SOLIDÃO E DESESPERO
Mais um domingo desses onde o tédio domina o dia. Horário de meio dia, me encontro sentado em meu apartamento degustando uma boa refeição, acompanhado de uma taça de vinho tinto. Enquanto aprecio o almoço, lembranças da última viagem que fiz a minha cidade natal Manaus-AM.
Longe a um ano e sete meses, rever meus amigos e pessoas conhecidas me fez refletir sobre muita coisa da minha vida.
Sei o quanto sofri por falta de emprego e reconhecimento em minha área de atuação, e ter vindo pra outro estado sem conhecer absolutamente ninguém, sem indicação ou perspectiva em que rumo minha vida iria tomar em outro estado, e com pouco dinheiro resolví arriscar na sorte.
Em apenas cinco meses eu já estava bem estruturado, com bom emprego, reconhecimento profissional que nunca tive. Apartamento totalmente mobiliado, com direito a vinda dos pais com tudo pago pra conhecerem a nova realidade. Sendo que os mesmos adoraram Brasília e não querem que eu volte nunca mais a morar em Manaus.
A tempos me vejo com o sentimento tomado a solidão profunda, me sentindo como um prisioneiro dentro da própria casa, mas não é por falta de opção. Até tento sair pra destrair, mas em questões de alguns minutos eu acabo retornando pra casa. Sem motivação... Ao ver pessoas sentadas conversando, rindo, trocando ideias e eu lá sozinho comigo mesmo, com o celular na mão bisbilhotando rede sociais, vendo fotos, comentários da noite anterior dos colegas e amigos da cidade natal curtindo bares, reuniões e festas locais.
Toda vez que vejo isso me da um aperto no coração e uma vontade enorme de estar presente. Mas todos nós temos uma escolha, fiz a minha em deixar minha cidade, meus pais e sou filho único. Manaus que tanto amo, que crescí, fez parte da minha história, do meu viver. Mas que nos últimos anos me fez infeliz pelo fato de ser um adulto, ter estudado por quatro anos de minha vida e mais três especializando e não ter emprego. Cansado de enviar curriculum, fazendo bicos e vivendo às custas do dinheiro dos pais.
Hoje a história é totalmente diferente. Vivo minha própria vida, independente. Tendo condições de ter celular de última geração, viagens, shows internacionais, frequentar ótimos restaurantes e bistrôs.
Mas me pergunto: Será que vale a pena tudo isso, ter tudo e ao mesmo tempo não ter nada?
Os últimos dias estão sendo muito dolorosos para mim...
Choro por estar infeliz, vivendo a base de remédios antidepressivos diariamente. Por muito tempo eu achava que eu estava muito bem aqui, que minha vida e meu coração estavam nesta cidade, mas acho que me equivoquei.
Sinto falta dos meus pais, sinto falta dos colegas e amigos, sinto falta da mulher que eu amo que se encontra lá.
Sinto falta da receptividade com o qual eu fui recebido na última viagem. O que eu mais queria era que essa dor fosse embora, mas cada vez mais parece estar se tornando mais difícil.
Já estou quase sem forças pra levar essa pacata vida solitária nesta cidade, mas fica a dúvida e o medo de tomar decisão e no futuro me arrepender por meus atos.
Angústia, estou desesperado encontro-me em um poço de destruição.
Paulo Henrique Oliveira
Brasília, 23 de Março de 2014.