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HELENO DE FREITAS
(39 anos)
Jogador de Futebol
* São João Nepomuceno, MG (12/02/1920)
+ Barbacena, MG (08/11/1959) - AQUARIO

Heleno de Freitas foi um futebolista brasileiro, considerado o primeiro "craque problema" do futebol brasileiro.
 
Advogado, boêmio, catimbeiro, boa vida, irritadiço, galã, Heleno de Freitas era homem de boa aparência, mas quase intratável. Depois de onze anos jogando futebol, entrou para a história como um dos maiores craques do futebol sul-americano.

Heleno, o craque, o artista da bola, o mito do futebol, o artista das multidões, o craque galã, o diamante branco, a elegância do futebol, são adjetivos, que perfeitamente se enquadram a figura ímpar de um gênio chamado Heleno e alguns desses fazem parte do somatório de homenagens, que ao decorrer dos anos serviram também como meio de imortalizar o grande ídolo. Foi com a bola nos pés, levando a torcida ao delírio que Heleno deixou a marca de sua genialidade, se tornando uma das mais ricas histórias do futebol brasileiro. Seu futebol encantou o mundo e lhe rendeu fantásticas expressões e frases de grande efeito, como a que se encontra na estátua em sua homenagem em Barranquilla na Colômbia "El Jogador".

 
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Advogado, boêmio, catimbeiro, boa vida, arrogante, galã, mas um homem nervoso, quase intratável. Depois de onze anos jogando futebol, Heleno de Freitas entrou para a história como um dos maiores craques do futebol sul-americano. Suas jogadas e gols deslumbraram os torcedores.

Começou em 1934 jogando pelo juvenil do Botafogo, clube que aprendeu a amar, e logo se tornou sócio-atleta. Ainda nos juvenis, teve um rápida passagem pelo Fluminense. Retornou ao Botafogo onde permaneceu até 1948, quando foi contratado pelo Boca Junior da Argentina, onde passou pouco tempo. Quando voltou ao Brasil, vestiu a camisa do Vasco da Gama onde conquistou seu único título de campeão carioca em 1949. Brigou com o treinador Flávio Costa e foi jogar na Liga Pirata da Colômbia. Em 1951 retornou ao Brasil e assinou com o Américacarioca. No clube de Campos Sales somente jogou 35 minutos e foi expulso. Foi também, seu primeiro e único jogo no Maracanã. A partida foi contra o São Cristovão e o América perdeu por 3x1.

Em 1940, ele foi o centroavante botafoguense na excursão ao México e no certame carioca. Pelo mundo, exibiu criatividade, valentia e técnica. Em toda parte, ainda, atiçando o mulherio, os traços das suas beleza, elegância e inteligência. Mulherengo, transava com qualquer raça e classe, alvinegra ou não. No Botafogo, obsessivo, quis incessantemente ser campeão. Mas até 1947, seu último ano no clube, o único título que obteve foi o de bacharel em direito - diploma inútil para Heleno de Freitas, sem afã de advogar, ser delegado de polícia, promotor ou juiz.

Em 1945, pela Seleção, fez o sul-americano no Chile, do qual saiu artilheiro. No ano seguinte, em Buenos Aires, deu show em outro sul-americano. E divergiu do técnico Flávio Costa no vestiário, onde o escrete se refugiara da pancadaria portenha. Apesar das hostilidades, Flávio Costa exigiu a volta ao jogo. O brigão Heleno de Freitas avisou que era temerário, pois talvez saíssem inutilizados. E essa hipótese, acresceu de Heleno de Freitas, não se aplicava a ele, que tinha do que viver, no que foi apoiado pelo ponteiro Chico. Todavia, irredutível, o técnicoimpôs a volta. E não deu outra: pau generalizado. Na briga, os que mais apanharam, e bateram, foram Heleno Chico, o que ficara com a sensata tese do botafoguense no refúgio do vestiário. Assim, o Brasil perdeu no placar e no braço. E o centroavante, coitadinho, ganharia a eterna inimizade do treinador Flávio Costa.
 
