PARTE I
Do apagamento insentido, nasceu nua em verso
e carne,
a pequena abnormidade em meio às coisas
vagas
e às ebriedades dos pássaros
catatônicos,
que habitavam o vazio com suas gêneses
espúrias.
Não me lembro se o pouso foi suave sob o orbe
recém-inaugurado,
entre pardos sorrisos de estranhos
vultos
e pueris cortejos com plumas
ao bico.
Mas devo ter amanhecido
primavera
em meio às receptivas flores
artificiais,
cândido de que também meus
choros
já clamavam subsistências a minha
carne,
e de que meus sonos já ruminavam sonhos
inexequíveis.
Foi assim, no atordoar do momento, entre luzes
sonolentas,
ainda despercebido das afiadas lâminas rupestres
do mundo,
que se começava a forjar, incauto, um novo
ego,
em rota misteriosa e alheio às porvindouras (i)racionalidades
sencientes,
e ao imenso poder contido no ainda desconhecido verbo
osgarmático.
Péricles Alves de Oliveira