Paulo Francis
(66 anos)
Jornalista, Crítico Teatral e Escritor
* Rio de Janeiro, RJ (02/09/1930)
+ Nova Iorque, EUA (04/02/1997) - VIRGEM
Jornalista, Crítico Teatral e Escritor
* Rio de Janeiro, RJ (02/09/1930)
+ Nova Iorque, EUA (04/02/1997) - VIRGEM
Franz Paulo Trannin Heilborn (Rio de Janeiro RJ 1930 - Nova York, Estados Unidos 1997). Crítico e diretor. Um dos críticos mais ferinos do teatro brasileiro, acaba por deixar o teatro em troca do jornalismo, tornando-se um respeitado e polêmico articulista de sua geração.
Neto de um comerciante alemão de café, Francis fez a educação fundamental e o secundário em colégios católicos tradicionais do Rio de Janeiro, tendo sido interno dos beneditinos, no curso primário, e aluno dos jesuítas do tradicional Colégio Santo Inácio, no secundário. Freqüentou a Faculdade Nacional de Filosofia na Universidade do Brasil, nos anos 1950.
Começa a estudar teatro aos 20 anos. Em 1952, entra para o Teatro do Estudante do Brasil - TEB, companhia de Paschoal Carlos Magno, onde participa de três montagens em papéis secundários. No mesmo ano atua também em dois espetáculos fora do TEB, Romeu e Janete, de Jean Anouilh, pelo Teatro da Semana, e Mulher de Craig, de George Kelly, com direção de Henriette Morineau, por Os Artistas Unidos, recebendo prêmio de ator revelação.
Em 1956, é contratado como diretor pelo Teatro Nacional de Comédia - TNC, companhia oficial do Serviço Nacional de Teatro, SNT. A peça escolhida para comemorar o centenário de nascimento do autor Bernard Shaw, O Dilema de um Médico, é mal recebida pelo público e apreciada com frieza pela crítica, pouco interessados nas agruras do meio médico na Inglaterra do início do século XX. Em 1957, Francis dirige um espetáculo que reúne dois textos. Em O Telescópio, de Jorge Andrade, o diretor não consegue criar o clima de realismo em que se passa a vida de uma família em uma fazenda de café, no interior de São Paulo, assolada pela dispersão e pela crise econômica. Sua direção mostra melhores resultados na montagem de Pedro Mico, de Antônio Callado, que conta com cenário de Oscar Niemeyer para mostrar a vida na favela. Apesar de carregar nas tintas da interpretação e de pintar de preto os atores, Paulo Francis consegue, entretanto, dar dinamismo à encenação, e o espetáculo é um dos raros sucessos de público do TNC.
Em 1957, no mesmo tempo em que encerra sua atuação como diretor com dois espetáculos, Luta Até o Amanhecer, de Ugo Betti, e A Mulher em Três Atos, de Millôr Fernandes, inicia suas atividades como crítico. Durante os seis anos consecutivos em que assina a coluna de teatro do Diário Carioca, Paulo Francis provoca polêmicas e suscita desafetos com seu estilo irônico e provocador.
Depois da crítica teatral, Paulo Francis se estabelece como jornalista e atua como articulista político, editor literário, escritor de ensaios, memórias e ficção. Escreve Opinião Pessoal, 1966; Certezas da Dúvida, 1970; Cabeça de Papel, 1978; Cabeça de Negro, 1979; O Afeto Que Se Encerra, Memórias, 1981; Filhas do Segundo Sexo, 1982; O Brasil no Mundo, uma Análise Política do Autoritarismo desde de Suas Origens, 1985; 1964: Trinta Anos esta Noite - O Que Vi e Vivi, 1994.
Na década de 80, muda-se para Nova York, de onde trabalha para a televisão brasileira como comentarista político e cultural. Nos 90, escreve e comenta sobre a vida da sociedade norte-americana na coluna semanal em O Estado de S. Paulo, Diário da Corte, e participa de Manhattan Connection, programa de debates semanal sobre o assunto na TV a cabo GNT.
Na ocasião de sua morte, escreve o jornalista Luís Nassif: "Havia o jornalista Paulo Francis e o estilo Francis. Graças ao brilho do jornalista, a partir dos anos 80 o estilo Francis tornou-se a grande influência do jornalismo brasileiro. E aí se criou uma situação paradoxal. Em qualquer mídia do mundo, sua irreverência, furor desorganizado, irresponsabilidade brilhante em relação aos fatos, suas fantasias de inventar fontes e situações e de colecionar modismos de maneira desestruturada tornariam-no personagem de destaque. Paulo Francis nasceu para ser maldito e único. O problema é que foi assimilado pelo establishment e passou a ser vários - a multidão de clones que assumiu sua arrogância, sem herdar o brilho".
