Ary Barroso
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ARY DE RESENDE BARROSO
(60 anos)
Compositor e Locutor
* Ubá, MG (07/11/1903)
+ RJ (09/02/1964) - ESCORPIÃO
 
Filho do deputado estadual e promotor público João Evangelista Barroso eAngelina de Resende. Aos oito anos, órfão de pai e mãe, Ary foi adotado pela avó materna, Gabriela Augusta de Resende.
 
Realizou estudos curriculares na Escola Pública Guido Solero, externato mineiro do professor Cícero GalindoGinásio São JoséGinásio Rio BrancoGinásio de ViçosaGinásio de Leopoldina e Ginásio de Cataguases.
 
Estudou teoria, Solfejo e Piano com a Tia Ritinha. Com doze anos já trabalhava como pianista auxiliar no Cinema Ideal, em Ubá. Aos treze anos trabalhou como caixeiro da loja A Brasileira e com quinze anos fez a primeira composição, um Cateretê De Longe.
 
Em 1920, com o falecimento do tio Sabino Barroso, ex-Ministro da Fazenda, recebeu uma herança de 40 contos (milhões de reis). Então, aos 17 anos veio aoRio de Janeiro estudar Direito, ali permanecendo sob a tutela do Dr. Carlos Peixoto.
 
Aprovado no vestibular, ingressa em 1921 na então Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro. A faculdade seria importante na consolidação da veia artística, esportiva e política.
 
Quando calouro, foram colegas de faculdade mais chegados: Luís Gallotti (Jurista, Dirigente Esportivo e posteriormente Ministro do STF), João Lira Filho (Jurista e Professor), Gastão Soares de Moura Filho (Dirigente Esportivo), João Martins de OliveiraNonato CruzOdilon de Azevedo (Ator), Taques HortaAnésio Frota Aguiar (Jurista, Político e Escritor).
 
Adepto da boêmia, é reprovado na faculdade, abandonando os estudos no segundo ano. Suas economias exauriram o que o fez empregar-se como pianista no Cinema Íris, no Largo da Carioca e, mais tarde, na sala de espera do Teatro Carlos Gomes com a orquestra do maestro Sebastião Cirino. Tocou ainda em muitas outra orquestras.
 
Em 1926 retoma os estudos de Direito, sem deixar a atividade de pianista. Dois anos depois é contratado pela orquestra do maestro Spina, de São Paulo, para uma temporada em Santos e Poços de Caldas. Nessa época, Ary resolve dedicar-se à composição. Compõe Amor de MulatoCachorro Quente e Oh! Nina, em parceria com Lamartine Babo, seu contemporâneo na Faculdade de Direito.
 
Em 1929 obtém, finalmente, o bacharelado em Ciências Jurídicas e Sociais. Seu colega de faculdade e grande incentivador, Mário Reis, grava Vou a Penha e Vamos Deixar de Intimidades, que se tornou o primeiro sucesso popular.
 
Nos anos 1930, escreveu as primeiras composições para o teatro musicado carioca. Aquarela do Brasil teve a primeira audição na voz de Araci Cortes e regravada diversas vezes no Brasil e no exterior. Recebeu o diploma da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood pela trilha sonora do longa-metragem Você Já Foi à Bahia? (1944), de Walt Disney.
 
A partir de 1943, manteve durante vários anos o programa A Hora do Calouro, na Rádio Cruzeiro do Sul do Rio de Janeiro, no qual revelou e incentivou novos talentos musicais. Também trabalhou como locutor esportivo (proporcionado momentos inusitados ao sair para comemorar os gols do seu time, o Flamengo). Autor de centenas de composições em estilos variados, como Choro, Xote Marcha,Foxtrote e Samba. Entre outras canções, compôs Tabuleiro da Baiana (1937) e Os Quindins de Yayá (1941), Boneca de Piche, e outras.
 
Durante os a década de 1940 e a década de 1950 compôs vários dos sucessos consagrados por Carmem Miranda no cinema. Ao compor Aquarela do Brasil inaugurou o gênero Samba-Exaltação. 
 
No centenário do compositor Ary Barroso (2003), a Rede STV SESC SENAC foi a única a produzir um documentário especial de 60 minutos sobre a vida deste brasileiro único, intitulado O Brasil Brasileiro de Ary Barroso, com depoimentos de Sérgio Cabral (Biógrafo), Dalila Luciano, Carminha Mascarenhas, Carmélia Alves, Roberto Luna, e a filha de Ary BarrosoMariúza. A direção foi de Dimas Oliveira Junior e produção de WeDo Comunicação.
 
Ary Barroso também era locutor esportivo. Torcedor confesso do Flamengo, torcia descaradamente a favor do rubro-negro nas transmissões que eram feitas pelo rádio. Quando o Flamengo era atacado, ele dizia mensagens do tipo: "Ih, lá vem os inimigos. Eu não quero nem olhar!", se recusando claramente a narrar o gol do adversário. Quando o embate era realizado entre equipes que não fossem o Flamengo, sempre que saía um gol, primeiro ele narrava, e depois tocava uma gaita.