Os meus olhos na minha Lisboa
Lisboa com olhos de menina e tranças ensolaradas amanhece beijando o Tejo, as colinas abrem as janelas com roupa branca ao vento e com flores penduradas em cada olhar.
Lisboa onde os fotógrafos se deleitam em cada fotografia por excelência contando uma história ou descrevendo um ambiente.
Nas tabernas o fado rasga mais um dia na rádio velha e rouca, os ardinas bocejam, as castanhas assadas são denunciadas através do fumo esbranquiçado, esvoaçando no ar. Nos cafés 4 pessoas uma bica, porque a vida não está fácil…os pombos arrulham pelo milho de quem passa, o Tejo calmo observa o flash dos turistas e dá as boas vindas às gaivotas. Gente apressada na correria de mais um dia de trabalho, ou não! Marinheiros, fadistas, varinas, feirantes, atores, poetas, pintores e eu tantas vezes nos cruzamos nestas ruas gastas de lamentos e de boas risadas. A gare assiste ao vai vem destas vidas, o pobre que chora baixinho embrulhado na sua cama de papelão…ah como eu gostaria de dar colo! Penso nisto desalmadamente e não sossego a alma. O castelo saúda o Cristo Rei que abençoa a cidade das 7 colinas. A Sé que olha desmedidamente para a madrugada do cais que não dorme. Hoje com meu rosto fechado passei pela multidão imaginando o pensamento de cada um. Lisboa cidade de bairros, popular, moderna, contemporânea, assim e assado, mas é a Lisboa que amo triste e alegre.