Neto de um comerciante alemão de café, Francis fez a educação fundamental e o secundário em colégios católicos tradicionais do Rio de Janeiro, tendo sido interno dos beneditinos, no curso primário, e aluno dos jesuítas do tradicional Colégio Santo Inácio, no secundário. Freqüentou a Faculdade Nacional de Filosofia na Universidade do Brasil, nos anos 1950.
Começa a estudar teatro aos 20 anos. Em 1952, entra para o Teatro do Estudante do Brasil - TEB, companhia de Paschoal Carlos Magno, onde participa de três montagens em papéis secundários. No mesmo ano atua também em dois espetáculos fora do TEB, Romeu e Janete, de Jean Anouilh, pelo Teatro da Semana, e Mulher de Craig, de George Kelly, com direção de Henriette Morineau, por Os Artistas Unidos, recebendo prêmio de ator revelação.
Em 1956, é contratado como diretor pelo Teatro Nacional de Comédia - TNC, companhia oficial do Serviço Nacional de Teatro, SNT. A peça escolhida para comemorar o centenário de nascimento do autor Bernard Shaw, O Dilema de um Médico, é mal recebida pelo público e apreciada com frieza pela crítica, pouco interessados nas agruras do meio médico na Inglaterra do início do século XX. Em 1957, Francis dirige um espetáculo que reúne dois textos. Em O Telescópio, de Jorge Andrade, o diretor não consegue criar o clima de realismo em que se passa a vida de uma família em uma fazenda de café, no interior de São Paulo, assolada pela dispersão e pela crise econômica. Sua direção mostra melhores resultados na montagem de Pedro Mico, de Antônio Callado, que conta com cenário de Oscar Niemeyer para mostrar a vida na favela. Apesar de carregar nas tintas da interpretação e de pintar de preto os atores, Paulo Francis consegue, entretanto, dar dinamismo à encenação, e o espetáculo é um dos raros sucessos de público do TNC.
Em 1957, no mesmo tempo em que encerra sua atuação como diretor com dois espetáculos, Luta Até o Amanhecer, de Ugo Betti, e A Mulher em Três Atos, de Millôr Fernandes, inicia suas atividades como crítico. Durante os seis anos consecutivos em que assina a coluna de teatro do Diário Carioca, Paulo Francis provoca polêmicas e suscita desafetos com seu estilo irônico e provocador.
Depois da crítica teatral, Paulo Francis se estabelece como jornalista e atua como articulista político, editor literário, escritor de ensaios, memórias e ficção. Escreve Opinião Pessoal, 1966; Certezas da Dúvida, 1970; Cabeça de Papel, 1978; Cabeça de Negro, 1979; O Afeto Que Se Encerra, Memórias, 1981; Filhas do Segundo Sexo, 1982; O Brasil no Mundo, uma Análise Política do Autoritarismo desde de Suas Origens, 1985; 1964: Trinta Anos esta Noite - O Que Vi e Vivi, 1994.
Na década de 80, muda-se para Nova York, de onde trabalha para a televisão brasileira como comentarista político e cultural. Nos 90, escreve e comenta sobre a vida da sociedade norte-americana na coluna semanal em O Estado de S. Paulo, Diário da Corte, e participa de Manhattan Connection, programa de debates semanal sobre o assunto na TV a cabo GNT.
Na ocasião de sua morte, escreve o jornalista Luís Nassif: "Havia o jornalista Paulo Francis e o estilo Francis. Graças ao brilho do jornalista, a partir dos anos 80 o estilo Francis tornou-se a grande influência do jornalismo brasileiro. E aí se criou uma situação paradoxal. Em qualquer mídia do mundo, sua irreverência, furor desorganizado, irresponsabilidade brilhante em relação aos fatos, suas fantasias de inventar fontes e situações e de colecionar modismos de maneira desestruturada tornariam-no personagem de destaque. Paulo Francis nasceu para ser maldito e único. O problema é que foi assimilado pelo establishment e passou a ser vários - a multidão de clones que assumiu sua arrogância, sem herdar o brilho".
Última Polêmica e Morte
Em inícios de 1997, no programa de TV a cabo do qual participava, Manhattan Connection, transmitido pelo canal GNT, Francis propôs a privatização da Petrobrás e acusou os diretores da estatal de possuírem cinqüenta milhões de dólares em contas na Suíça - acusação pela qual foi processado na justiça americana, sob alegação da Petrobrás de que o programa seria transmitido nos Estados Unidos para assinantes de canais brasileiros na TV a cabo.
Atormentado continuamente pelo processo, do qual não conseguia se desvencilhar, Francis chegou a, segundo o seu amigo e colunista político Élio Gaspari, obter que o então senador José Serra intercedesse junto ao presidente Fernando Henrique Cardoso para que este conseguisse o abandono do processo dos diretores da estatal. A intervenção não conseguiu resultados e o processo continuou.
Francis acabou por morrer de um ataque cardíaco, diagnosticado, em seus primeiros sintomas, como uma simples bursite. Era casado com a jornalista e escritora Sonia Nolasco, com quem viveu por mais de vinte anos.