Zózimo Bulbul
 
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ZÓZIMO BULBUL
(75 anos)
Ator, Cineasta e Roteirista
* Rio de Janeiro, RJ (1937)
+ Rio de Janeiro, RJ (24/01/2013)
 
Primeiro ator negro a protagonizar uma novela na televisão brasileira, "Vidas Em Conflito" (1969) na extinta TV Excelsior, onde foi par romântico de Leila Diniz. O escândalo do par fez com que a censura da ditadura militar vetasse a novela. Aproveitando-se da polêmica, o estilista Dener Pamplona convidou Zózimo para desfilar, tornando-o o primeiro modelo de uma grande grife brasileira.
 
"Fui capa de revista, um sucesso! Só que não me conformaria em ser um ator vazio."
(Zózimo Bulbul)
 
Sua carreira começou nas peças do Centro Popular de Cultura da UNE e se encorpou no cinema, no qual se tornou um dos maiores expoentes da cultura afro-brasileira, como fazia questão de ressaltar, nas décadas de 1960 e 70. No cinema, estreou em 1962 em um dos episódios do filme "Cinco Vezes Favela", um dos no marcos do Cinema Novo. Ao longo de 50 anos de carreira, Zózimo Bulbul atuou em mais de 30 filmes, incluindo clássicos como "Terra em Transe", de Glauber Rocha"Compasso de Espera", de Antunes Filho e "Grande Sertão", de Geraldo Santos Pereira.
 
Chacrinha chamava o ator Zózimo Bulbul de "O negro mais bonito do Brasil".
 
Em 1974, estreou como diretor com o curta em preto e branco "Alma no Olho", uma reflexão da identidade negra por meio da linguagem corporal. Zózimoaproveitou os negativos que sobraram do filme de Antunes Filho para rodar seu curta-metragem. Os integrantes da censura achavam que a obra tinha tom"subversivo" e o chamaram para depor. Perguntaram sob ordem de quem ele havia feito filme tão sofisticado, imaginando que chegariam a uma complexa mente comunista. "Sob ordens do amigo e poeta Vinicius de Moraes", respondeu Zózimo.
 
Seu filme mais conhecido, no entanto, é um documentário de 1988 intitulado"Abolição", com entrevistas de personalidades sobre o centenário da abolição.
 
Fundador do Centro Afro Carioca de Cinema que, realizou no final do ano passado6º Encontro de Cinema Negro Brasil/África. Realizou três curtas, cinco medias e um longa-metragem, todos com foco na cultura afro descendente e na luta contra as desigualdades.
 
Em 2010, a convite do governo do Senegal, Zózimo fez o média-metragem"Renascimento Africano", que mostra o país nas comemorações dos 50 anos de independência deste país.
 
Em novembro de 2012, o ator foi homenageado pelos 50 anos de carreira no 6º Encontro de Cinema Negro Brasil, África e Caribe, evento que foi criado por ele.
 
Uma das últimas entrevistas que concedeu foi para o documentário em produção do cineasta americano Spike Lee. Em novembro de 2012, comentou como transcorreu a conversa.
 
"Tinha morado em Nova York quando a ditadura apertou por aqui. Fiz muitos contatos, que sempre me ajudaram na organização dosfestivais de cinema. Spike esteve no Brasil e o único cineasta brasileiro que quis entrevistar foi a mim. Porque ele sabia do meu comprometimento com os irmãos africanos e em fazer com que o cinema seja ferramenta de luta."
 
Zózimo já estava enfraquecido pelo câncer que enfrentava havia alguns anos. Falava com dificuldade. Estava muito atento ao noticiário e enalteceu a figura do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, na condução do julgamento do mensalão.
 
"Que maravilha de atuação. Impôs-se com rigor e inteligência como não se via há muito."
 
Zózimo Bulbul trabalhou até novembro de 2012.
 
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Morte
 
Zózimo Bulbul sofreu um infarto às 9:50 hs de quinta-feira, 24/01/2013, aos 75 anos. Zózimo estava seu apartamento, na praia do Flamengo, ao lado da mulher, Biza Vianna com que era casado havia 30 anos. Ele lutava desde junho de 2012 contra um câncer no colo do intestino.
 
O velório começou às 17:00 hs de quinta-feira, 24/01/2013, na Câmara dos Vereadores do Rio. O enterro será às 12:00 hs de sexta-feira, 25/01/2013, no Cemitério São Francisco Xavier, no Caju, Zona Portuária da cidade.
 
