Biografia do Contador de Estórias MÁRIO CURICA

Talentoso Contador de Estórias

O Mário Curica é uma daquelas pessoas que ninguém esquece. Era uma pessoa simples e bastante popular em Breves. Um homem do povo que sabia fazer amigos, e quando chegava num lugar logo contagiava o ambiente com sua alegria e carisma, sempre contando estórias engraçadas e curiosas.

Mário Moreira da Silva, o famoso “Mário Curica”, nasceu em Anajás, em 1898, filho de Francisco Moreira e Maria Eliana do Espírito Santo.

De acordo com a pesquisa do prof. Leonildo Guedes, a alcunha “Mário Curica” advém do apelido do seu filho Antônio - este era chamado de “Curiquinha”, pois tinha os dedos parecidos com os de uma ave da região chamada de “curica”. Portanto, a partir do apelido do filho, veio a apelido do pai: Mário Curica.

Passou sua infância numa comunidade ribeirinha às margens do rio Macujubim no interior do município de Anajás. Anos mais tarde veio para o interior de Breves, mais precisamente para o rio Mapuá, onde passou aproximadamente dez anos de sua vida. Nesse período, Mário Curica se apaixonou pela mulher que seria sua futura esposa - Jocimes Monteiro da Silva, com quem se casou e teve seis filhos: Maria de Nazaré, Raimundo, Antônio, Rosendo, Maria e Erundina.

Na primeira metade do Século XX, a região do Mapuá era reconhecida pela sua importante produção de látex dos seringais nativos. Como um dos seringueiros da região, o Mário Curica acordava de madrugada e saía sozinho para o meio da mata para “riscar” as seringueiras nativas e trabalhar na lavoura. É dessa sua vivência no Mapuá que surgiu boa parte de seus contos e causos relacionados ao imaginário lendário das florestas marajoaras.

A produção da borracha reduziu drasticamente em 1945 com o fim da Segunda Guerra Mundial. Assim, Mário Curica voltou ao rio Macujubim e, posteriormente, veio para a cidade de Breves com sua família em busca de trabalho e melhores condições de vida.

Na cidade começou a trabalhar com carpintaria e serviços gerais. Mesmo não sabendo ler e escrever tinha uma enorme habilidade para conseguir trabalho. Ele era um homem bastante comunicativo e era sempre requisitado por amigos e conhecidos que gostavam de ouvir suas estórias. Foi com essa sua grande capacidade de contar causos e contos que o senhor Mário Moreira da Silva se tornou benquisto por todos.

Ele ficou viúvo em 1980, e nos últimos anos de sua vida residia na avenida Capitão Assis no bairro da Castanheira. Em 2010, a Prefeitura Municipal batizou essa avenida de “Mário Curica” em homenagem a esse ilustre contador de estórias.

Mário Curica faleceu no dia 12 de maio de 2000, com 102 anos de idade, deixando como fruto de sua sabedoria popular uma coletânea enorme de narrativas orais, que atualmente são consagradas como parte do patrimônio histórico-cultural imaterial de Breves.

Por causa dessa enorme popularidade, o prof. Leonildo Guedes do curso de Pedagogia da UFPA escreveu, em 2002, uma obra intitulada “Mário Curica no Imaginário Popular Brevense”, com registros das estórias bastante interessantes que amigos e familiares recordam até hoje desse carismático cidadão brevense.

Ele já partiu, mas até hoje muita gente lembra com saudades dos bons momentos de prosa e riso que tiveram em companhia dessa personalidade marcante.

De um jeito simples, sem muito dinheiro e bens materiais, Mário Curica deixou sua marca na história de Breves. Ele é sem dúvidas um dos cidadãos mais populares e que de uma maneira bem diferente criou uma referência única na sociedade brevense.

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Ilha de Marajó - PA, Abril de 2014.

Giovanni Salera Júnior

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Giovanni Salera Júnior
Enviado por Giovanni Salera Júnior em 12/04/2014
Reeditado em 17/11/2021
Código do texto: T4766687
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