(42 anos)
Estilista
* Belém do Pará, PA (03/08/1936)
+ São Paulo, SP (09/11/1978) - LEÃO
Estilista
* Belém do Pará, PA (03/08/1936)
+ São Paulo, SP (09/11/1978) - LEÃO
Dener Pamplona de Abreu foi um estilista brasileiro, um dos pioneiros da moda no Brasil. Em 1945 sua família mudou-se para o Rio de Janeiro, onde começou a desenhar seus primeiros vestidos. Seu primeiro contato com a moda teve lugar em 1948, com apenas 13 anos de idade, na Casa Canadá, então importante butique carioca.
Dois anos depois, em 1950, após fazer o vestido de debutante de Danuza Leão, foi contratado para um estágio com Ruth Silveira, dona de um importante ateliê, onde aprimorou seus desenhos. Em 1954 transferiu-se para São Paulo para trabalhar na butique Scarlett. Três anos depois, inaugurou seu próprio ateliê, denominado Dener Alta-Costura, na praça da República. No ano seguinte ganhou dois prêmios por sua coleção, sendo descoberto pelos meios de comunicação. Seu ateliê foi então transferido para a avenida Paulista.
Ao abrir seu primeiro ateliê em São Paulo, quebrou um tabu, criando para socialites quando era moda mulher de bem vestir-se em Paris e quando no Brasil só existiam modistas que copiavam as criações francesas. Este foi o marco inicial da roupa brasileira com estilo próprio.
Dener foi o grande percursor da alta-costura brasileira: fugia da comodidade do copismo, desenhando para clientes de acordo com seu físico, idade, gosto e em consonância com o nosso clima tropical.
Como seu ídolo, Balenciaga, defendia o estilo clássico, de bases simples, embora nos modelos de festa e noiva recorresse a bordados suntuosos e a certa dramaticidade. Requinte a parte, realizava-se mesmo fazendo taieres bem cortados.
Mesmo vivendo cercado de glamour, Dener demostrou ter visão também para o marketing e os negócios. Tanto que foi o primeiro estilista a usar a força da mídia para promover e divulgar seu nome e suas coleções. Com a mesma sensibilidade e inteligência, percebeu, nos anos 60, que era hora de lançar sua grife em produtos industrializados.
Pálido, frágil, de gestos delicados e atitudes excêntricas, o costureiro despertou raiva e paixão. Dener, naquela displicente e bem dosada arrogância de retocador de Deus, embelezava as mulheres e enfurecia os homens. Os homens, principalmente os recalcados, odiavam Dener e tudo o que o genial figurinista representava na frescura de sua masculinidade, escreveu o jornalista David Nasser.
Em 1963, já prestigiado, foi escolhido o estilista oficial da primeira-dama da República, Maria Teresa Fontela, esposa de João Goulart. Era também amigo da primeira-dama, que disse sobre ele: "Dener foi muito importante nesta minha vida, a pública, porque a gente pode pensar que não é, mas postura é uma coisa importante!"
Dener casou-se em 1965 com Maria Stella Splendore, uma de suas manequins (como se chamavam à época as modelos de passarela), de quem se separaria quatro anos mais tarde. Teve dois filhos do casamento, Frederico Augusto (morto em 1992) e Maria Leopoldina, que em 2007 morava com a mãe numa comunidadeHare Krishna no interior de São Paulo.
Em 1968, fundou a Dener Difusão Industrial de Moda, considerada a primeira grife de moda criada no Brasil. Em 1970 foi convidado a participar do júri do "Programa Flávio Cavalcanti". Dois anos depois lançou sua autobiografia, "Dener - O Luxo", e o livro "Curso Básico de Corte e Costura".
Ao longo dos anos 70, Dener disputou com Clodovil Hernandes o titulo de papa daalta costura brasileira.
Clodovil Hernandes e Dener Pamplona
Em 1975 casou-se novamente, desta vez com uma cliente, Vera Helena Camargo, separando-se em 1977.
Quando o mundo começou a mudar, o dinheiro trocou de mãos e surgiu o noveau riche, sentiu os pilares da educação e elegância corretas que sempre defendeu, ruírem como castelos de areia. Foi um golpe duro. Considerado o último dos românticos, começou uma triste derrocada voluntária.
Identificando-se com a personagem de "A Dama das Camélias", que tanto admirava, recusou-se a aceitar as regras de um mundo que fugia dos parâmetros que tinha estabelecido como ideais.
Seus problemas com o alcoolismo agravaram-se em 1978, morrendo em 09 de novembro do mesmo ano em decorrência de uma cirrose hepática. Morreu jovem, empobrecido e triste.
Cronologia
- 1937 - Nasce no dia 3 de agosto em Belém do Pará;
- 1948 - Inicia sua vida profissional na Casa Canadá, com apenas 13 anos;
- 1950 - Faz o vestido de debutante de Danuza Leão, que o apresenta a Ruth Silveira com quem vai trabalhar;
- 1957 - Com 21 anos, abre seu primeiro ateliê, na Praça da República;
- 1958 - Muda o ateliê para a aristocrática Avenida Paulista. Veste clientes famosas, inclusive a primeira dama, Sarah Kubitschek;
- 1959 - Ganha os prêmios de Agulha de Ouro e Agulha de Platina, no Festival da Moda, patrocinado pela Tecidos Matarasso Boussac. Entre os concorrentes figurava até o costureiro Christian Dior. Após a morte desse criador, Dener foi convidado para dirigir a criação da maison francesa. Por motivos incertos recusou a oferta;
- 1962 - Dener é responsável pelo guarda-roupa da primeira-dama Maria Teresa Goulart;
- 1963 - Com o apoio da revista Manchete, da Cia Brasileira de Tecidos Rhodiaceta e do Instituto Brasileiro do Café, Dener e outros estilistas lançam em conjunto a coleção Brazilian Look, com mais de cem modelos que foram apresentados na Europa;
- 1964 - Recebe a Palma de Ouro, no Festival Internacional da Moda, em Las Vegas, com um vestido de cauda rebordade de águas marinhas naturais;
- 1965 - Casa-se com uma de suas manequins, Maria Stela Splendore na época com 16 anos;
- 1966 - Nasce seu filho Frederico Augusto;
- 1967 - Nasce sua filha Maria Leopoldina;
- 1968 - É criada a empresa Dener Difusão Industrial de Moda. Fica oficializada a criação da primeira grife de moda nacional;
- 1969 - Termina seu casamento com Maria Stela Splendore;
- 1970 - É o fim dos anos áureos da alta-costura. Transfere seu ateliê para a Alameda Jaú. Estréia como jurado do "Programa Flávio Cavalcanti";
- 1971 - Transfere seu ateliê para a Alameda Franca;
- 1972 - Lança o livro autobiográfico "Dener, o Luxo", e o manual "Curso Básico de Corte e Costura";
- 1973 - Uni-se a outros costureiros para formar as bases da Associação da Moda Brasileira, cujo objetivo seria lutar contra a evasão de divisas;
- 1975 - Casa-se com Vera Helena Pires de Oliveira Carvalho. Tranfere seu ateliê para Rua Groelândia;
- 1976 - Separa-se de Vera Helena Pires de Oliveira Carvalho, desativa seu ateliê e atende em sua casa algumas clientes fiéis da alta-costura;
- 1977 - Vive tempos difíceis. Já doente, lança a coleção "A Grande Valsa", inspirada no filme "A Viúva Alegre";
- 1978 - Desgostoso com os rumos da moda, optou pelo exílio voluntário. Morreu no dia 09 de novembro em São Paulo aos 42 anos.