Filho Caçula!
Estava contente quando saí do bar.Meu filho caçula tinha ido embora.mas era preciso seguir adiante.Tinha conseguido disfarçar a tristeza é verdade.
Mas os filhos eram pessoas estranhas que tinham que pensar neles mesmos e quase sempre pediam ou recusavam ajuda.
Quem sabe ele também estivesse triste e por isso se fechasse no silêncio.
-Aonde você vai? Perguntei-lhe.
-Para longe de você! Respondeu-me.
Ainda bem, pensei.
Mesmo que não mais tivesse alguém para conversar quando não estivesse ocupada com coisas importantes.
Ainda estava em dúvidas quanto a sua decisão. Mas percebi que as decisões eram apenas o começo de alguma coisa.
Uma decisão é mergulhar numa correnteza que levava a pessoa para um lugar que jamais havia sonhado na hora de decidir.
Mas a saudade é tão grande, que fazem a gente se sentir pequeno e permanecer em silêncio. A saudade não passava nunca. Ele já deve ter se acostumado e me esqueceu. Isso é bom. Sei que é sempre necessário partir um dia. E podemos saber tudo porque tudo está escrito. Cada um tem uma maneira de aprender. A maneira dele não é a minha e minha maneira não é a dele, e eu o respeito por isso.
A vida será uma festa, um grande festival, porque ela é sempre e apenas o momento que estamos vivendo. mesmo assim, meu coração não conseguia conter a tristeza, dormia de cansaço, me senti sozinha, e triste desejava que meu filho conseguisse o que desejava. Senão, tentaria ajudá-lo. Eu o mandei tentar. Foi tudo o que eu lhe disse:Vá tentar!
Éramos amigos. Então não tenha medo de nada. Por isso quero que siga em direção ao que quer buscar. Alguns retornam. Eu amo você do jeito que é. por inteiro, com suas qualidades e seus defeitos, e até nas coisas que não concordamos.
Tinha os maiores rompantes de idealismo, dedicado a causas perdidas e paixão intelectual. Mergulhava em abismos de fúria e indignação diante das injustiças sociais e comovia-se com facilidade até as lágrimas com a poesia e a música desde que completa e desinteressada do conforto material.
Isto é brasil, meu anjo (dizia em repentinos ataques de franqueza).
De bem humor ou de mau humor. Às vezes, sombrio e mal humorado, chegava da rua com a cabeça cheia das más influ~encias, das tragédias e das injustiças da realidade.
Com dias, semanas, meses e anos id~enticos, estudava e passava de ano sem problemas, madrugava para trabalhar, sem se queixar e conversávamos tranquilamente sobre namoradas, namoricos e pretendentes.
Por fim, quando fui levá-lo a Porto Alegre, no dia da volta, com um grande abraço e um longo beijo dizendo-lhe que tudo ia dar certo, com um falso sorriso no rosto, entrei no táxi e a caminho da rodoviária, senti as lágrimas quentes correndo pela minha face, incontroláveis...
Até breve...
Eliane Beyer