Tim Lopes
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ARCANJO ANTONINO LOPES DO NASCIMENTO
(51 anos)
Repórter

* Pelotas, RS (18/11/1950)
+ Rio de Janeiro, RJ (02/06/2002) - ESCORPIÃO

Em 2001, recebeu o Prêmio Esso com a equipe da Rede Globo pela reportagem “Feirão das Drogas”, em que denunciava, por meio de uma câmera escondida, a venda livre de drogas no complexo do Morro do Alemão. Foi o primeiro prêmio Esso concedido na categoria televisão. Recebeu ainda o 11º e o 12º Prêmio Abril de Jornalismo na categoria Atualidades pelas matérias “Tricolor de Coração” publicada na revista Placar de dezembro de 1985, e “Amizade sem Limite”, de maio de 1986. Em fevereiro de 1994, recebeu um prêmio de melhor reportagem feita no jornal O Dia pela série “Funk: som, alegria e terror” - ironicamente, o mesmo tema de sua última grande reportagem na TV Globo.

Ele desapareceu em 2 de junho de 2002 e depoimentos de traficantes presos indicam que foi morto entre as 22 e 24h daquele dia.

Por volta das 17 horas de 2 de junho, domingo, Tim Lopes foi até a favela Vila Cruzeiro, no bairro do Complexo do Alemão, subúrbio do Rio de Janeiro, com uma microcâmera escondida numa pochete que levava na cintura, para gravar imagensde um baile funk promovido por traficantes de drogas. Ele havia recebido uma denúncia dos moradores da favela de que no baile acontecia a exploração sexual de adolescentes e a venda de drogas. Iria verificar também a informação de que os traficantes construíram um parque infantil num acesso da comunidade, para dificultar a ação da polícia, e que desfilavam armados de fuzis.

Os traficantes estranharam a presença de Tim Lopes no local. Há suspeita de que, uma vez descoberto, sua morte tenha sido decidida como vingança pela reportagem feita anteriormente, sobre a venda de drogas no morro, veiculada em agosto de 2001 pela TV Globo. Depois desta reportagem, vários traficantes foram presos e o tráfico da região teve um prejuízo em suas atividades criminosas por um longo tempo. Outras hipóteses são de que Tim Lopes tenha sido confundido com um policial ou um informante da polícia.

Segundo testemunhas, a morte de Tim Lopes foi definida pelo traficante Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco, um dos líderes do grupo criminoso Comando Vermelho, que dominava na época o Complexo do Alemão. As investigações indicam que participaram do crime outros nove traficantes de sua quadrilha. Antes da execução, os traficantes fizeram uma espécie de julgamento para decidir sobre a morte do jornalista. Ele foi torturado antes de morrer, com golpes de katana. Seu corpo foi queimado na localidade da Grota.

Ele também teria sido esquartejado antes de ser queimado - método popularmente chamado como "micro-ondas" e usado para ocultar o cadáver e o crime.

Embora fosse um jornalista destacado, Tim Lopes somente se tornou conhecido nacionalmente após sua morte, num crime que chocou o país, tendo a sua repercussão aumentada em grande parte pela influência da Rede Globo como formadora de opinião. O caso de seu desaparecimento ocupou muitas edições do Jornal Nacional, o que aumentou a pressão sobre as autoridades pela captura de todos os criminosos envolvidos; o jornal também passou a usar a expressão Poder paralelo para definir os grupos criminosos existentes nas favelas cariocas. Embora a resolução do caso fosse considerada pela sociedade em geral como uma prioridade, até pela afronta que representou à liberdade de expressão, houve quem criticasse o fato de que não tenha havido o mesmo empenho da polícia no caso de outros crimes onde não houve a influência de alguma organização influente.

Caçados pela polícia, um a um, todos os criminosos foram presos ou mortos, até que finalmente Elias Maluco foi preso em setembro, no alto da favela, após uma mega-operação policial.

Tim Lopes foi homenageado pela escola de samba Acadêmicos do Tucuruvi no carnaval do ano seguinte, com o enredo "Não calem minha voz", uma homenagem à imprensa, onde um dos versos dizia "a verdade tim-tim por tim-tim", numa referência ao apelido do jornalista.