11/1963) - SAGITÁRIO
 
Filha dos americanos Mary Ellis McIntyre e Roberto D. McIntyre, descendentes de famílias que imigraram dos Estados Unidos após a Guerra Civil, Pearl Byington nasceu em 03 de dezembro de 1879, na Fazenda Barrocão, em Santa Bárbara do Oeste, SP. Além da filha Pearl, que mais tarde adotaria o nome de Pérola, o casal teve as meninas Mary e Lillian.

Em Piracicaba, SP, Pérola iniciou os estudos. Foi aluna do Jardim de Infância da Escola Americana, fundada e dirigida por Miss Watts e a professora e médica belga Maria Renotte, que além de ter sido, na última década do século XIX, a primeira e única médica na capital paulista por mais de uma década e haver se dedicado à criação de uma filial da Cruz Vermelha em São Paulo, como defensora dos direitos femininos participou da fundação da Aliança Paulista Pelo Sufrágio Feminino, tendo sido uma das vice-diretoras. Mais tarde Pérola tranSferiu-se para o colégio fundado por sua mãe.

Aos catorze anos, completou os preparatórios para a Escola Normal. Contudo, como não tinha ainda a idade mínima para inscrição que era de dezesseis anos, foi impedida de matricular-se. Recebeu então aulas particulares, com exceção de latim, que aconteciam em uma escola masculina. Pérola ficava atrás de um biombo para não atrapalhar a aula do professor. Apenas em 1899 obteve o diploma de professora.
 
Ainda na Escola Normal, fez os preparatórios no Curso Anexo da Academia de Direito de São Paulo. Sua intenção não foi bem recebida pelos acadêmicos, então desfavoráveis à abertura do curso ao sexo feminino e Pérola não foi aprovada no exame de geografia.

Casou-se em 1901, com um dos pioneiros da indústria brasileira, Alberto Jackson Byington, com quem teve dois filhos, Alberto e Elizabeth. Em 1912 o casal partiu para os Estados Unidos, para onde haviam levado os filhos para estudar. Como consequência da Primeira Guerra Mundial a família não pode voltar ao Brasil e Pérola passou a colaborar com a Cruz Vermelha americana captando recursos.
 
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Hospital Pérola Byington
Ao retornar ao país na década de 20, deparam-se com a cidade de São Paulo em efervescente desenvolvimento econômico e social. Encontraram também os contrastes econômicos e sociais que caracterizavam a população. Pérola então passou a trabalhar na Cruz Vermelha, ao lado de Maria Renotte, sua antiga conhecida, chegando a exercer o cargo de diretora do Departamento Feminino.

Em 1930, aos cinqüenta anos, junto à educadora sanitária Maria Antonieta de Castro, fundou a Cruzada Pró-Infância, em São Paulo, entidade voltada ao combate da mortalidade infantil, cujos índices eram assustadores então. Pérola foi eleita diretora geral e assim permaneceu por 33 anos.
 
O programa de ações da entidade incluía, inclusive, tentar junto aos poderes públicos a concretização obtenção de leis favoráveis à gestante e à criança, além de criar dispensários com serviços de clínica geral, higiene infantil, pré-natal, fisioterapia, dietética e odontologia. 
 
A criação de uma casa para abrigar mães solteiras, em uma época em que eram discriminadas, e casadas sem apoio familiar foi iniciativa pioneira. Pérola compreendia ser a maternidade função social do estado e defendia a assistência à mãe solteira como uma forma de enfrentamento dos problemas sociais. Era combativa defensora da educação sexual.
 
Como consequência, projetos infantis e creches com serviços de psicologia foram implantados. O hospital-infantil inaugurado em 1959 oferecia, ainda, cursos para estagiários acadêmicos. O funcionamento da Cruzada dependia da participação de todos. Pérola e seu grupo conseguiram constituir uma rede de solidariedade. Profissionais famosos atuavam voluntariamente no Ambulatório-Central, enquanto outros atendiam gratuitamente os pacientes nas residências. Laboratórios realizavam exames sem cobrar aos pacientes e algumas farmácias doavam medicamentos.
 
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Praça Pérola Byington
Pérola foi também, uma das pioneiras na cobrança da divulgação causas da alta mortalidade no parto e pós-parto, objetivando melhorar a qualidade do pré-natal. Por uma de suas cobranças públicas, ocorrida em julho de 1938, na Semana das Mães, recebeu críticas das autoridades. Sua persistência para a institucionalização do Dia e da Semana da criança visava não motivos comerciais, mas acreditava que seria uma importante forma de chamar a atenção sobre os problemas da infância.
 
Colaborou ainda para ajudar a eleger Carlota Pereira de Queiroz, médica paulistana e primeira mulher eleita deputada federal no Brasil, na Constituinte de 1934.
 
Por sua atuação essencial à história da assistência à infância, Pérola foi alvo de várias homenagens. Em 1947 recebeu o título de Membro Honorário da Sociedade Brasileira de Pediatria. Até a ocasião, a única não-pediatra, a merecer tamanha distinção.

Emprestou seu nome ao antigo Hospital da Cruzada, batizado de Pérola Byington após seu falecimento, em 1963, e também à praça localizada em frente ao hospital, na Avenida Brigadeiro Luiz Antonio, região central da cidade de São Paulo. Em 1978 seu busto foi inaugurado na praça.

A maior homenagem certamente à Pérola, contudo, é a forma como seu hospital hoje em dia é conhecido pela população: Hospital da Mulher.