metais foscos
pedras preciosas
dentro de um sorriso cinzento.
as mãos cansadas se atêm
para escrever o verso da noite
que não vem.
La fora o tempo,
inferno que devora
dias e noites,
como que se vingasse de mim.
sou morto, ignoro o tédio
com minhas palavras:
-ironias do meu silencio;
À batida do violão, versos,
a taça de vinho tinto.
passo batido feito a vida,
umas noites sou sorte,
outras sou azar;
e brilha,
pelas luzes dos postes;
a essa madrugada abstinente
que se arrasta pelo dia,
pelas paredes dedicatórias
apagadas a força,
pelo silêncio,
escuro, alma da própria noite.
devora muda
minhas palavras calmas,
o quarto cheira a café,
mas é a vida
que passa por dentro de mim
feito um filme;
entra de olhos vendados
como a criança
que desenha bonito,
os dias ruins.
e saem pelas mãos
feito metais foscos
que não tem valor
para qualquer um.