Zé Bodega
JOSÉ DE ARAÚJO OLIVEIRA
(80 anos)
Saxofonista
* Recife, PE (1923)
+ RJ (23/09/2003)
Era irmão do maestro Severino Araújo. Começou a tocar aos quinze anos de idade influenciado pelo pai. Cresceu na cidade de Ingá, na Paraíba. É considerado um dos dez maiores saxofonistas brasileiros de todos os tampos.
Nas incontáveis gravações de que participou acompanhando cantores, ninguém se arriscava a solar depois de Zé Bodega, apelido que vem da infância, quando fingia ser o dono de uma lojinha, "a bodega", onde vendia areia como se fosse sal.
Com menos de dez anos de idade, imitando o pai, formou uma banda, que dirigia com um pedaço de pau pelas ruas de João Pessoa, PB.
O mais tímido dos irmãos de Severino Araújo entrou para a Orquestra Tabajara em 1942, era ótimo clarinetista, atacava as notas com meiguice e fraseava as notas graciosamente soprando quase sem vibrato, com uma personalidade identificável à primeira vista. Teria lugar na galeria dos grandes saxofonistas do jazz. IdolatravaAl Cohn, descendente em linha direta do som cool nascido com Lester Young.
Em 1945, passou a atuar na Orquestra Tabajara do irmão Severino Araújo. Em 1949, gravou tocando sax sax-tenor e Radamés Gnatalli tocando piano o choro"Bate Papo" e a valsa "Caminho Da Saudade", ambas de Radamés Gnatalli.
Nos anos 1950, viajou com a Orquestra Tabajara pela Europa. Atuou na Rede Globo e tocou com artistas como Roberto Carlos e Elizeth Cardoso. Gravou como solista pela Continental o LP "Um Sax No Samba" acompanhado pela Orquestra Tabajara, com destaque para "Água De Beber", "Amor De Janela", "Quero Morrer No Carnaval" e "Palhaçada". Gravou na Continental com o Trio de Trombones os choros "Humildemente" e "Cadilac Enguiçado" (Manoel Araújo, Astor Silva e José Leocádio) em 1952.
Em 1961, gravou pela Continental o LP "Um Sax No Samba - Zé Bodega E A Orquestra De Severino Araújo" no qual interpretou as músicas "Quero Morrer No Carnaval" (Luis Antônio e Eurico Campos), "Não sabemos" (Rubens Caruso),"Nem Toda Água Do Mar" (Moacir Braga), "Palhaçada", "Fiz O Bobão" e "Nossos Momentos" (Haroldo Barbosa e Luis Reis), "Água De Beber" e "Brigas Nunca Mais" (Tom Jobim e Vinícius de Moraes), "Onde Estava Eu" (Armando Cavalcantie Victor Freire), "Sambando" (Geraldo Medeiros), e "Fracasso" (Nazareno de Britoe Fernando Cesar).
Em 1975, no disco "Depoimentos", lançado pela Orquestra Tabajara, fez solos que são destacados pelo pesquisador Arnaldo De Souteiro como alguns dos melhores momentos de sua carreia em músicas como o choro-canção "Mirando-te", no partido-alto "Dente Por Dente", de Martinho da Vila e em "Se Não For Por Amor", de Benito di Paula.
Em 1978 participou do disco "Mata Virgem" lançado pelo roqueiro baiano Raul Seixas. Tocou saxofone nas músicas "Judas" (Raul Seixas e Paulo Coelho),"Pagando Brabo" (Raul Seixas e Tânia Mena Barreto), "Magia Do Amor" (Raul Seixas e Paulo Coelho), e "Todo Mundo Explica" (Raul Seixas).
Zé Bodega Participou de importantes discos solos de inúmeros artistas como o"Refavela", de Gilberto Gil, "Saudade De Um Clarinete", de K-Ximbinho, "Nesse Inverno", de Tony Bizarro, além de discos de Martinho da Vila, Tim Maia e Eumir Deodato.
Ainda em 1978, tocou saxofone tenor e clarinete em diversas faixas do LP"Antologia Do Samba-Choro", lançado por Gilberto Gil e Germano Mathias, pela gravadora Philips. Em 1979, participou do LP "A Peleja Do Diabo Contra O Dono Do Céu" lançado por Zé Ramalho, pela CBS, tocando sax tenor nas faixas "A Peleja Do Diabo Contra O Dono Do Céu" e "Frevo Mulher", ambas de Zé Ramalho.
Em 1982, participou do disco "Amar Pra Viver Ou Morrer De Amor", de Erasmo Carlos. Em 1992, participou do disco "Chorinho In Concert", de Zé Menezes.
Depois do show no Anhembi, Zé Bodega decidiu dar um tempo. Tinha pressão alta e ficara muito emocionado após ser ovacionado pelo público, na maioria, jovens. Achou que ia morrer e voltou para o Rio de Janeiro. Continuou tocando só na orquestra da TV Globo até sua dissolução. Em seguida vendeu o tenor e ficou tocando flauta na sua casa de praia em Itaipuassu, em Maricá.
A perda da mulher foi um golpe muito duro. Não resistiu. Zé Bodega, o maior saxofonista brasileiro, faleceu em 23/09/2003.