PARTE II
As águas do pequeno rio subiam confusas
em sua própria represa,
amolhecendo-lhe o âmago antes mesmo
que suas próprias chuvas lhe caírem
como chumbo.
Soubesse que não lhe seria possível
descansar por muito tempo
sob as singelas melodias que lhe
eram ressoadas nos pueris cortejos do início,
e as que frenéticas imantações porvires
de tantos vultos inundariam seu ser
com rútilos devaneios,
talvez se revolvesse ao apagamento
de onde usurpou a vaga insone.
Mas permitiu-se, porque ainda nem se sabia,
sonhar sonhos que viriam a padecer
de vontades impossíveis.
Devastadora revolução houve
quando tudo começou a dissimetrizar
nos primeiros pensamentos independentes.
No alvoroço das palavras paradoxais
que se convergiam a meus líquidos,
vi deuses onipotentes e benevolentes
e heróis invencíveis a flutuarem,
cândidos e vitoriosos,
sobre demônios entenebrecidos e
vilões malfazejos em batalhas
entre o bem e o mal,
exteriorizadas de centros abstrusos,
em verborrágicas salivas dos demais abnorminais.
Era preciso compreender da complexidade
soçobradas aos ventos pelos homens,
que fabricavam tessituras pálidas
com seus ensinamentos decrépitos,
sob os quais se omitiam seus verdadeiros reflexos.
Péricles Alves de Oliveira