"É um sentimento horrível, horroroso, mas o que existe agora é um grande alívio, pois ele estava sofrendo muito. Tenho a certeza de que ele lutou muito, o tempo todo, e se orgulhava muito de todas as coisas que conquistou em vida. É um guerreiro, um rei africano."
(Biza Vianna, viúva de Zózimo)
 
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Comentários e Notas de Pesar
 
"Minha ficha ainda não caiu. Por enquanto ainda estou reagindo de uma maneira prática a tudo isso. Mas é muito doloroso perder o Zózimo desta maneira. Ele tinha uma força de viver muito grande. Acho que é exatamente isso que está unindo as pessoas neste momento."
(Monalisa Alves, que trabalhava com o diretor no Centro Afrocarioca de Cinema há três anos)
 
 
"Zózimo Bulbul teve uma trajetória fantástica, reconhecida. Mais que um ícone do seu tempo, é alguém que rompe paradigmas, faz o novo e por isso se torna conhecido no Brasil e no exterior. Ele nos deixa o exemplo de quem sempre quis fazer mais e melhor. E fez."
(Marta Suplicy - Ministra da Cultura)
 
 
"Foi contando a história dele que comecei a dirigir. Meu primeiro trabalho no Canal Brasil foi um 'Retratos Brasileiros' sobre ele. Descobri-lo como o primeiro negro protagonista masculino de uma telenovela no Brasil e tantas outras coisas me revelou um novo mundo"
(Lázaro Ramos)
 
"O povo brasileiro tem avançado muito nessa caminhada para construir a igualdade de oportunidades entre negros e não negros, e o Zózimo é um dos protagonistas que vêm de longe lutando contra o racismo e em prol da igualdade. Por isso eu digo que o Brasil ficou hoje menos afro-brasileiro, com uma dor intensa. Mas as futuras gerações conhecerão o trabalho de Zózimo, a riqueza de sua obra e de sua militância."
(Eloi Ferreira de Araujo - Presidente da Fundação Cultural Palmares)
 
"Ele foi o primeiro cara que cunhou esse termo 'cinema negro', com características brasileiras, mas muito africano. Aqui no Brasil ele me colocou em conexão com o cinema mundial. Para mim, é uma perda muito pessoal desse pai do cinema negro, mas que também muitas vezes assumiu o papel de um pai biológico para mim."
 
(Jefferson De - Diretor de "Bróderr" e "5x Favela")
 
 
"Ele não era só um ator de qualidade, mas um ícone da cultura negra, um líder do movimento negro. Tinha uma capacidade imensa de agregar pessoas em torno dele."
(Cacá Diegues)
 
Centro de Articulação de Populações Marginalizadas divulgou nota lamentando a morte do ator e cineasta, um dos contemplados em 2011 na última edição doPrêmio Camélia da Liberdade, concedido pela entidade. De acordo com a nota,Zózimo Bulbul manifestou grande emoção pelo reconhecimento de seu trabalho de luta contra o preconceito.
 
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Carreira
 
Televisão
 
  • 1996 - Xica da Silva
    1994 - Memorial de Maria Moura
    1969 - Vidas em Conflito
 
 
Cinema
 
  • 2005 - As Filhas do Vento
    2004 - O Veneno da Madrugada
    2003 - Oswaldo Cruz - O Médico do Brasil
    2002 - A Selva
    1988 - Natal da Portela
    1987 - Tanga (Deu no New York Times?)
    1984 - Quilombo
    1982 - A Menina e o Estuprador
    1980 - Giselle
    1980 - Parceiros da Aventura
    1978 - A Deusa Negra
    1975 - Ana, a Libertina
    1974 - El Encanto Del Amor Prohibido
    1974 - Brutos Inocentes
    1974 - Pureza Proibida
    1971 - Quando as Mulheres Paqueram
    1970 - A Guerra dos Pelados
    1970 - O Palácio dos Anjos
    1970 - República da Traição
    1969 - O Cangaceiro Sem Deus
    1969 - A Compadecida
    1969 - Em Compasso de Espera
    1968 - O Engano
    1968 - O Homem Nu
    1967 - Terra em Transe
    1967 - Garota de Ipanema
    1967 - El Justicero
    1967 - Proezas de Satanás na Vila do Leva-e-Traz
    1966 - Onde a Terra Começa
    1965 - O Grande Sertão
    1963 - Ganga Zumba
    1962 - Cinco Vezes Favela