WALY SALOMÃO
WALY DIAS SALOMÃO
WALY DIAS SALOMÃO
(59 anos)
Poeta, Letrista e Produtor Cultural
* Jequié, BA (03/09/1943)
+ Rio de Janeiro, RJ (05/05/2003)
Waly Dias Salomão foi um poeta brasileiro, era filho de mãe baiana e pai sírio, formou-se em Direito pela Universidade Federal da Bahia 1967, mas nunca exerceu a profissão. Cursou a Escola de Teatro da mesma universidade (1963-1964) e estudou inglês na Columbia University, Nova York (1974-1975).
Nos anos 60 teve ligações estreitas com o movimento tropicalista, que tinha representantes como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Tom Zé e o também poetaTorquato Neto. Apesar da ligação, ele nunca se considerou um tropicalista. Foi também uma figura importante da contracultura no Brasil, nos anos 1970, e atuou em diversas áreas da cultura brasileira. Seu primeiro livro foi "Me Segura Qu'eu Vou Dar Um Troço", de 1971. Os poemas presentes no livro de estréia foram escritos durante a temporada na prisão. A diagramação ficou por conta de Hélio Oiticica, de quem Waly Salomão foi muito amigo, chegando a escrever a biografia"Qual É O Parangolé".
Em 1997, ganhou o Prêmio Jabuti de Literatura com o livro de poesia "Algaravias". Seu último livro foi "Pescados Vivos", publicado em 2004, após sua morte.
Waly Salomão (Foto: Zenilton Meira - Agência: A Tarde)
Além de poeta, Waly Salomão também era letrista e produtor cultural. Como letrista, colaborou com diversos artistas, como Caetano Veloso (Talismã), Lulu Santos (Assaltaram a Gramática, sucesso com os Paralamas do Sucesso),Adriana Calcanhotto (Pista de Dança), entre outros. Waly Salomão também é co-autor de "Vapor Barato", de 1968, feita em parceria com Jards Macalé. Suas canções foram interpretadas por Maria Bethânia, Caetano Veloso, Adriana Calcanhotto, Gal Costa, O Rappa, entre outros.
Amigo do poeta Torquato Neto, editou seu único livro, "Os Últimos Dias de Paupéria", lançado postumamente.
Entre os seus trabalhos marcantes está a revista "Navilouca", feita em parceria com o poeta piauiense Torquato Neto, morto em 1972. A revista só teve uma edição lançada, mas bastou para entrar para a história. Na época do lançamento da "Navilouca", ele passou a assinar como Wally Sailormoon, mas o pseudônimo não vingou.
A sua obra reúne livros como "Gigolô de Bibelôs", "Surrupiador de Souvenirs","Algaravias", "Lábia" e "Tarifa de Embarque", lançado em 2000.
Nos anos 1990, Waly Salomão dirigiu dois discos da cantora carioca Cássia Eller:"Veneno AntiMonotonia" (1997) e "Veneno Vivo" (1998).
No cinema, em 2002, Waly Salomão viveu o poeta Gergório de Matos, em filme homônimo da diretora Ana Carolina. No elenco estavam também Rodolfo Bottino, Ruth Escobar,Marília Gabriela, Xuxa Lopes, entre outros. O filme narra a vida do poeta Gregório de Mattos, na Bahia século XVII. Com sua obra, o poeta anuncia o perfil tenso e dividido do povo brasileiro e satiriza os poderosos da época, que passam a combatê-lo até transformar sua vida em um verdadeiro inferno.
Waly Salomão trabalhou no Ministério da Cultura, como Secretário Nacional do Livro e da Leitura, na gestão de Gilberto Gil, no início de seu mandato. Uma de suas propostas era a inclusão de um livro na cesta básica dos brasileiros.
Em março de 2003, Waly Salomão, já ocupando o cargo de Secretário Nacional do Livro e da Leitura, veio a público com o presidente da Fundação Biblioteca Nacional, Pedro Corrêa do Lago, para explicar-se sobre um suposto favorecimento do governo para pagar a tradução espanhola do livro "Algaravias", de sua autoria.
O livro foi incluído no Programa de Apoio à Tradução de Obras de Autores Brasileiros, que concedeu nove bolsas de R$ 15 mil a editores espanhóis para publicar na Espanha autores brasileiros. Segundo Pedro Corrêa do Lago, a aprovação do livro de Waly Salomão se deu na gestão de Eduardo Portela à frente da Biblioteca Nacional, quando Waly Salomão ainda não ocupava o cargo de secretário.
Em entrevista à Istoé Gente, na ocasião do lançamento de "Tarifa de Embarque", questionado sobre "quanto se paga para escrever um livro", Waly Salomãorespondeu, com o tom profético de sempre: "O corpo vira cinza para que o fogo habite as páginas do livro!"
Morte
Waly Salomão morreu na segunda-feira, 05/05/2003, às 7:00 hs, na Clínica São Vicente, Rio de Janeiro, aos 59 anos. Waly Salomão estava internado desde o dia 23/04/2003, morreu em decorrência de um tumor no intestino, com metástase para o fígado. O velório, que aconteceria na capela 8 do Cemitério São João Batista, foi transferido para a Biblioteca Nacional, e ocorreu às 16:00 hs. O corpo de Waly Salomão foi cremado na terça-feira, 06/05/2003, às 9:00 hs, no Cemitério do Caju.