Muitas vezes eu fico em silêncio, em suspiros e gemidos. E  perdida, tenho medo .
Abraço a infância abandonada, durmo na minha adolescência e enfeito o meu funeral com flores.
Deus enxuga as minhas lágrimas, enfeita minha vida. Meu ser esvaindo,  meu infinito delírio, meu divã escondido.
Não deveria  permitir que um passado familiar traumático, pudesse  afetar o meu  presente e interromper meu futuro.
Deveria ser capaz de superá-lo e me curar para ser feliz.

As feridas do convívio familiar, são as que mais me deixam tristes. Um pai que ao chegar bêbado, destruia a imagem do ser que deveria me proteger, me sufoca.
Uma mãe ausente,por motivos justificáveis, gerar renda para o sustento da família,ainda está presente na memória daquela menina (EU)  que muitas vezes ia para casa dos vizinhos, e quando  a mãe se fazia presente usava uma linguagem agressiva, gritos ecoam no silêncio da minha alma.
Sem segurança e afeto, a visão que tenho de mim é a pior possível.
Creio que a dificuldade para resolver os impactos da minha vida, tenha apenas uma explicação, fui magoada muito cedo, quando minha mente ainda em formação teve que administrar tantas angústias.
Vivia sob forte  estresse, e sou grata ao bom Deus por não ter desenvolvido transtornos emocionais graves.Entretanto, me questiono quem sou, pois trago comigo os sobrenomes de pais nocivos. Que não me ajudaram na construção da minha identidade.
Por mais que eu fuja, por mais que eu tente não encontrar com as pessoas que me reportem a eles, estão vivos na minha memória. E não consigo confiar como deveria, nas pessoas. Assim, duvido também de mim, duvido das minhas incoerências.E por vezes acho, que ninguém deveria me amar.
E penso como deverá ser minha vida daqui pra frente.



























 
Leah Ribeiro Pinheiro
Enviado por Leah Ribeiro Pinheiro em 07/11/2013
Reeditado em 10/08/2019
Código do texto: T4561347
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