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Heleno de Freitas e Dino
Com a fúria com que se portara na Argentina, ficou claro que Heleno de Freitas estava doente. E ninguém sabia que era de Sífilis Cerebral, associada ao gênio difícil. A doença o atritava com cartolas, companheiros, adversários ou juizes, e ao clube eram prejudiciais as expulsões de campo. Pior, a torcida inimiga descobriu como irritá-lo apelidando-o de "Gilda", personagem sensual e neurótica de Rita Hayworth no cinema. Aí, só restou a proposta do Boca Juniors, em 1948: comprá-lo por um punhado de dólares. Isso magoaria o clube e o craque que, como Deus e diabo, se amavam tanto, freudiana e dialeticamente prisioneiro um do outro.

Ainda em 1948, Nilton Santos dava os primeiros passes no Botafogo,  Heleno de Freitas casou com Hilma, filha de diplomata, colega do poeta Vinícius de Moraes. Este, dedicou ao noivo "Poema dos Olhos da Amada" - obra que seria seresta na voz do cantor Sílvio Caldas. Nessa época, entristecido, o futebol do Brasil percebeu que Heleno de Freitas, tão íntimo da bola, jamais se entenderia com os homens.

Heleno de Freitas era quase perfeito em tudo. Nos gols de classe, nas jogadas de alta categoria, e nas cabeçadas maravilhosas. Entretanto, Heleno estava doente e não sabia. A sífilis corroía sua cabeça e isso lhe criava muitos problemas. Às vezes, não entendia os erros dos companheiros que lhe passava uma bola errada. Por isso, brigava com os colegas, xingava os adversários, discutia com os árbitros. Se Heleno de Freitas não fosse um craque maravilhoso, ninguém o suportaria. Foi campeão brasileiro e sul-americano defendendo por muitos anos as seleções cariocas e brasileiras.

Heleno de Freitas ganhou fama e dinheiro. Viveu sempre entre mulheres bonitas e homens inteligentes. Em Buenos Aires, quando jogou pelo Boca Junior, se tornou intimo da família do presidente Peron. No Museu do Esporte, existente na Colômbia, foi erguido um busto em sua homenagem  e as grandes jogadas que tanto encantaram os colombianos.
 
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Rodrigo Santoro revive Heleno de Freitas no filme "Heleno"
Em Buenos Aires, o tormento psíquico afastou-o da mulher grávida. E sem ele o Botafogo ganharia o título de 48. Não aguentando,  Heleno de Freitas foi para oVasco no início de 1949. Em São Januário, fez-se campeão pela única vez na carreira. Viveu em paz até que, num coletivo, saiu de campo esbravejando: "Estes dois (apontou Maneca e Ipojucan) não me passam a bola porque não querem. Aqueles (indicou) não passam porque não sabem. Não tenho nada a fazer aqui". Mais adiante, discutindo com Flávio Costa, apontou uma arma descarregada. Foi o bastante para que o Vasco o liberasse para o Atlético de Barranquilla, da Colômbia, onde jogavam Tim e outros astros.

Heleno de Freitas nunca quis ir ao médico para fazer um exame rigoroso e um tratamento sério da doença que o atormentava. Ele era genioso e quando abandonou o futebol, por insistência de amigos e parentes, foi examinado e constatado sífilis na cabeça em estado bastante adiantado.

Em 1953, a família o internou na mineira cidade de Barbacena, onde um amigo dele era médico numa casa de saúde. No início, o sifilítico embrenhou-se nas trevas insondáveis da loucura. Depois, uma revista o mostraria de pijama, obeso e triste. Por fim, só como um navio sem porto e sem condição mental de pedir um padre, ele morreu em 8 de novembro de 1959 e a imprensa brasileira noticiava a morte Heleno de Freitas.

O enterro aconteceu na sua cidade natal, São João do Nepomuceno, MG. Morreu longe da torcida, dos dirigentes e com companheiros. Entretanto, a cidade chorou a perda do seu filho mais ilustre.
 
"O futebol, fonte das minhas angústias e alegrias, revelou-me Heleno de Freitas, a personalidade mais dramática que conheci nos estádios deste mundo."
(Armando Nogueira)